25/06/2007 - 17h08
Especialistas médicos dizem que videogame não vicia 
Por Julie Steenhuysen
Da Reuters, em Chicago
Os médicos norte-americanos abandonaram no domingo uma controversa proposta para designar o vício em videogames como distúrbio mental semelhante ao alcoolismo, alegando que o assunto deveria ser mais estudado por psiquiatras.
Especialistas em vícios também se opuseram fortemente à idéia, em um debate na assembléia anual da Associação Médica Americana.
Eles alegam que mais estudos são necessários antes que o uso excessivo de vídeos e jogos online —problema que afeta cerca de 10% dos jogadores— possa ser considerado doença mental.
"Não existe nada aqui que sugira que se trata de uma enfermidade fisiológica complexa semelhante ao alcoolismo ou a outras formas de abuso de substâncias, e não há justificativa técnica para que a palavra vício seja usada em sua descrição", disse o Dr. Stuart Gitlow, da Sociedade Americana de Medicina do Vício e da Escola de Medicina Mt. Sinai, em Nova York.
Um comitê da influente organização médica propôs que o vício em videogames fosse categorizado como distúrbio mental no guia de diagnósticos e estatísticas de doenças mentais da Associação Americana de Psiquiatria para orientar o diagnóstico de enfermidades mentais.
Caso a proposta fosse aprovada, isso facilitaria a cobertura do vício em videogames como doença pelos planos de saúde.
Mesmo antes que começasse o debate sobre o assunto, o comitê que havia apresentado a proposta decidiu retirá-la e, em lugar disso, recomendou que a Associação Americana de Psiquiatria considere a possibilidade dessa mudança na próxima revisão de seu manual de diagnóstico, dentro de cinco anos.
A organização psiquiátrica afirmou que, caso a ciência justifique a alteração, ela seria considerada para inclusão na próxima revisão do manual, a ser publicada em 2012.
Embora o uso ocasional de videogames seja inofensivo e possa até ajudar em problemas como o autismo, médicos dizem que, em casos extremos, eles podem interferir com necessidades cotidianas como o trabalho, a higiene ou até a alimentação.