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Fundador da McAfee faz videoconferência em prisão e diz não ter relação com assassinato

Do UOL, em São Paulo

10/12/2012 11h11

John McAfee, fundador da empresa de antivírus que leva o mesmo nome, fez declarações a respeito das acusações de assassinato que recebeu e respondeu perguntas da imprensa durante uma videoconferência realizada dentro da prisão em que está detido, neste domingo (9), na Guatemala.

McAfee afirmou que não tem absolutamente nada haver com a morte de seu vizinho, em Belize, da qual é acusado e que na verdade o processo possui motivação política.

O fundador do software disse também que não pode mais voltar ao país caribenho, pois não teria mais chances de viver no local, e que considera a possibilidade de regressar aos Estados Unidos.

A justiça da Guatemala está analisando um pedido de McAfee para que ele não seja extraditado de volta para Belize.

Entenda o caso

O fundador da empresa de antivírus (que foi vendida para a Intel em 2010) fugiu no dia 11 de novembro, depois que seu vizinho Gregory Faull, 52, foi encontrado morto na ilha de Ambergris Caye, em Belize -- ele mora no local desde 2008. Faull foi morto com um tiro na cabeça e, ao lado do corpo, havia uma cápsula de revólver 9 mm.

  • Empresário Gregory Faull, que foi encontrado morto

McAfee escapou quando viu a polícia chegando a sua casa: ele teria se enterrado na areia, com uma caixa sobre a cabeça para poder respirar. “Foi extremamente desconfortável. Mas eles me matarão se me encontrarem”, afirmou.

Segundo a revista “Wired”, os dois vizinhos haviam entrado em conflito por causa dos cachorros que McAfee tinha em sua casa. Faull se queixava dos animais e fez uma reclamação formal na semana passada. McAfee diz que os cachorros foram envenenados na sexta-feira anterior à morte de seu vizinho.

O empresário afirma não acreditar que Faull tenha matado seus animais. McAfee culpa pelo suposto envenenamento as autoridades de Belize, com quem está em confronto há alguns meses. “Não é algo que ele [Faull] faria. Ele era uma pessoa brava, mas jamais machucaria um cachorro.” Dessas acusações contra o governo vêm as afirmações das autoridades, de que o norte-americano seria maluco e paranoico.

McAfee afirmou estar preocupado, acreditando que quem matou Faull estaria na verdade atrás dele. “Eles se enganaram, entraram na casa errada. Ele está morto, matarem ele. Isso me assustou.” Em entrevista por e-mail à agência de notícias Associated Press, McAfee escreveu: “Suspeito ou não, acho que o governo me quer fora de seu caminho. Muitas pessoas já morreram quando estavam sob custódia [preso por autoridades para averiguações] neste país, então não ficarei sob custódia deles”.

Marco Vidal, responsável pela unidade de combate ao crime organizado de Belize, afirmou à revista “Wired” que McAfee é o “principal suspeito” do crime. Em abril, essa mesma unidade fez uma busca na casa de McAfee após acusá-lo de produção de metanfetamina e posse irregular de armas. As acusações foram retiradas, mas ele disse acreditar que o governo ainda está contra ele.

A morte dos cachorros, afirmou o empresário à “Wired”, foi apenas mais uma tentativa de fazê-lo deixar o país (ele não explica o motivo pelo qual as autoridades belizenhas querem isso). “Você pode dizer que sou paranoico, mas eles vão me matar. Não há dúvidas. Há meses eles tentam me matar. Querem me silenciar. Não sou querido pelo primeiro ministro, sou uma pedra no caminho de todos.”