Queda proposital de ligações só pode ser constatada com auditoria, diz especialista
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apura se a operadora TIM estaria propositalmente “derrubando” ligações celulares de usuários do plano Infinity, cuja cobrança ocorre por chamada efetuada e não por minuto, segundo reportagem da “Folha de S. Paulo” e relatório de fiscalização divulgado pelo órgão. A prática é tecnicamente possível, segundo especialista consultado pelo UOL Tecnologia, mas teria de ser constatada com a auditoria das Centrais de Comutação e Controle (CCC) e não somente pela taxa de queda das chamadas.
O relatório da Anatel considera os CDRs (Call Detail Record ou registro detalhado de ligações), espécie de bilhete eletrônico que é gerado no sistema de telefonia, informando detalhes como que gerou ou recebeu uma ligação, onde, quando e por quanto tempo. “É uma metodologia muito interessante, mas afirmar por ela que a operadora estava derrubando ligações ainda é prematuro, em função de muitas outras variáveis na rede”, diz Ruy Bottesi, presidente da AET (Associação dos Engenheiros de Telecomunicações).
Segundo o engenheiro, para que as ligações na rede celular de uma operadora fossem desligadas propositalmente, seria necessário realizar a programação do software nas Centrais de Controle mantidas pela empresa no país. Essas centrais processam as chamadas recebidas via sinal das antenas de transmissão e as “enviam” para o destino. “Cada usuário da rede móvel fica embaixo de uma espécie de ‘guarda-chuva’, a área máxima de cobertura de uma antena. Ao transitar de um ‘guarda-chuva’ para outro, se o sinal não estiver forte o suficiente, a ligação cai”.
Sendo assim, uma alteração proposital no software da CCC deveria fazer as ligações caírem sempre após um tempo pré-determinado e não aleatoriamente. Por exemplo, elas poderiam ser forçadas a cair sempre após 20 minutos de duração. “O que a agência reguladora precisa comprovar é que essas ligações caem sempre depois de uma mesma duração, o que mostraria ser algo proposital. Se elas caem depois de durações diferentes, não. Isso só é possível com a auditoria das CCCs ou de centros de gerência”, explica Bottesi.
Em nota à imprensa, a Anatel afirma que o relatório mencionado pela “Folha de S. Paulo” nesta terça (7) faz parte de um “processo administrativo que se encontra em fase de instrução”. “Somente após a tramitação do processo, com direito ao contraditório e à ampla defesa da prestadora, a Agência irá deliberar sobre o assunto e adotará as providências legais e regulamentares cabíveis.”
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