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Após polêmicas, Lulu fica indisponível em lojas brasileiras de aplicativos

Lulu causou polêmica no Brasil, ao permitir que usuárias avaliassem amigos do Facebook - Reprodução/Lulu
Lulu causou polêmica no Brasil, ao permitir que usuárias avaliassem amigos do Facebook Imagem: Reprodução/Lulu

Juliana Carpanez

Do UOL, em São Paulo

17/01/2014 15h14

A empresa Luluvise, responsável pelo polêmico aplicativo Lulu, desistiu - ao menos temporariamente - de oferecer seu aplicativo no mercado brasileiro. Desde o final de dezembro, segundo a própria companhia, o programa tornou-se indisponível nas versões locais da App Store e Google Play. A reportagem não conseguiu acesso ao Lulu, nesta sexta-feira (17), ao buscá-lo nessas duas lojas online. 

A remoção se deu logo depois que o app mudou sua política de uso, perdendo o principal apelo: a possibilidade de as mulheres avaliarem anonimamente todos os seus amigos do Facebook.

O programa continua disponível nas lojas internacionais de aplicativos, e a Luluvise nega ter desistido do Brasil. “Estamos renovando o produto e voltaremos em breve”, afirmou em entrevista por e-mail Deborah Singer, diretora de marketing da empresa. Ela e Alexandra Chong, criadora do Lulu, estiveram no país em novembro para o lançamento da versão brasileira do app. Na ocasião, anunciaram que estavam contratando funcionários para a operação local.

Deborah não comenta se as contratações foram congeladas ou se serão mantidas. Em novembro, ela afirmou que Brasil é o um mercado propício para esse tipo de ferramenta, pois a adesão às redes sociais é muito grande e as mulheres são "early adopters" (aderem cedo a novas tecnologias). "Sabíamos que o aplicativo faria sucesso no Brasil, mas não tão rápido", afirmou na ocasião. 

Novos termos 
A alteração nos termos de uso veio após muita polêmica, pois os homens eram avaliados sem saber que estavam cadastrados no Lulu (o programa puxava automaticamente todos os contatos do Facebook, assim que uma mulher se cadastrava). A empresa alegava que os homens poderiam se descadastrar –  acessando o site e fazendo essa solicitação -, mas o argumento não convenceu. Houve ao menos uma ação coletiva contra o app, além de ameaças de processos. 

Com a mudança nos termos de uso, anunciada em 16 de dezembro, só ganhariam notas aqueles homens que estivessem dispostos a serem avaliados. Isso fez o interesse pelo Lulu despencar, e o programa ficou praticamente esquecido até esta quinta-feira (16), quando foi anunciada uma decisão da Justiça desfavorável à ferramenta.

A alteração foi aplicada somente no Brasil: nos Estados Unidos, o Lulu continua cadastrando usuários de forma automática (se quiserem, eles precisam remover seus perfis). 

Exclusão de dados
Em liminar divulgada na quinta-feira, a 6ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios determinou que o aplicativo Lulu retirasse imediatamente os dados e imagens de pessoas que não tivessem consentido sua avaliação. A multa diária de R$ 500 também se aplicaria caso o site conservasse esses dados existentes, que só poderiam "ser disponibilizados aos legítimos interessados". O mérito da ação ainda será julgado pelo juiz de 1ª Instância.

Com os novos termos de uso (mesmo se o Lulu ainda estivesse disponível no Brasil), as aplicações das multas não fariam mais sentido. Mas a determinação pode ser explicada pelo fato de o inquérito civil do Ministério Público, que resultou na decisão, ter sido aberto antes de o Lulu alterar sua política e ser removido das lojas brasileiras.

Questionada sobre essa determinação, a empresa disse que o Lulu não comenta casos específicos.

Origem
O Lulu foi criado em fevereiro de 2013, nos Estados Unidos. A ideia surgiu em um encontro de Alexandra com as amigas, depois do dia dos namorados (comemorado em 14 de fevereiro nos EUA), quando elas passaram horas conversando. Alexandra teria percebido que ao falar sobre homens, o tom da conversa mudava – foi aí que viu uma oportunidade.

A ferramenta diz ter o objetivo de dar poder às mulheres para elas tomarem decisões inteligentes em relação aos homens.

Para a versão local, as hashtags (frases marcadas pelo símbolo #) brasileiras foram criadas e adaptadas por uma agência de mídia digital. Entre elas, estavam #NãoSabeApertarUmParafuso, #NãoÉBabaca, #UsaRider e #AmigoDoEx.