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Já pensou em digitar só com o pensamento? É uma aposta do Facebook

"E se você pudesse digitar diretamente do seu cérebro?": essa foi a pergunta que o Facebook fez - Divulgação
"E se você pudesse digitar diretamente do seu cérebro?": essa foi a pergunta que o Facebook fez Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

19/04/2017 19h47

Há quanto tempo você não ouve de uma tecnologia que faz você falar “uau”? Pois nesta quarta-feira (19), último dia da F8 (conferência em que o Facebook reúne desenvolvedores, imprensa e faz anúncios da empresa), a companhia de Mark Zuckerberg lançou uma questão no palco de deixar o cabelo em pé: “e se você conseguisse digitar diretamente do seu cérebro?”.

Não, o Facebook não tem uma tecnologia pronta. Mas sim, a eterna rede social, que atualmente já é muito mais do que isso, afirma caminhar para algo neste sentido no futuro. E a afirmação veio direto da equipe chamada de “Building 8”, que trabalha em projetos secretos e que busca “criar e trazer produtos inéditos que definam sua categoria”. É preciso calma, pois isso pode nem virar algo real. 

A pergunta que causou até um certo silêncio na conferência – seja de cinismo ou choque - foi feita por Regina Dugan, que atualmente é vice-presidente de engenharia e do time Building 8. E a apresentação serviu para o Facebook mostrar dois projetos em que trabalha. 

Digitar seus pensamentos

O primeiro projeto que o Facebook trabalha é um que permita digitar seus pensamentos. A intenção é criar um “sistema de fala silenciosa capaz de digitar 100 palavras por minuto a partir de comandos de seu cérebro”. Pois é, isso é cinco vezes mais rápido do que você consegue digitar com o celular, segundo a empresa norte-americana.

A intenção é que isso seja alcançado por meio de sensores vestíveis não invasivos que podem ser fabricados em larga escala – será que algo como um relógio, uma pulseira ou um adesivo? Eles deram detalhes da ferramenta: Dugan disse ver um futuro com “mouse cerebral” que nos permitiria usar aplicações de realidade aumentada em uma interface que não invada o cérebro.

O Facebook deu explicações mais técnicas ainda, dizendo pesquisar métodos de imagem óptica que permitam filtrar “quasi ballistic photons” (fótons de luz que têm maior resolução do que “fótons difusos”). Essa tecnologia enviaria sinais sem fio entre o cérebro e a máquina.

Segundo a empresa, seus pensamentos não seriam digitados aleatoriamente. O sistema decodificará apenas aquelas palavras que você já decidiu compartilhar e mandou para o centro de fala do seu cérebro. Ainda assim, seria meio estranho ter a noção de que uma empresa pode estar ciente de todos os seus pensamentos, não?

Comunicação universal

Uma outra possível futura tecnologia bem estranha apresentada tem a ver com uma comunicação silenciosa usando métodos táteis, segundo o Mashable. As pessoas, no caso, seriam capazes de ouvir com a pele. Mesmo sem um produto pronto, houve ao menos uma demonstração da tecnologia.

Com o auxílio de uma máquina composta de um sistema de atuadores em 16 bandas diferentes, o time demonstrou um vocabulário tátil de nove palavras. Através do aprendizado de “sentir a forma acústica” de uma palavra em seu braço, o time de pesquisa foi capaz de retransmitir com precisão um conjunto de comandos enviados silenciosamente para uma pessoa por meio de uma interface separada de computador. Tudo muito confuso, não?

Para deixar em termos mais claros, esse experimento poderia ser capaz de efetivamente servir como um tradutor universal, segundo Dugan. Ele reduziria palavras e conceitos em mensagens táteis que fariam, por exemplo, um chinês ter a capacidade de conversar com um norte-americano, com os dois usando sua linguagem nativa.

Sistema diferente de Stephen Hawking

Os relatos de pesquisa do Facebook nos fazem lembrar um pouco Stephen Hawking. O físico britânico, que tem paralisia total no corpo que afetou sua fala, conta com um computador para ajudar a se comunicar com o mundo e transmitir suas descobertas.

A tecnologia usada por Stephen Hawking, contudo, é diferente. No caso do físico, há um computador instalado em um suporte de metal que está encaixado em um dos braços de sua cadeira de rodas. Existem no menu desse computador termos prontos, como “sim”, e uma lista de palavras em ordem alfabética, além de uma função que serve para o britânico soletrar.

E como Hawking faz isso? Um sensor em seus óculos consegue entender movimentos da bochecha usados para escolher as frases. O texto completo então é enviado a um sintetizador, que cria a voz simulando sua entonação. Em palestras, o físico escreve o seu discurso antes e envia ao sintetizador uma frase por vez.