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Jovem recebe mensagens abusivas via WhatsApp de entregador da Netshoes

Viviane Garcia, 23, recebeu mensagens no WhatsApp de funcionário de loja de roupas após entrega em sua casa - Arquivo Pessoal
Viviane Garcia, 23, recebeu mensagens no WhatsApp de funcionário de loja de roupas após entrega em sua casa Imagem: Arquivo Pessoal

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

18/06/2015 11h25Atualizada em 18/06/2015 15h17

Uma jovem do Distrito Federal recebeu mensagens de um suposto funcionário da Netshoes pelo WhatsApp na última terça-feira (16). Indignada por ter sido adicionada no aplicativo sem permissão e por ser chamada de “princesa”, Viviane Garcia, 23, denunciou o caso nas redes sociais. A empresa de materiais esportivos informou ao UOL Tecnologia que reprova a conduta do empregado que presta serviços à companhia. Ele ainda não foi identificado e sofrerá punições cabíveis.

A assistente de vendas conta que encomendou um produto pelo site de roupas Zattini e repassou informações pessoais, como de costume em qualquer compra online. “Forneci dados como telefone e endereço confiando que seriam utilizados para a entrega. Porém, logo após receber a encomenda, percebi que havia mensagens abusivas no meu celular.”

Além de se sentir invadida, a jovem também está com medo. Segundo ela, expor o fato nas redes sociais foi um modo de se proteger. “Pensei na minha segurança. Se ele teve a coragem de me adicionar no WhatsApp, também pode pegar meu endereço e fazer outras coisas. Espero que a empresa tome as devidas providências.”

A Netshoes (responsável pela Zattini) e a empresa responsável pela entrega, Total Express, informaram por meio de nota que lamentam o ocorrido com a cliente Viviane Garcia e informam que já estão em contato com a mesma para solucionar o caso.

Captura de tela mostra trecho de conversa entre Viviane Garcia e homem que se identifica como entregador da Netshoes - Reprodução - Reprodução
Captura de tela mostra trecho de conversa entre Viviane Garcia e homem que se identifica como entregador da Netshoes
Imagem: Reprodução

A empresa também enfatiza que os códigos de ética adotados respeitam o sigilo dos clientes e obrigam colaboradores a assegurar a proteção dos mesmos, vetando assim, o uso de dados pessoais para qualquer outro fim.

Vítima pode receber danos morais

Segundo a especialista em direito penal Suelen de Souza, a prática do funcionário foi inadequada e constrangedora. “A consumidora pode pedir reparação de danos e indenização pelo comportamento inconveniente do funcionário. A Netshoes é diretamente responsável por todos os atos de seus empregados.”

Para o advogado trabalhista Rafael de Oliveira, a prática cometida pelo funcionário foi abusiva. “Não exceder a relação com cliente é o primeiro passo. Diante do consumidor, o funcionário se apresenta apenas como um preposto da empresa, de modo que se coloca como um representante, ou um ‘braço’ da autarquia”, explica.

A empresa pode afastar o funcionário, podendo cobrar-lhe subsidiariamente todos os danos de uma possível condenação judicial.

Prática comum

Em maio deste ano, a jornalista Ana Prado relatou, em seu perfil no Facebook, mensagens de assédio pelo WhatsApp enviadas por um atendente da empresa de telecomunicações Net. “Oi, falei com você hoje. Desculpa, mas fiquei curioso por conta da sua voz”, disse o funcionário.

Revoltada, a jornalista questionou. “Isso é invasivo para caramba. Inclusive, pode render processo para você e para a empresa onde você trabalha”, respondeu. O atendente não recuou e disse. “Perdão pela imensa invasão. Caso queira me processar ou processar quem quer que seja, fique à vontade. Terei o prazer de ganhar a causa.”

Após a repercussão das mensagens, a empresa demitiu o funcionário.