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10 anos do iPhone: como aparelho chocou plateia com funções "banais"

"Steve Jobs, O Visionário": exposição mostra como pensava o mito da Apple

UOL Notícias

Gabriel Francisco Ribeiro

Do UOL, em São Paulo

29/06/2017 04h00

Há 10 anos, exatamente no dia 29 de junho de 2007, as vendas do primeiro iPhone eram iniciadas nos Estados Unidos. O smartphone da Apple, lançado seis meses antes, já contava com fãs fiéis em filas mesmo em sua primeira edição. Isso provavelmente graças a revoluções que implementou - e que agora parecem coisas banais.

Na apresentação do primeiro iPhone, Jobs brincou inicialmente dizendo que apresentaria um iPod com multitouch (ainda havia muito o foco de "é um iPod com telefone"), um revolucionário celular e um novo sistema de comunicação pela internet. Pouco depois, ficou claro que tudo fazia parte de um produto só, já deixando a plateia espantada.

A reação do público que assistia ao evento na MacWorld 2007 é hilária em alguns pontos atualmente. Os espectadores se espantam e admiram, por exemplo, quando Jobs passa o dedo pela tela para desbloquear o telefone - como é em todos atualmente. O mesmo ocorre quando o cofundador da Apple desliza pela tela para ver a lista de músicas.

Quando Steve Jobs mexe na galeria, então, o espanto foi geral. Primeiro, quando ele simplesmente gira o celular para mostrar a foto em modo retrato ou paisagem - e ela simplesmente se adequa à tela. Surpresa maior só quando os dedos são usados em formato de pinça para dar zoom na imagem. Quem diria, né?

CEO da Apple, Steve Jobs, apresenta o Apple iPhone (9/1/2007) - AP - AP
Steve Jobs apresenta o primeiro iPhone ao mundo
Imagem: AP

Pensando com a mente atual, os espantos do público com coisas banais parece incrível. Mas, se você tem mais de 15 anos, tente lembrar como eram os "smartphones" antes do iPhone. Pois é, a perplexidade de todos com o que foi apresentado era bastante justificável.

Jobs até tirou sarro de rivais

Na apresentação, o ex-CEO da Apple ainda tira sarro de celulares da época. Alguns deles já eram chamados de "smart", mas Jobs cita que parecem bebês em comparação com a capacidade do iPhone. No fim das contas, estava certo.

Houve espaço para brincadeira com teclados físicos e botões físicos ("se você tem uma ideia brilhante daqui a seis meses, não tem como mudar", disse Jobs). Até a caneta Stylus foi ironizada ("quem quer uma?"). Para tristeza de Jobs, a Apple lançou nos últimos anos sua caneta própria para ser usada em iPads.

John Mariano, foi o da primeiro da fila para comprar seu iPhone, aparelho da Apple, em Los Angeles, Califórnia, EUA, em 29 de junho de 2007 - AFP/Robyn Beck - AFP/Robyn Beck
John Mariano, foi o da primeiro da fila para comprar seu iPhone, aparelho da Apple, em Los Angeles, Califórnia, EUA, em 29 de junho de 2007
Imagem: AFP/Robyn Beck
O curioso é que o primeiro iPhone teve exaltações à parceria com o Google para o aplicativo (na época chamado só de "widget") de mapas e para buscas. Até o CEO do Google na época, Eric Schmidt, subiu ao palco. Ironicamente, a empresa criaria mais tarde o Android, que se tornou o grande rival do sistema operacional do iPhone.

E olha que durante a conferência Jobs exaltou, para delírio da plateia, que havia patenteado a tecnologia de multitouch. Não adiantou muito e todos os celulares futuros passaram a ser no molde do iPhone - mas isso rendeu processos milionários de violações de patentes, como o movido pela Apple contra a Samsung.

Filas, elogios e críticas desde o primeiro dia

Sabe essas filas com pessoas acampadas em frente das lojas para conseguir um iPhone? Já existia desde o primeiro lançamento, há dez anos. Um texto do UOL Tecnologia da época citava que "a antecipação quanto ao novo celular atingiu níveis que costumam ser reservados ao lançamento de novos discos de superastros do rock ou de novos consoles de videogame".

Da mesma forma, havia filas de pessoas acampadas em frente a lojas da Apple para conseguir testar o primeiro celular. Os pouco testados até então, contudo, não ficaram imunes a críticas.

Franceses fazem fila para comprar o iPhone, tocador multimídia e celular da Apple, em frente a loja parisiense, em 28 de novembro de 2007 - AP Photo/Remy de la Mauviniere - AP Photo/Remy de la Mauviniere
Franceses fazem fila para comprar o iPhone em Paris
Imagem: AP Photo/Remy de la Mauviniere

Na época, jornalistas citaram que "o iPhone é incrível" e merece a atenção recebida, mas "não é perfeito". Entre os defeitos, são citadas a falta de um cartão de memória (a Apple se recusa a colocar até hoje, ao contrário das concorrentes) e o fato de não ter conexão móvel 3G - ele era apenas 2G e isso tornava a conexão móvel bem lenta.

Com críticas ou não, o iPhone rapidamente revolucionou o mundo e transformou a vida digital - o ambiente móvel cada vez mais obteve avanços e ganhou campo em relação ao desktop. Para a Apple, foi o gatilho final para tirar a companhia de nichos e ficar na boca do povo com produtos de bens de consumo - algo que já havia sido iniciado com o também revolucionário iPod.