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Startup de inteligência artificial quer ensinar robôs de fábrica a pensar

Com acesso a fábricas de empresas como Toyota, a Preferred Networks usará esses dados para ensinar sua inteligência artificial - Getty Images/iStockphoto
Com acesso a fábricas de empresas como Toyota, a Preferred Networks usará esses dados para ensinar sua inteligência artificial Imagem: Getty Images/iStockphoto

Pavel Alpeyev

18/05/2018 11h31

A japonesa Preferred Networks tem apenas um produto disponível publicamente, um aplicativo extravagante que usa inteligência artificial para automatizar a coloração de desenhos animados de mangá.

No entanto, a empresa de quatro anos se tornou a startup mais valiosa do Japão, com um financiamento de capital de risco que lhe conferiu o valor de mais de US$ 2 bilhões, segundo pessoas a par do assunto.

A Toyota Motor, sua maior financiadora, entregou-lhe US$ 110 milhões apostando que seus algoritmos vão ajudá-la a competir com o Google no campo de carros sem motorista. Em fevereiro, o primeiro-ministro Shinzo Abe posou para fotos com os dois jovens fundadores da empresa em seu gabinete, onde eles receberam um prêmio por empreendimentos novos e promissores.

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O que diferencia a Preferred Networks das centenas de outras startups de inteligência artificial é seu vínculo com o poder de fabricação do Japão. Algoritmos de aprendizagem profunda dependem de dados, e a startup está envolvida com alguns dos dados mais raros do planeta. Seus acordos com a Toyota e a Fanuc, maior fabricante mundial de robôs industriais, lhe dão acesso às principais fábricas do mundo.

Enquanto o Google usou seu mecanismo de busca para se tornar uma superpotência de inteligência artificial e o Facebook explorou sua rede social, a Preferred Networks tem a oportunidade de analisar, e potencialmente melhorar, a forma como praticamente tudo é feito.

"Existem muitas promessas para a aprendizagem profunda no campo da fabricação ", disse Yutaka Matsuo, cientista da computação da Universidade de Tóquio e presidente da Associação de Aprendizagem Profunda do Japão.

Os fundadores Daisuke Okanohara e Toru Nishikawa se conheceram na Universidade de Tóquio, onde estudaram ciência da computação no início dos anos 2000. Okanohara, um engenheiro cujo trabalho em algo chamado classificação de texto com reconhecimento de contexto lhe rendeu um prêmio de "supercriador" do Ministério do Comércio em 2004, dirige a pesquisa da empresa.

Nishikawa é o presidente e a cara da empresa. Aos 35 anos, ele diz que sua fascinação por computadores começou na escola primária. Na 8ª série, ele carregava um laptop primitivo do tamanho de uma bateria de carro para todos os lugares. Ele dizia aos professores que era para fazer anotações, mas na verdade ele estava escrevendo programas.

Nishikawa concedeu a entrevista na sede da empresa em Tóquio, uma coleção monótona de salas de reuniões em um prédio de escritórios antigo que seria mais adequado para uma companhia de seguros em dificuldades. Um punhado de robôs industriais, usados em experimentos, compartilham o espaço com cerca de 140 engenheiros. A empresa também tem um dos supercomputadores mais poderosos do Japão, embora sua localização exata seja secreta.

"Sempre aparecem pessoas com novos planos de escritório para a gente", disse Nishikawa com uma risada. "Mas, se eu fosse gastar esse dinheiro, preferiria comprar mais clusters de computação."

Em entrevistas separadas, os fundadores falaram sobre tudo, desde a infância até as ambições no campo da inteligência artificial. Um assunto sobre o qual eles não entraram em detalhes foi o trabalho para parceiros como a Toyota ou a Fanuc, para quem a companhia se tornou uma espécie de braço terceirizado de pesquisa sobre inteligência artificial.

--Com a colaboração de Yuki Furukawa .