Os bastidores de uma descoberta histórica

European Southern Observatory/AFP

Estou muito feliz em informar que pela primeira vez nós vimos o que pensávamos ser invisível

Shep Doeleman
diretor responsável pelo telescópio Event Horizon
Chip Somodevilla/Getty Images/AFP

Quem descobriu?

A primeira foto real de um buraco negro ocorreu graças ao Event Horizon, um projeto com mais de 200 pesquisadores. Oito telescópios espalhados pelo mundo foram usados para formar a imagem inédita. A união dessas imagens é tão potente que o telescópio poderia ler um jornal aberto em Paris a partir de Nova York
C. Pontoni/ESO

Este feito não teria sido possível sem ela

A cientista Katie Bouman, de 29 anos, liderou a criação de um algoritmo que permitiu aos demais estudiosos capturarem a imagem do buraco negro pela primeira vez. Segundo ela, "fotografar" um buraco negro é um longo processo, que inclui usar complexas fórmulas matemáticas e lidar com ruídos vindos do espaço
Reprodução/Twitter/MIT

Observando incrédula a primeira imagem que eu já fiz de um buraco negro durante o processo de reconstituição (da imagem)

Katie Bouman
doutora em engenharia elétrica e ciência da computação pelo MIT e professora visitante no Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia
Reprodução/Facebook

Esta imagem confirma claramente os modelos de buracos negros em rotação. Observamos exatamente o que havíamos previsto. Isto nos deixa satisfeitos

Frédéric Gueth
pesquisador do Institut de Radioastronomie Millimétrique (IRAM) da França
Jeenah Moon/Reuters

O que é um buraco negro?

Segundo a teoria da relatividade de Einstein, publicada em 1915, é um objeto com um campo gravitacional tão incrível que nada, nem a luz, consegue escapar

O que você está vendo?

O buraco negro é invísivel. A imagem mostra o contraste entre o buraco negro e a matéria gasosa,brilhante e quente, feita de restos de estrelas decompostas que o rodeia. Esse contraste foi batizado de horizonte de eventos
European Southern Observatory/AFP

Uma foto é a prova definitiva da existência dos buracos negros

Jean-Pierre Luminet
astrofísico francês e autor da primeira simulação numérica de um buraco negro em 1979
Divulgação

É extraordinário que a imagem que observamos seja tão semelhante àquela que obtemos de nossos cálculos teóricos. Até agora, parece que Einstein acertou de novo

Ziri Younsi
pesquisador da University College London
Compare uma simulação no computador que usa a teoria de Einstein sobre buracos negros com a imagem real do fenônemo. A semelhança é impressionante!
Andrew Chael
A imagem também surpreendeu pela semelhança com aquilo que físicos (e diretores de Hollywood) imaginaram dos buracos negros. "A imagem em 'Interestelar' (abaixo) é quase correta", disse Kazunori Akiyama, pesquisador do Observatório Haystack, do MIT
Reprodução

A descoberta em números

  • Fica no centro da galáxia Messier 87, ou M87, a 500 quintilhões de quilômetros da Terra;


  • Sua massa é 6,5 bilhões de vezes maior que a do nosso Sol;


  • Mede 40 bilhões de quilômetros de diâmetro, três milhões de vezes o tamanho da Terra
  • Jin Liwang/Xinhua

    O que vão fazer com essa descoberta?

    A imagem confirma os modelos teóricos. Agora, o próximo passo será definir a densidade exata da matéria que rodeia o buraco negro, para compreender melhor o campo magnético. Isso é fundamental para decifrar a dinâmica do buraco negro... e a natureza do espaço e do tempo e, finalmente, da nossa existência. Ainda segue intrigante a questão do que acontece quando um objeto entra no buraco negro.
    Nasa/CXC/M. Weiss
    Mas quem mandou bem mesmo foi Einstein, que conseguiu prever tudo isso em 1915! "[A descoberta] era algo previsto pela relatividade geral de Einstein que nunca vimos antes", explicou o presidente do conselho do Event Horizon, Heino Falcke
    Pixabay
    Publicado em 10 de abril de 2019.
    Texto e escolha de imagens: Márcio Padrão.

    Edição: Fabiana Uchinaka