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Zuckerberg defende censura, mas condena ataques à liberdade de expressão

Do UOL, em São Paulo

15/01/2015 10h22

O diretor-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, voltou a condenar o ataque terrorista à revista francesa "Charlie Hebdo" durante uma sessão de perguntas e respostas realizada durante sua visita à Colômbia na última quarta-feira (15). Ele se posicionou a favor da liberdade de expressão, mas defendeu as políticas de censura adotadas pela rede social.

Zuckerberg já havia se manifestado sobre os atentados na França em seu perfil do Facebook, quando descreveu uma experiência que teve com o extremismo e declarou que: "precisamos rejeitar um grupo extremista tentando silenciar as vozes e opiniões ao redor do mundo."

Na sessão de perguntas e respostas, o presidente-executivo foi questionado sobre por que havia se posicionado sobre o caso na França, mas jamais comentou qualquer outro evento violento que acontece no mundo. "Não foi apenas um ataque terrorista de pessoas tentando disseminar o medo. Este ataque está diretamente relacionado à liberdade de expressão", respondeu ele, que destacou o assunto como sendo relevante ao Facebook. 

"Isso realmente chega ao núcleo do Facebook. Nós realmente devemos tentar fazê-lo de modo a que todos possam ter o máximo de uma voz possível", acrescentou Zuckerberg. "As pessoas precisavam se unir não só para lutar contra o terrorismo, mas também para dar a todos no mundo uma voz."

Apesar do discurso, Zuckerberg disse que o Facebook não pretende "brigar" com as leis nos países onde a liberdade de expressão é limitada. "Em um mundo ideal, deveria haver menos leis que restringisse o discurso", disse ele. "Mas na realidade há muitos países que restringem um ponto da fala ou de outra ... Então, a verdadeira questão é como você permitir a navegação dessas pessoas?."

Segundo ele, o problema em "quebrar" a lei de um país está no bloqueio total do serviço e a restrição da comunicação. "Se fizermos isso, estaríamos privando milhões de pessoas de se comunicar com amigos e familiares, e, na medida do possível, se expressar", afirmou Zuckerberg, que relatou que o Facebook revisa todas as solicitações de bloquear conteúdo, para garantir que o pedido está realmente de acordo com as leis de seu respectivo país.

Viagem para Colômbia

O fundador da rede social foi à Bogotá para lançar o Internet.org, um programa que procura dar acesso à internet de graça a pessoas de poucos recursos através de celulares simples. No país, Zuckerberg fechou uma parceria com a operadora de telefonia Tigo, que oferecerá determinados conteúdos gratuitamente.

A Colômbia é o primeiro país do continente a aderir ao programa e o quarto do mundo, após Indonésia, Tanzânia e Quênia.

No lançamento do programa, que contou com a presença do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, Zuckerberg disse que dar às pessoas ferramentas de conectividade para fortalecer os laços comunicativos e o tecido social pode "ajudar a resolver" o conflito armado que existe na Colômbia há mais de 50 anos. (*Com agências internacionais)