Por Taís Fuoco
SÃO PAULO (Reuters) - O atraso na assinatura dos contratos de terceira geração de celular pelo governo restringiu a estréia da TIM nessa tecnologia. Apesar de ter investido cerca de 1,3 bilhão de reais na compra de licenças para oferecer a nova geração em todo o Brasil, a companhia anunciou nesta quarta-feira a estréia apenas em seis capitais.
Os serviços 3G da TIM foram lançados em Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Recife e Salvador. A estréia nessas cidades aconteceu porque a operadora já tinha faixas ociosas na frequência de 850 MHz, que permite que serviços de terceira geração sejam oferecidos.
Para o presidente da TIM, Mario Cesar de Araújo, o fato da Claro ter podido utilizar faixas ociosas de frequência já em novembro do ano passado foi uma vantagem para a sua rival. A companhia de controle mexicano figura como a primeira colocada em participação de mercado em oito áreas metropolitanas do país, segundo uma pesquisa do Morgan Stanley realizada em fevereiro. A TIM, segundo a pesquisa, teve sua participação reduzida para 24 por cento do total nessas regiões, ante 27 por cento que tinha um ano antes.
Araújo disse ainda não ter visto a pesquisa, mas afirmou que "possivelmente a Claro se beneficiou disso". Para ele, houve "uma assimetria regulatória" que permitiu que a Claro lançasse a terceira geração antes mesmo da realização do leilão oficial.
A licitação de frequências reservadas ao uso de serviços 3G foi realizada em dezembro passado e o governo vendeu licenças em 2,1 gigahertz em todo o Brasil. Mas o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu verificar os contratos, o que acabou forçando um adiamento das assinaturas pela Anatel e operadoras, que deveria ter ocorrido dia 10 deste mês.
A companhia de origem italiana também teve de adiar o início da campanha publicitária, que já estava pronta para ser veiculada em todo o país. "Isso quebrou as nossas pernas porque não vamos anunciar algo que ainda não está à venda. Isso complicou um pouco as coisas", disse o presidente da TIM, em encontro com a imprensa.
De acordo com o executivo, logo após a assinatura, os serviços 3G da TIM começarão a ser vendidos em São Paulo e Rio de Janeiro e, até o final do ano, "em todas as capitais e nas maiores cidades". A expectativa é que o TCU libere os contratos para a Anatel ainda este mês e que a assinatura dos termos aconteça em maio.
O atraso fará com que a operadora também perca o Dia das Mães, uma das datas mais fortes para o comércio, na oferta da nova geração. "Os pais é que vão ter celular 3G", disse o executivo.
A operadora informou ter a expectativa de que, ao longo deste ano, 10 por cento das novas adições sejam vinculadas à nova geração. Entre os novos serviços a serem oferecidos estão banda larga móvel, programas de TV no celular, jogos e videochamada. Os produtos fazem parte do plano de investimento de 7,2 bilhões de reais da companhia no triênio 2008-2010.