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Relembre as desculpas de Mark Zuckerberg por erros do Facebook

Mark Zuckerberg, criador e chefão do Facebook, está acostumado a se desculpar pelas falhas da rede social. - Lluis Gene/AFP
Mark Zuckerberg, criador e chefão do Facebook, está acostumado a se desculpar pelas falhas da rede social. Imagem: Lluis Gene/AFP

Do UOL, em São Paulo

21/03/2018 18h39

Hoje (21), o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg mais uma vez teve que dar explicações sobre problemas na rede social, o escândalo de vazamento de dados de 50 milhões de perfis pela Cambridge Analytica. Zuckerberg disse: "eu comecei o Facebook, e no fim do dia, eu sou responsável pelo que acontece em nossa plataforma. Eu falo sério sobre fazer o que for preciso para proteger a comunidade".

"Temos a responsabilidade de proteger seus dados, e se nós não podemos então não merecemos servir vocês. Eu tenho trabalhado em entender exatamente o que aconteceu e em como garantir que isso não aconteça de novo. A boa notícia é que as ações mais importantes para prevenir que isso aconteça de novo hoje, nós já tomamos anos atrás. Mas nós também cometemos erros, há mais para ser feito, e nós precisamos ir adiante com isso".

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Você pode ver a declaração completa de Zuckerberg, onde ele explica em detalhes o que aconteceu e o que o Facebook vai fazer para impedir novos vazamentos desse tipo, clicando neste link.

Nem sempre foi assim

Essa não foi uma declaração típica de Mark Zuckerberg. O criador do Facebook tem fama de não assumir a responsabilidade sobre os erros de sua rede social. Desde os tempos do Facemash até hoje, o executivo já passou por uma dúzia de situações do tipo.

Relembre as vezes em que isso aconteceu e as desculpas que Zuckerberg deu em cada ocasião.

  • Janeiro de 2018: "O Facebook tem muito trabalho para fazer"

    Todo começo de ano, Zuckerberg anuncia um objetivo para o ano, envolvendo uma meta pessoal como só comer carne de animais que ele mesmo matou ou ler um livro novo por semana. Para 2018, ele decidiu focar nos problemas da empresa.

    "O mundo está ansioso e dividido, e o Facebook tem muito trabalho para fazer - seja protegendo nossa comunidade de abuso e de ódio, se defendendo da interferência de estados, ou garantindo que o tempo gasto no Facebook seja bem gasto", disse Mark.

    "Meu desafio pessoal para 2018 é focar em corrigir essas questões importantes. Não vamos prevenir todos os erros e abusos, mas atualmente cometemos muitos erros ao aplicar nossas políticas e impedir o uso indevido de nossas ferramentas".

  • Outubro de 2017: "Sinto muito por qualquer um que se ofendeu"

    Depois da passagem do furacão Maria por Porto Rico, Zuckerberg fez uma transmissão usando o app de realidade virtual do Facebook, onde ele e um colega se teleportavam para testemunhar o estrago causado pelo furacão. Claro que isso resultou em críticas ao criador do Facebook, que respondeu dizendo que o objetivo do vídeo era mostrar o potencial da realidade virtual para aumentar a empatia das pessoas.

    "Lendo alguns dos comentários, eu percebi que isso não ficou claro, e sinto muito por qualquer um que se ofendeu".

  • Setembro de 2017: "Eu peço perdão e vamos trabalhar para melhorar"

    No último dia do Yom Kippur, o "dia do perdão", uma das datas mais importantes do judaísmo, Zuckerberg se desculpou em uma publicação bastante pessoal no Facebook. "Para todos que eu machuquei neste ano, eu peço perdão e tentarei ser melhor. Por todas as formas que meu trabalho serviu para dividir as pessoas ao invés de aproximá-las, eu peço perdão e eu vou trabalhar para fazer melhor".

  • Setembro de 2017: "Essa questão é importante demais para desdenhar"

    Após o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que o Facebook sempre o perseguia, Zuckerberg apontou que tanto Trump quanto seus críticos estarem bravos com a rede social era uma prova de que o Facebook promovia a liberdade de expressão. Ele apontou momentos em que a rede social teve um impacto positivo nas eleições dos EUA em 2016 e que seu papel foi mal interpretado pela mídia. Ele reconsiderou o que disse meses antes, sobre o impacto das "fake news" nas eleições ser "loucura". "Essa questão é importante demais para desdenhar. Chamar isso de loucura foi desdenhoso e me arrependo disso".

  • Fevereiro de 2017: "Geralmente concordo com quem nos critica"

    Três meses após a eleição presidencial nos EUA, Zuckerberg publicou um textão com 5 mil palavras no Facebook. Sem nunca mencionar Trump pelo nome, o chefe do Facebook disse que sua empresa estava sobrecarregada por monitorar seu conteúdo em várias frentes. "Vimos isso ao classificar erroneamente o discurso do ódio em debates políticos em ambas as direções", disse Zuckerberg.

