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Uber pisa no calo de setores estabelecidos, diz diretor do serviço

Márcio Padrão

Do UOL, em Brasília

24/09/2015 14h40

Daniel Mangabeira, diretor do Uber no Brasil disse que o aplicativo, assim como outros "novos serviços", vem promovendo a "rediscussão das formas tradicionais de se fazer as coisas", e,  por isso, "pisa no calo de setores estabelecidos".

24.set.2015 - Daniel Mangabeira, diretor do Uber no Brasil, em congresso da Abranet, em Brasília - Márcio Padrão / UOL - Márcio Padrão / UOL
Daniel Mangabeira, diretor do Uber no Brasil
Imagem: Márcio Padrão / UOL

A declaração ocorreu no segundo Congresso da Abranet, em Brasília, nesta quinta-feira (24), em painel intitulado "Convergência econômica entre o mundo on line e off line. O que esperar nos próximos anos?", mediado pelo jornalista Fernando Rodrigues, do UOL.

Mangabeira iniciou sua participação agradecendo por poder falar sem encarar "audiências de taxistas raivosos querendo te apedrejar", se referindo às frequentes quedas de braço entre o serviço e os taxistas de diversas cidades do Brasil e do mundo, que alegam concorrência desleal contra o app.

Perguntado se os benefícios do app, como redução da necessidade de ter carro particular e maior mobilidade urbana, já não seriam praticados antes pelos táxis, Mangabeira acha que ambos podem coexistir. "Só quem tem a ganhar é a sociedade. Quando houver a percepção de que um serviço é público [táxi], e o outro, privado [Uber], essa coexistência será muito provável".

Agências reguladoras

O debate foi iniciado pelo presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Vinícius Carvalho, que declarou que o monopólio de empresas do segmento digital "inibe a inovação", sem se referir diretamente ao Uber.

Carvalho discutiu o papel de agências reguladoras de defesa da concorrência na disputa de novos mercados criados por empresas que geram novos serviços e modelos de negócios aliados à tecnologia.

"A dinâmica do preço é explícita entre o Uber e os taxistas, pois ambos cobram pelo serviço. Mas há aqueles mercados de dois lados, com mais de uma fonte de receita, em que o preço para o consumidor final importa pouco. Aí você tem que olhar para outras dimensões de condutas das empresas. Por exemplo, na forma como elas poderiam comprar uma empresa com potencial para ser uma concorrente dela", explicou.

"Esse desafio acaba sendo maior [para o Cade], pois a autoridade tem que fazer uma análise não trivial do mercado", concluiu.

Rogério Lucca, consultor do Banco Central, mencionou sua experiência em acompanhar o crescimento de serviços de pagamento. "Nos últimos tempos falava-se que moedas virtuais como o Bitcoin poderiam substituir as reais, mas vimos que por conta da volatilidade do mercado, não vêm se firmando e estão dando lugar a serviços de transferência de valores".

German Quiroga, executivo da Nova Pontocom, acredita que a convergência de serviços online e offline ainda crescerá muito. "Se tentaram simplesmente barrar com legislação, vão negar o fato que o mundo está cada vez mais digital, e isso só faz com que o problema cresça", defendeu.