Topo

Google e Microsoft melhoram busca com resultados contextuais; entenda as mudanças

David Pogue

29/05/2012 14h00

Vocês frangotes metidos podem não se lembrar, mas as bibliotecas tinham algo chamado fichas catalográficas. A ficha de cada livro lhe dizia em que prateleira se encontrava o volume correspondente. Você tinha que buscá-lo a pé. 

Atualmente, você procura por um livro na tela de computador da biblioteca, mas normalmente você precisa buscá-lo a pé. 

Até recentemente, nós tínhamos a mesma situação nas buscas na Internet. Você podia procurar por uma página de Internet usando o Google ou Bing, mas ainda tinha que ir buscá-la. 

Mas isso está prestes a mudar. Nas duas últimas semanas, tanto o Google quanto a Microsoft adicionaram novas funções que tentam poupar você da última etapa. Agora, quando você realiza uma busca no Google.com ou no Bing.com, você não obtém apenas uma lista de páginas de Internet que correspondem à sua busca. À direita, onde a página dos resultados de busca costumava ficar vazia, você vê informação de fato sobre o tema de sua busca, cuidadosamente organizada em um novo painel conciso e atraente. 

A Microsoft chama esse painel de Snapshot (instantâneo). O Google o chama de Knowledge Graph (gráfico de conhecimento), apesar de não parecer e nem funcionar como um gráfico. Em ambos os casos, você recebe este painel “Esta é a informação que o senhor desejava, mestre?” apenas quando busca por pessoas, locais e coisas bem conhecidas. 

Resultados da Wikipedia no Google

No Google, por exemplo, o painel do Graph exibe um minúsculo dossiê –geralmente extraído da Wikipédia– quando você realiza uma busca por uma pessoa conhecida como Martha Stewart, Benjamin Franklin, Barney o Dinossauro ou James Cameron. Você recebe uma descrição resumida, data de nascimento e morte, cônjuge e filhos, prêmios, formação, obras mais conhecidas (livros ou filmes, por exemplo) e a mais recente postagem Google Plus, se a pessoa tiver uma conta Google Plus. (Benjamin Franklin, Barney e James Cameron não têm.) 

Você obtém painéis semelhantes quando busca por um título de filme (data de lançamento, diretor, compositor, roteiro, prêmios, elenco); título de livro (data, autor, personagens, gênero, sequências); banda (datas de atividade, Estado de origem, integrantes, gravadoras, lista de canções e de álbuns); nomes de cidade, Estado e país (mapa, área, hora local, população, pontos de interesse); astros de cinema (a biografia habitual mais patrimônio líquido). Assim como pontos de referência, times esportivos, obras-primas artísticas e corpos celestes. 

A informação é extraída da Wikipédia, CIAWorld Factbook, Freebase e Google Books. O Google diz que ao todo, o banco de dados do Graph contém informação para 500 milhões de verbetes. 

Pode parecer muito. Mas o Google está correto ao descrever o Graph atual como um “passo de bebê”. Por exemplo, o painel não aparece quando você procura por hotéis, restaurantes, empresas, eventos ou personagens de ficção como Odisseu e Papai Noel. (Nossa, será que arruinei o sonho de milhões de crianças? É verdade, crianças – Odisseu não existe.) 

  • Reprodução

    Mecanismo do Google traz resultados e pequena biografia ao lado direito de personalidades

Quando aparece, o painel Graph serve dois outros propósitos bastante úteis. Primeiro, ele aparece quando você procura por algo que tem múltiplos significados, como “peanuts” (o amendoim ou a tira de história em quadrinhos?), “Chicago” (a cidade ou a banda?) ou “pogue” (o colunista iconoclasta de tecnologia ou a banda de rock irlandesa?). 

Segundo, a parte inferior do painel revela que outras buscas semelhantes podem interessar a você, com base no comportamento de busca de outros usuários do Google. Se você estiver procurando por um programa humorístico de sucesso na TV, essa função pode indicar outros que você poderia gostar. 

Bing: busca com contexto e social

A Microsoft deve introduzir sua função Snapshot semelhante na quinta-feira. Pode levar umas duas semanas antes que todo mundo possa vê-la. 

