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![]() 23/11/2006 - 16h52 Índios brigam com Microsoft por uso de idioma no Windows
SANTIAGO (Reuters) - Os índios chilenos Mapuche estão tentando levar a gigante do software Microsoft à Justiça, em uma batalha legal que levanta a questão sobre se alguém pode "possuir" a língua que fala. A briga começou depois da decisão da Microsoft no mês passado de lançar um pacote do Windows em mapuzugún, uma língua Mapuche falada por cerca de 400 mil indígenas chilenos, a maioria localizada no sul do país. No lançamento do pacote, na cidade de Los Sauces, a Microsoft informou que quer ajudar os Mapuches a entrar na era digital e "abrir uma janela para o resto do mundo poder acessar as riquezas culturais deste povo indígena". Mas líderes tribais Mapuche têm acusado a companhia norte-americana de violar a riqueza cultural e herança coletiva de seu povo ao traduzir o software para o idioma mapuzugún sem autorização deles. Eles chegaram a enviar uma carta ao co-fundador da Microsoft, Bill Gates, acusando a empresa de "pirataria intelectual". "Sentimos que a Microsoft e o Ministério da Educação chileno passaram por cima de nós ao criarem uma comissão (para estudar o assunto) sem nosso consentimento, nossa participação e sem a menor consulta a nós", disse Aucan Huilcaman, um dos líderes Mapuche por trás da ação judicial. "Este não é caminho correto a seguir." A Microsoft não comenta o caso, afirmando que não pode fazer isso enquanto o processo não for legalmente resolvido. A companhia traduziu o Windows para uma dezena de idiomas de indígenas americanos, incluindo mohawk, quechua e inuktitut, mas nunca sofreu tal oposição. Se a História puder ser usada na discussão, a gigante do software pode ter um problema em mãos. Os Mapuche são conhecidos por sua ferocidade e são uma das poucas tribos da América do Sul que conseguiram com sucesso resistir à força do Império Inca e dos conquistadores espanhóis. Os Mapuche levaram o caso a um tribunal da cidade de Temuco no início do mês, mas o juiz local decidiu remeter o processo para Santiago. Um juiz na capital chilena avaliará a validade do caso nas próximas duas semanas. "Se decidirem contra nós, iremos à Suprema Corte e se forem contra nós de novo, levaremos o caso ao tribunal de direitos humanos", disse Lautaro Loncon, ativista Mapuche e coordenador da Rede Indígena, entidade formada por vários grupos étnicos do Chile. Huilcaman disse que o governo chileno, que apoiou o projeto da Microsoft, deveria concentrar-se em fazer o mapuzugún um idioma oficial do Estado, junto com o espanhol. "Caso contrário, tememos que ele corra o risco de sofrer o mesmo destino do latim, falado apenas em universidades", disse ele. O mapuzugún é falado por cerca de dois terços dos Mapuches chilenos, que compõem quatro por cento da população do Chile. |
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