    "Tanto o número de questões quanto sua importância cultural aumentaram recentemente", continuou. "E isso é duro para mim porque eu geralmente concordo com quem nos critica quando cometemos erros".

  • Novembro de 2016: "Fake news no Facebook influenciar as eleições é loucura"

    Dias depois da eleição de Donald Trump nos EUA, Mark Zuckerberg rejeitou a ideia de que o Facebook tivesse influenciado o resultado das eleições. "Pessoalmente, eu acho que a ideia de que 'fake news' no Facebook, que é uma pequena porção de conteúdo, influenciem uma eleição de qualquer forma é uma ideia muito louca". Mark disse também que "as pessoas são espertas e entendem o que é importante para elas".

  • Setembro de 2010: "Acho que cresci e aprendi bastante"

    Depois do Silicon Valley Informer publicar mensagens antigas e polêmicas de Zuckerberg, na qual ele chamava os primeiros usuários do Facebook de "burros fodidos" por confiarem suas informações para ele, o executivo deu uma entrevista a New Yorker onde se desculpou por ser imaturo no passado, mas que não achava certo ser julgado pelas declarações infantis.

    "Se você vai construir um serviço que seja influente e que muitas pessoas confiem, você precisa ser maduro, né? Eu acho que cresci e aprendi bastante".

  • Maio de 2010: "Continuamos criando, continuamos ouvindo"

    Falando novamente sobre acusações de violação de privacidade e de fornecer os perfis dos usuários para agências de propaganda, Mark escreveu um editorial no Washington Post, dizendo que o Facebook "passou da linha" mas que seu objetivo era deixar o mundo um lugar mais aberto.

    "Facebook foi de um projeto de dormitório da faculdade para uma rede social global que conecta milhões de pessoas. Nós continuamos criando, continuamos ouvindo e vamos conversar com qualquer um que queira compartilhar ideias".

  • Dezembro de 2007: "As pessoas devem ser capazes de escolher o que dividir"

    Para monetizar os 50 milhões de usuários que tinha no final de 2007, o Facebook lançou o Beacon, ferramenta que informava aos seus amigos sobre as suas atividades em outros sites, como Epicurious, Fandango e Overstock, sem pedir permissão e sem deixar você sair fora. Claro que deu confusão.

    O Facebook teve que fazer mudanças no Beacon e Zuckerberg fez um textão para se desculpar. "Fizemos um trabalho ruim com esse lançamento e peço desculpas por isso". O Beacon foi desativado dois anos depois, mas ainda é motivo para processos contra a empresa nos EUA.

  • Setembro de 2006: "Se acalme e respire. Nós ouvimos você"

    Pouco depois do Facebook ser aberto para o público em geral, a rede social ganhou o recurso de News Feed, que agregava as atividades dos amigos de cada membro da rede. Alguns usuários não se sentiam confortáveis com o feed de notícias sobre suas vidas e, falando com essa turma, Zuckerberg publicou: "Se acalme. Respire. Nós ouvimos você" e explicou que estavam trabalhando para garantir a privacidadeo do serviço.

    Alguns dias depois, ele disse que "nós realmente fizemos uma bagunça com isso". Mark insistiu que o Facebook sempre foi sobre dar às pessoas controle sobre as suas informações mas que "de algum jeito nós perdemos o ponto com o NewS Feed e não fizemos os controles de privacidade adequados logo de cara".
    "Esse foi um grande erro de nossa parte, e eu peço desculpas por isso".

  • Novembro de 2003: "Não foi assim que eu imaginei"

    Três meses antes de lançar o TheFacebook.com, Mark Zuckerberg criou o Facemash em seu dormitório em Harvard. Era um site onde o usuário avaliava rapidamente fotos de outros colegas da faculdade. As fotos foram baixadas pelo jovem Zuckerberg de várias fontes dentro do campus, o que provocou muitas queixas sobre invasão de privacidade. Meia hora depois do site ser lançado internamente e estourar de acessos, ele foi derrubado.

    "Não vejo como colocar o site no ar novamente", disse Zuckerberg ao jornal da universidade. "Questões sobre a violação da privacidade das pessoas não parecem ser superáveis. Eu não quero correr o risco de magoar alguém". Ele enviou uma carta aos colegas de Harvard dizendo que "não foi assim que eu imaginei que as coisas seriam e peço desculpas por qualquer dano causado pela minha negligência em considerar quão rápido o site se espalharia. Eu definitivamente vejo como minhas intenções podem parecer erradas vistas pela luz errada".