Aqui também, o painel Snapshot aparece à direita da lista padrão de resultados de busca. É como o Graph do Google, mas com um foco diferente: ele aparece apenas quando você está tentando gastar dinheiro. Ele aparece para restaurantes (horários, avaliações, links para reservas); filmes (trailer, duração, avaliação, trama, links para críticas, diretor e elenco); hotéis, eventos, bandas e assim por diante. 

Quando o Bing não tem um painel Snapshot para oferecer, ele preenche o mesmo espaço com anúncios. Isso é um pouco de maldade, na verdade. Eles fazem com que você se habitue a procurar no meio da página pelo Snapshot –mas na maioria das vezes, tudo o que você tem é uma pilha de anúncios. É como uma meia de Natal contendo 50 ímãs de geladeira promovendo um dentista local. 

Mesmo assim, você deveria experimentar usar o Bing em vez do Google por alguns dias, por dois motivos. Primeiro, os resultados de busca avançaram muito desde sua estreia há três anos; a Microsoft afirma que em seus testes às cegas anuais, as pessoas os preferiram em vez dos do Google pela primeira vez neste ano. 

Mas um motivo ainda maior para experimentar o Bing é outra nova função: a nova Sidebar (barra lateral). (“A Sidebar é a barra na lateral”, diz o gerente de produto do Bing. “O departamento de marketing fez um trabalho incrível ao batizar este aqui.”) 

  • AP/Microsoft

    Barra do Bing transforma a busca do usuário em social, por meio da consulta de contatos

É um painel cinza fino contendo duas listas. A primeira, “Amigos que Podem Saber”: seus amigos no Facebook que podem saber a resposta para sua pergunta, com base onde moram, fotos ou suas postagens, e itens no Facebook que “gostaram”. 

A segunda é “Pessoas que Podem Saber”: pessoas do Twitter, Facebook, Google Plus e blogs que postaram publicamente sobre o assunto. A Microsoft diz que em breve adicionará o LinkedIn, Foursquare e Quora a esta segunda lista. 

A ideia é ótima: pessoas são muito mais inteligentes do que serviços de busca automatizados. As pessoas podem responder perguntas como “alguém conhece um bom restaurante brasileiro em Des Moines?”, porque elas viveram a vida e desenvolveram opiniões. Um site robótico burro, por outro lado, tem uma menor probabilidade de ter boas opiniões (ele sai para jantar com muito menos frequência). 

Por exemplo, se você procurar no Bing por “pintores em Scarsdale”, sua lista Amigos que Podem Saber pode dizer: “Steve McGreal mora em Scarsdale, Nova York”. 

A Microsoft diz que o Google, cuja rede Google Plus é uma grande rival do Twitter e Facebook, nunca conseguirá oferecer algo semelhante. (O Google na verdade tentou algo chamado “Busca, mais Seu Mundo” –mas ela incorporava postagens apenas de pessoas de sua própria rede Google Plus, enterradas em meio aos resultados de busca regulares, o que esteve longe de ter um impacto.) 

A esta altura, a ideia do Sidebar é mais poderosa do que a execução. Quando o Bing lhe diz que as pessoas de sua roda podem saber a resposta, você pode postar sua pergunta para elas – mas apenas para todo mundo simultaneamente, não apenas para os indivíduos com conhecimento identificados na lista. 

Com frequência, aparecem pessoas na lista que não parecem ter nenhum motivo para estar lá. E com frequência, você não consegue nada significativo; uma busca por “aulas de piano em Miami” produziu apenas um resultado na Sidebar: “Larry Sherman gosta de Miami”. Ora, Larry, quem não gosta? 

A lista Pessoas que Podem Saber é diferente. Essas são pessoas que postam publicamente –não apenas seus amigos– e portanto você não pode enviar uma mensagem para elas diretamente. Clicar no nome de alguém nessa lista leva você à página daquela pessoa no Twitter, por exemplo. 

Os passos de bebê que deram nesta semana são bem-vindos e genuinamente úteis –e não há muitos pontos negativos, fora um pouco de desordem. 

Tanto a Microsoft quanto o Google destacam que esses desenvolvimentos são apenas os primeiros passos tímidos de um futuro bonito – um futuro onde as páginas de busca saberão do que você está falando, exibirão exatamente a informação que você deseja com um só clique e até mesmo realizarão tarefas para você. Essas empresas não mais se contentam em ser apenas fichas catalográficas para a Internet; agora elas querem até entregar o livro para você.

Tradução: George El Khouri Andolfato.