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Blogueiro perseguido na web há três anos por ser judeu descobre que filho de amigo era ''algoz''

Do UOL, em São Paulo

26/09/2012 15h54

Um blogueiro irlandês afirma ter conseguido por conta própria descobrir a identidade do usuário que enviava diariamente a ele mensagens antissemitas e ameaças nos últimos três anos pela internet: era o filho adolescente de um amigo. A revelação foi publicada em um post no blog Traynor’s Eye, que já alcançou 200 mil acessos, segundo o “Daily Mail”.

No post intitulado “Encontrando um troll”, Leo Traynor, morador de Dublin e descendente de judeus, conta que desde 2009, dois anos depois de abrir uma conta no Twitter, recebia mensagens antissemitas. Apesar de bloquear o perfil que enviava os tuítes abusivos, outras contas falsas eram criadas logo em seguida e continuavam a persegui-lo. “Era um ciclo diário de bloquear e denunciar a conta [ao Twitter] e de xingamentos intensos”, escreveu.

A perseguição foi aumentando, quando sua conta no Facebook foi invadida e, na sequência, seu blog e e-mail foram “inundados” com imagens de cadáveres, campos de concentração e corpos desmembrados.

O “troll” começou então a perseguir a mulher de Traynor. O casal chegou a receber um pacote na residência onde moram contendo cinzas e uma nota que dizia: “Digam 'olá' para seus parentes de Auschwitz”.

Dois dias depois, conta Traynor no post, ele teria recebido uma mensagem direta no Twitter com uma ameaça. “Você vai chegar em casa um dia e a garganta da sua mulher vai estar cortada e seu filho terá partido.” Ele então parou de usar o microblog.

Investigação por conta própria

Traynor alega ter prestado queixa à polícia após as ameaças sucessivas, mas foi então informado de que pouco poderia ser feito por ele. Eles o aconselharam a procurar a Justiça para rastrear a identidade do “troll”.

Foi com a ajuda de um amigo, no entanto, que Traynor rastreou o endereço IP – identidade única dos computadores que acessam a internet -- das mensagens publicadas. Algumas delas eram enviadas de dois locais com Wi-Fi público. Já  a terceira localidade apontava para a casa de um amigo.

O blogueiro teria descoberto que as mensagens eram enviadas pelo filho do amigo, um adolescente de 17 anos. Traynor marcou um encontro com os pais e o jovem, para confrontá-lo. Conta ter mostrado fotos que foram enviadas pelo rapaz e falado sobre impacto causado na família pelos anos de perseguição.

O adolescente, chorando, disse que “era apenas uma brincadeira”, conta o blogueiro no post. Em vez de denunciá-lo à polícia, pediu que o rapaz fizesse terapia. “Então, apertamos as mãos”, termina o post.