Topo

Nos EUA, produtores já garantem sustento com vídeos de 6 segundos no Vine

Tela do aplicativo Vine; programa está disponível gratuitamente para iOS, Android e Windows Phone - Divulgação
Tela do aplicativo Vine; programa está disponível gratuitamente para iOS, Android e Windows Phone Imagem: Divulgação

Guilherme Tagiaroli

Do UOL, em São Paulo

17/04/2014 06h00

O Vine (rede social de vídeos com arquivos de até seis segundos) pode não ser muito conhecido no Brasil. No entanto, nos Estados Unidos o serviço já é usado como uma plataforma para ações publicitárias e até trampolim para celebridades virtuais. Estima-se que produtores de conteúdo já ganhem o equivalente a R$ 5.000 com cada um desses arquivos.

A rede – que estreou no início de 2013, mas pertence ao Twitter desde 2012 – chama a atenção por ser uma plataforma de comunicação rápida. O usuário só precisa de um smartphone com o aplicativo instalado para gravar vídeos. “O Vine reúne pessoas de todo o mundo e que querem se comunicar de forma simples, ágil e em tempo real”, define Pedro Porto, diretor de estratégia do Twitter Brasil.

Com pouco mais de um ano de atividade, o Vine tornou-se “viral” nos Estados Unidos. Após a estreia do aplicativo, ele ficou dois meses e meio entre os dez mais baixados da loja da Apple. Essa popularidade, fruto dos 40 milhões usuários cadastrados, fez com que as marcas passassem a observar a rede de perto e a solicitar trabalhos para usuários de destaque. O norte-americano Ian Padgham (@origiful), 32 é um deles.

Vine feito por Ian Padgham para Ford

Padgham foi um dos primeiros usuários da rede e participou da campanha de lançamento do Vine. Sua especialidade é fazer vídeos em stop-motion (técnica de animação na qual as imagens são captadas quadro a quadro). Em pouco mais de um ano,  ele já fez campanhas para Ford, Visa, Disney, entre outras grandes companhias.

“Não posso citar números, mas posso dizer que sobrevivo com isso. Se você é apaixonado por criatividade e produção de vídeo, é um período interessante para trabalhar nesse ramo”, disse em entrevista por e-mail. Padgham trabalhava no Twitter e deixou a companhia para abrir a Origiful, sua própria agência de produção de vines.

Outra viner profissional é a fotógrafa norte-americana Meagan Cignoli (@MeaganCignoli), 32. Especializada em editoriais de moda, Meagan conheceu o aplicativo em fevereiro de 2013. “Estava com vontade de entrar no mercado publicitário. Quando notei que o aplicativo era único e legal, decidi fazer um portfólio e tinha esperança que isso me ajudaria a ter destaque”, afirmou.

Vine feito por Meagan Cignoli para a 7-Eleven

Desde então, Meagan já produziu vídeos para marcas como Nike, Adidas, YvesSaintLaurent, Unilever, Swarovski, Samsung, Dolce & Gabanna, entre outras.

Os entrevistados não revelaram quanto ganham. Apenas disseram que é um trabalho de publicidade como outro qualquer. Uma reportagem do site “ValleyWag”, que mostra os bastidores da região do Vale do Silício nos EUA, diz que, em média, uma pessoa recebe cerca de US$ 2.400 (cerca de R$ 5.352) por um vídeo de seis segundos.

No entanto, esse valor pode variar conforme a complexidade do trabalho e o alcance – como no Twitter, quanto mais seguidores, melhor.

É também comum que usuários fiquem famosos fazendo esquetes de humor. O adolescente norte-americano Nash Grier (@griernash), 16, não usa truques de edição e tem mais de 7 milhões de seguidores, o que o torna a pessoa mais popular do Vine. Por isso, no início do ano ele viajou para a Islândia para promover um aplicativo. Grier foi recebido por uma multidão e teve até um encontro com o prefeito da capital do país, Jón Gnarr.

Outro usuário famoso, também dos Estados Unidos, é Marcus Johns (@marcusjohns), 20. Além de ter dado entrevistas para várias publicações do país, ele já fez várias propagandas em seu perfil e participou da cobertura do Oscar para um canal de TV americano.

"Quando uma garota bonita entra no elevador" feito por Marcus Johns

Brasil

No Brasil, o Vine ainda engatinha. De acordo com o Twitter, que não revela números de usuários, a rede está “ganhando corpo muito rápido” - por enquanto, esse público seria formado de adolescentes e jovens.  Há alguns grupos dedicados a reunir os viners brasileiros como o Encontro de Viners e o Viners Brasileiros.

Quanto ao uso na publicidade, por enquanto, não há profissionais dedicados ao app como nos Estados Unidos. Os trabalhos são feitos por produtoras ou, em casos mais simples, pelos próprios profissionais da agência.

Segundo Patricia Albuquerque, sócia-diretora de conteúdo da agência de marketing digital MSL Group Espalhe, a ferramenta oferece como diferencial sofisticação e diversificação nas ações da empresa. “Ele enriquece uma mensagem com áudio e vídeo e também representa um canal adicional, fora das outras mídias sociais tradicionais”, afirma.

A companhia, que já fez campanhas para a Ambev (do refrigerante Guaraná Antártica) e a Mondelez (dos chicletes Trident) aposta na rapidez das ações. “Tentamos usar o que o Vine tem de melhor: produção simples, o uso de humor e a possibilidade de exibir o trecho de um evento rapidamente, por exemplo”, finalizou Patricia. 

Propaganda do Guarana Antártica no Vine