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Familiares de 3 vítimas da boate Pulse processam Google, Facebook e Twitter

Familiares acusam sites de terem fornecido "apoio material" ao EI - John Macdougall/AFP
Familiares acusam sites de terem fornecido "apoio material" ao EI Imagem: John Macdougall/AFP

20/12/2016 21h36

Os familiares de três das 49 vítimas do massacre na boate Pulse, em Orlando, nos Estados Unidos, apresentaram uma ação civil federal contra o Google, o Facebook e o Twitter, por supostamente terem fornecido "apoio material" ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que inspirou o massacre.

A ação civil foi apresentada na segunda-feira pelo advogado Keith Altman na Corte Federal do Leste de Michigan em nome dos familiares de Tevin Eugene Crosby (25), Juan Ramón Guerrero (22) e Javier Jorge Reyes (40), que morreram durante o massacre na boate Pulse, no coração de Orlando, cometido pelo americano de origem afegã Omar Mateen no dia 12 de junho.

O documento de 51 páginas, ao qual a Agência Efe teve acesso nesta terça-feira, indica que o Google, o Facebook e o Twitter "disponibilizam ao grupo terrorista Estado Islâmico, por anos e irresponsavelmente, ferramentas para disseminar propaganda extremista, arrecadar fundos e atrair novos recrutas através de contas em suas redes sociais".

Na ação, os familiares de Crosby, Guerrero e Reyes, moradores dos estados de Michigan, Carolina do Norte e Flórida, respectivamente, explicam que o Google, o Facebook e "especialmente" o Twitter serviram de canais para o massacre na boate Pulse, uma casa noturna destinada ao público gay que era considerada um refúgio pela comunidade LGBTI da Flórida Central.

"Entre os fatores que contribuíram para a tragédia (está que) Mateen foi radicalizado em parte pela propaganda do EI, difundida nas plataformas (sociais) dos acusados".

Durante uma conversa com um agente da polícia de Orlando, através da linha de emergência 911, e pouco antes de ser alvejado pelos agentes, Mateen, de 29 anos, jurou lealdade a Abu Bakr al Bagdadi e ao EI, em cujo nome cometeu o massacre.

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"As companhias de mídias sociais continuam permitindo que os grupos terroristas operem (em suas plataformas) apesar de existirem passos que poderiam dar para minimizar e conter esses grupos", explicou na ação Altman, advogado das famílias querelantes.

"Os acusados não apenas deixam que grupos terroristas como o EI usem suas plataformas para oferecer propaganda e planejar seus ataques, mas, além disso, se beneficiam disso", acrescentou Altman no texto da ação, segundo os documentos oficiais apresentados ontem.

A queixa judicial incorpora em seus documentos dezenas de fotografias e links das atividades do EI como evidência contra as mídias sociais que são alvo do processo, assim como comentários feitos em setembro de 2014 por Un Wexler, porta-voz do Twitter, nos quais diz, entre outras coisas, que os usuários dessa rede social no mundo todo enviam aproximadamente 500 milhões de tweets a cada dia e que a companhia "não os monitora ativamente".

A ação solicita que o tribunal considere o Google, o Facebook e o Twitter civilmente responsáveis de violar as leis, ao ponto de cometerem um ato de terrorismo internacional "com pleno conhecimento, de propósito ou com cegueira deliberada...".

A ação também pede uma compensação monetária para os familiares de Crosby, Reyes e Guerrero, mas não determina o montante.