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Com mercado em queda, PCs têm desafio de brilharem tanto quanto tablets

Homem observa prateleira com PCs em loja em Chicago nos EUA; venda de PCs tem caído a cada trimestre - Scott Olson/Getty Images/AFP
Homem observa prateleira com PCs em loja em Chicago nos EUA; venda de PCs tem caído a cada trimestre Imagem: Scott Olson/Getty Images/AFP

Guilherme Tagiaroli

Do UOL, em São Paulo

29/04/2013 06h01Atualizada em 29/04/2013 20h44

O mercado de computadores pessoais não é mais o mesmo. Diferente de alguns anos atrás, quando esta categoria crescia na casa dos dois dígitos por ano, a venda de PCs tem caído constantemente.  Uma das possíveis explicações para essa mudança tem relação direta com o crescimento na venda de smartphones e tablets. Atualmente esses dispositivos móveis soam muito mais atraentes aos consumidores que os convencionais computadores, segundo analistas consultados pelo UOL Tecnologia.

De acordo com números da consultoria de mercado Gartner, o mercado de computadores tem apresentado redução de vendas nos últimos quatro trimestres. Ao comparar o desempenho da categoria no primeiro semestre de 2013 com o mesmo período de 2012, a consultoria diz que houve redução de 7,7%.  Só no primeiro trimestre do ano foram comercializados 79,2 milhões de PCs.

Em comparação, o mercado de tablets, apesar de vender em menor escala que os computadores, tem expectativa de crescimento de quase 70% em 2013. O ano de 2012 fechou com 116 milhões de unidades vendidas, enquanto este ano deve acabar com 197 milhões. A previsão é que os tablets ultrapassem as vendas dos PCs em 2015.

Além do brilho ofuscado diante dos ultraportáteis, os analistas apontaram como problemas para o mercado de PCs a maior duração dos aparelhos, o fato de uma boa parte da população já ter computador e o crescente uso de serviços diretamente da internet.

Ciclo de vida maior dos computadores

Para entender o problema, basta lembrar como era o mercado de computadores há alguns anos. De acordo com Steve Kleyhans, analista da consultoria de mercado Gartner, o comum era que as pessoas trocassem de computador com uma frequência de três anos. Porém, atualmente, esse ciclo tem se estendido. Por consequência, a rotatividade desses aparelhos diminui.

“Hoje em dia, as máquinas de alguns anos atrás ainda funcionam bem. Não há nada muito novo em termos de serviços ou aplicações que levam os usuários a pensarem em comprar um computador novo. Em comparação, há uma série de novas funcionalidades em dispositivos móveis, como smartphones e tablets. Isso faz com que os usuários pensem: ‘Isso é legal. Eu gostaria de ter um desses’”.

Tudo na internet

Antigamente, o usuário de computador tinha de acompanhar a evolução do sistema operacional comprando novos equipamentos de hardware. Porém, essa lógica começou a mudar por dois motivos: a computação em nuvem e o fato de o sistema operacional predominante no mercado (Windows) ter ficado mais leve com o tempo -- mesmo em máquinas com configurações mais simples, ele funciona bem.

“Cada vez mais os serviços preferidos dos usuários estão disponíveis diretamente na internet. Logo, não é necessário ter uma alta capacidade de hardware”, disse Ivair Rodrigues, diretor de pesquisa da consultoria IT Data. Serviços como e-mail ou mesmo jogos simples não exigem nem espaço no disco rígido do usuário. A maioria deles é acessado diretamente via navegador.

Oportunidade

Uma das tentativas do mercado de voltar a tornar os computadores mais atraentes é o Windows 8. Por contar com uma interface adaptada para dispositivos sensíveis ao toque, ele tenta juntar o melhor dos dois mundos: a produtividade do computador alinhada a uma interface de tablet.

  • Divulgação

    Modelos híbridos, como o Ativ Smart PC, da Samsung, são a aposta das fabricantes para convencer os consumidores comprarem computadores em vez de tablets

Alguns analistas culparam essa plataforma, lançada em outubro de 2012, pela queda na venda mundial de computadores.

Para Kleyhans, essa associação pode ser injusta.“Os problemas do mercado de PC ocorrem há um tempo. Não é plausível culpar o Windows 8 ou achar que o sistema resolveria tudo. Essa categoria tem passado por um processo de reestruturação”, afirmou o analista do Gartner.

Ele cita como uma das oportunidades desse ramo os computadores híbridos (laptops que também funcionam como tablets). Ainda caros, esses aparelhos são a aposta de diversas fabricantes para convencer os consumidores a investir em um novo computador pessoal. Falta aos usuários a certeza de que os híbridos podem mesmo fornecer uma boa experiência de produtividade (presente nos computadores) e consumo de conteúdo (presente nos tablets).

“Ainda estamos na primeira geração desses computadores. Acho que o preço vai cair com o tempo. Além disso, imagino que as companhias vão passar a se preocupar em fornecer aplicativos para melhorar a experiência em computadores com tela sensível ao toque”.