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Streaming de música da Apple só terá versão paga e custará US$ 10 por mês

Aplicativo Apple Music é apresentado pelo diretor-executivo da empresa, Tim Cook (direita), e pelo fundador da Beats, Jimmy Iovine, em San Francisco (EUA) - Jeff Chiu/AP
Aplicativo Apple Music é apresentado pelo diretor-executivo da empresa, Tim Cook (direita), e pelo fundador da Beats, Jimmy Iovine, em San Francisco (EUA) Imagem: Jeff Chiu/AP

Guilherme Tagiaroli

Do UOL, em San Francisco*

08/06/2015 16h11Atualizada em 17/06/2015 14h57

Confirmando os rumores, a Apple anunciou nesta segunda-feira (8), durante sua conferência anual para desenvolvedores, o WWDC 2015, um novo aplicativo que mistura streaming de música e rede social de artistas. O Apple Music será lançado em mais de 100 países, incluindo o Brasil, no dia 30 de junho. 

O app vai começar a aparecer em aparelhos iOS com a atualização 8.4, que vai ser lançada no fim junho. A empresa ainda informou que vai trabalhar em aplicações para Windows e Android. O serviço será gratuito apenas nos três primeiros meses da assinatura, após esse período será cobrada uma mensalidade no valor de US$ 9,99 (cerca de R$ 31,15). Por US$ 15, será possível dividir uma conta com até seis pessoas.

O sistema só terá versão paga. Todos os usuários cadastrados poderão ter acesso às músicas sem propaganda e a baixar arquivos para ouvir offline.

"Até 2015, a indústria da música era uma confusão fragmentada. Quer ouvir música? Vai aqui. Quer ver vídeo? Vá em outro lugar. Quer seguir alguns artistas? Não há lugar para isso", disse Jimmy Iovine, fundador da Beats, que definiu o Apple Music como um "pensamento completo em torno da música". 

O serviço, segundo Iovine, não será comandado apenas por algoritmos, mas também por uma curadoria humana, que será responsável pela indicação de sugestões de músicas baseadas nos gostos do usuário.

O recurso Beats One contará com transmissões semelhantes às que existem na rádio FM. Na estreia, haverá três programas transmitidos de Los Angeles (EUA), Nova York (EUA) e Londres (Reino Unido). Eles contarão com apresentadores que exibirão músicas novas e entrevistas com artistas.

Mas, como todos os concorrentes, a lista de músicas poderá ser visualizada por artistas, músicas ou álbuns.  Ao configurar o Apple Music, a interface contará com bolinhas flutuantes com gêneros musicais. Após escolher seus estilos preferidos, os usuários receberão sugestões de playlists e artistas baseadas nisso.

Além da função rádio --com funcionamento de 24 horas por dias e sete dias por semana--, o app também funcionará como uma espécie de rede social na qual músicos e fãs poderão se conectar. Os artistas poderão publicar textos, fotos e vídeos para os fãs comentarem e curtirem. As funções dessa rede social são bem semelhantes às do Facebook.

No evento, a Apple também anunciou uma nova versão do sistema operacional iOS (usado em iPads, iPhones e iPods Touch). A novidade não deve trazer mudanças estruturas significativas em relação ao iOS 8, mas a empresa promete bateria mais longa e sistema menos pesado

Histórico

Pioneira no ramo de venda de música digital, a entrada da Apple no ramo de streaming musical é vista como uma forte ameaça a competidores, como o Spotify, em mercados onde há forte penetração desse tipo de plataforma.

A empresa da maçã vai usar o conhecimento do serviço Beats Music (adquirido no ano passado por US$ 3 bilhões) para a estreia. A vantagem da empresa no ramo é que ela detém 800 milhões de dados de cartão de crédito na loja de conteúdos multimídia iTunes, o que poderia facilitar a adesão de milhares de novos usuários. A título de comparação, o Spotify diz ter 65 milhões de usuários, sendo 16 milhões pagantes.

Apesar de ser considerado o maior serviço de streaming do mundo, o Spotify tem tido dificuldade em lucrar nesse segmento. De acordo com um relatório da empresa obtido pelo jornal britânico "The Guardian", a companhia aumentou a receita para € 1 bilhão, mas ainda não é lucrativa: registrou perda operacional de mais de € 165 milhões.

O resultado foi interpretado como um sintoma do processo de expansão das operações da empresa e que nos próximos anos a situação deve ser revertida com o aumento do número de usuários.

* O jornalista viajou a convite da Apple.