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Donos de iPhone revelam "evangelização" e amor à primeira vista com marca

Usuário segura iPhone 4S, smartphone da Apple, à venda em loja de Nova York (EUA) durante estreia - Michael Nagle/Getty Images/AFP
Usuário segura iPhone 4S, smartphone da Apple, à venda em loja de Nova York (EUA) durante estreia Imagem: Michael Nagle/Getty Images/AFP

Guilherme Tagiaroli

Do UOL, em São Paulo

29/06/2012 06h00Atualizada em 02/07/2012 20h45

O iPhone é conhecido pela “revolução” que fez no mercado de telefonia móvel: os concorrentes passaram a adotar as telas sensíveis ao toque e o telefone inteligente impulsionou o mercado de aplicativos móveis. Porém, no dia a dia, essas características são pouco consideradas. Mais famoso que o smartphone são os próprios usuários do aparelho da Apple, que não se limitam apenas a “posarem” com seus telefones, mas em empreender quase uma cruzada ao propagar o “amor” pelo portátil da maçã.

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    Breno Masi, sócio-fundador da Fingertips (desenvolvedora de aplicativos), foi o primeiro no Brasil a desbloquear o iPhone

Ser usuário de iPhone é mais ou menos como torcer para um time de futebol. Só que em vez das partidas, a discussão com os adversários (entenda usuários Android e de outras plataformas) gira em torno dos lançamentos e de como tal empresa “copiou” recursos de outra. “Entrei em altas discussões com amigos que têm outros smartphones sobre qual aparelho é melhor”, disse Marilia Rangel, coordenadora de mercado, que comprou o iPhone 3G logo que foi lançado no Brasil.

Com Breno Masi, sócio fundador da Fingertips (empresa brasileira de desenvolvimento de aplicativos), a briga  se dá no ambiente profissional. “’Saio na porrada’ quase todos os dias com meu sócio, que é fã da plataforma Android” , comentou em tom de brincadeira.

Diferente da Marília, Masi teve acesso ao primeiro iPhone (conhecido como 2G), que nem foi lançado no Brasil, pois seu médico trouxe dois aparelhos para ele desbloquear. E um deles acabou ficando para ele de presente.

Além da questão da evangelização (porque não basta ter, é necessário “espalhar o amor”), o smartphone provoca nas pessoas uma espécie de relação de fidelidade, uma espécie de caso de amor. Quem compra um, geralmente, acaba convencendo (racionalmente ou na base da chatice) as pessoas próximas a comprarem um.

“Já convenci no mínimo umas cinco pessoas a comprarem iPhone”, disse o empreendedor Juliano Martinez. “Sei que há mais pessoas convencidas, mas que ainda não estão dispostas a pagar o preço do smartphone.”

No último WWDC 2012 (evento anual para desenvolvedores da Apple), a companhia informou que 75% dos usuários de dispositivos iOS (iPad, iPhone e iPod touch) estão satisfeitos com o produto. Segundo a empresa da maçã, 50% dos usuários da plataforma Android disseram estar satisfeitos.

Razão da compra

As razões que levaram os usuários do iPhone entrevistados a adquirir o aparelho são muito parecidas. Em todos os casos, o argumento citado foi a diversidade de funções do dispositivo. "Na época, o iPhone oferecia um 'telão', funcionava como um iPod e tinha um modo de navegação muito parecido com o de um computador", lembra Martinez. 

Já Marília chegou à conclusão que o smartphone seria o melhor para ela após ouvir várias opiniões sobre o aparelho. “Todo mundo falava que o iPhone era sensacional . E somado a isso, eu sempre gostei da Apple.” A coordenadora de mercado define sua relação com o aparelho como um “caso de amor”.

Apesar de toda a argumentação “passional”, segundo Elia San Miguel, analista da consultoria Gartner, o mérito do iPhone foi tornar fácil uma série de funcionalidades que já existiam. “Os smartphones da época até tinham funções parecidas, mas mexer era muito complicado. E o iPhone fez isso de uma forma simples.”

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    Juliano Martinez, empreendedor, é fã da Apple e teve o 1º iPhone que nem foi lançado no Brasil

A Apple criou um ambiente de expectativa antes do início das vendas do aparelho em 2007, diz Masi. E isso ajudou a criar muito burburinho em torno dele. “O iPhone foi apresentado em janeiro pelo Steve Jobs e a Apple não deixou ninguém tocar no telefone. Durante o lançamento, em junho, todos queriam ter ou ver como funciona.”

A facilidade em mexer no aparelho também foi apontada como motivo para ter o aparelho. Enquanto, os smartphones da época exigiam muitos passos para realizar operações simples, no telefone da Apple bastavam alguns toques.  Isso faz com que qualquer usuário saiba mexer no iPhone. “Minha filha de um ano já sabe como abrir aplicativos e brincar no iPhone. Outro exemplo é minha vó. Depois que a presenteei com um iPad, ela criou até uma conta no Facebook pela facilidade do aparelho”

E a concorrência?

Questionados sobre a possibilidade de trocar de aparelho, os entrevistados foram veementes ao dizer que só trocam se for por outro iPhone.  “Já usei um Samsung Galaxy, mas não dá. Não é a mesma coisa. Até mesmo joguinhos como o Fruit Ninja parecem ser diferentes em outros aparelhos por causa da sensibilidade da tela”, falou Marília.

No entanto, uma ideia é unânime entre os usuários do iPhone: é interessante que haja bons concorrentes, para que a empresa da maçã não se acomode e, assim, possa fazer melhores smartphones (para eles).