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Patinetes elétricas são revolucionárias, mas as consequências podem ser sangrentas

Parecem inofensivas, mas muitos acidentes foram registrados com as patinetes elétricas - Getty Images
Parecem inofensivas, mas muitos acidentes foram registrados com as patinetes elétricas Imagem: Getty Images

Olivia Carville

10/11/2018 04h00

Um processo que tem como alvo as empresas de compartilhamento de patinetes elétricas se baseia nos perigos de rodar pela cidade em duas rodas e traz detalhes sangrentos sobre uma das tendências tecnológicas mais polarizadoras que surgiram no ano passado.

Nove pessoas que se machucaram com patinetes elétricas entraram com a ação coletiva em 19 de outubro no Tribunal Superior do Condado de Los Angeles. O processo acusa as startups Bird Rides e Lime - assim como as fabricantes Xiaomi e Segway - de negligência grave, alegando que as companhias sabiam que as patinetes eram perigosas e as implantaram de uma maneira que certamente causaria ferimentos.

Desde que as patinetes elétricas se alastraram pelos EUA em setembro do ano passado com a chegada da Bird, centenas de usuários e pedestres foram parar no hospital com ferimentos que variaram desde pele severamente ralada a dentes quebrados, unhas arrancadas e bíceps deslocados, segundo médicos e vítimas.

No mês passado, três pessoas morreram enquanto andavam de patinete em Dallas, em Cleveland e em Washington.

Não há registro oficial sobre o número de lesões relacionadas a patinetes no país, porque os hospitais classificam seus pacientes com base no tipo de lesão com que são admitidos, não com base na causa da lesão. No entanto, um indicador que Bird e Lime têm monitorado de perto é o número de voltas dadas por suas patinetes: mais de 20 milhões ao todo - e esse número cresce todos os dias.

As patinetes elétricas apareceram em mais de 100 cidades em todo o mundo com as startups que pretendiam dar vazão a uma nova era ecológica de transporte individual. Depois de uma notável ascensão em um ano, Bird e Lime são hoje duas das startups mais jovens a conquistar status de unicórnio no Vale do Silício, com valor de US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões ou mais, respectivamente.

De acordo com o processo, dois dos queixosos se feriram por terem tropeçado em patinetes deixadas na calçada, quatro foram atropelados por trás enquanto caminhavam, incluindo um menino de 7 anos que sofreu danos graves em oito de seus dentes da frente e precisou que seu lábio fosse costurado.

"Essas empresas estão colocando o lucro acima da segurança", disse Catherine Lerer, advogada de danos corporais da McGee Lerer que representa os demandantes, em uma entrevista para o podcast Decrypted, da Bloomberg.

Bird e Lime afirmam que a segurança é uma prioridade importante. Mas, de seu ponto de vista, os carros são o verdadeiro perigo do transporte.

"Advogados de ação coletiva com um interesse real em melhorar a segurança do transporte deveriam se concentrar em reduzir as 40.000 mortes causadas por carros todos os anos nos EUA", disse um porta-voz da Bird em uma declaração por escrito.

A Lime afirmou que não podia comentar sobre litígios pendentes, mas, em uma entrevista ao podcast Decrypt, da Bloomberg, Taylor Bennett, diretor de assuntos públicos, disse que a Lime atualizou suas patinetes com novos recursos de segurança três vezes no ano passado.

A versão mais recente tem pneus maiores para cruzar buracos, freios na roda traseira para evitar que os passageiros se choquem contra o guidão e suspensão dupla. A empresa também está distribuindo 250.000 capacetes para seus usuários.