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Cofundador da Apple segue odiando Windows, mas compra Androids

Steve Wozniak segue não gostando de Windows e agora faz palestras pelo mundo - AP Photo/Luca Bruno
Steve Wozniak segue não gostando de Windows e agora faz palestras pelo mundo Imagem: AP Photo/Luca Bruno

Gabriel Francisco Ribeiro

Do UOL, em Porto Alegre

09/07/2017 04h00

Se você pensa que um cofundador da Apple passa longe de um smartphone com Android, está enganado. Steve Wozniak, que ajudou a fundar a empresa da maçã ao lado de Steve Jobs, afirmou, durante palestra em Porto Alegre realizada pelo UOL Edtech e pela PUC-RS, que compra os mais variados tipos de celulares da plataforma do Google – apesar de seu principal aparelho ser o iPhone 7, claro. 

“O iPhone é meu principal celular, mas compro vários telefones com Android, e eu os chamo de a-Phones. Compro para ver as tecnologias, ver o que as pessoas pelo mundo estão fazendo. Também uso diferentes operadoras. Só consigo analisar um produto quando sinto ele na mão. Assim sabemos o que é bom e o que é ruim”, diz Wozniak, que ainda mostrou ter mais simpatia pelos Androids do que pelo Windows.

“Eu nunca gostei dos computadores Windows. Não me importo com telefones Android, mas me incomodo com computadores com Windows até hoje em dia. Eles só foram melhorar um pouco recentemente”, afirmou o engenheiro, enquanto tentava explicar porque havia dito há pouco tempo que a “Apple estava virando uma Microsoft”. O contexto da época eram rumores de que a Apple estava produzindo software para carros autônomos.

Basicamente tanto o Android, do Google, quanto o Windows, da Microsoft, seguem o mesmo padrão: softwares que podem ser usados por várias companhias diferentes em seus dispositivos. O mesmo não ocorre com a Apple, que gosta de fabricar seu software e hardware em conjunto. Por essa razão, ele ficou ressabiado com os rumores de que a empresa que ajudou a fundar trabalharia em software para veículos.

Wozniak esteve no país para a abertura do curso de Pós-Graduação em Gestão, Empreendedorismo e Marketing, feito em parceria entre a PUC-RS e o UOL Edtech.

Um recado para os humanos sobre robôs

Steve Wozniak é daquelas pessoas que dispensa apresentações – e sua entrada como popstar com música e fumaça diz muito sobre isso. O ex-engenheiro foi o responsável por revolucionar o mundo com a criação de computadores pessoais. Ao fim da palestra, espectadores faziam fila em busca de um autógrafo – seja em uma sacola do evento ou em um legítimo Apple II – e para implorar pelo seu famoso cartão corporativo de metal.

Se ajudou a revolucionar a humanidade com computadores, Wozniak agora tem um recado para ficarmos por aqui a longo prazo e evitarmos uma revolta indigesta: temos de ser amigos dos robôs. O tema da singularidade tecnológica, hipótese na qual robôs criariam consciência e emoções em um crescimento desenfreado da inteligência artificial que poderia culminar até no poder de robôs sobre humanos, foi citado pelo engenheiro.

“O que vai acontecer? Não sabemos. Não conseguimos prever depois da singularidade. Eu acho que eles continuarão amigos de humanos e mesmo quando ficarem tão espertos continuarão a fazer coisas para nos ajudar. Vamos assegurar que eles sejam nossos amigos. Eles deveriam ser nossos amigos para sempre”, pede Wozniak.

Tecnologia deixou as pessoas mais felizes?

A análise sobre avanços tecnológicos também rendeu um momento mais sóbrio em que Wozniak, introspectivo, questionou como as mudanças tecnológicas impactaram nossas vidas. O cofundador da Apple relatou que sonhava em criar tecnologias para que as pessoas fossem mais felizes e trabalhassem menos, mas não vê isso acontecendo.

“Tecnologia sempre muda o mundo. Algumas vezes é bom, outras ruins. Sempre acreditei que com mais tecnologia ficaríamos mais felizes. Que não precisaríamos trabalhar mais do que quatro dias. E agora trabalharmos mais do que nunca. Estamos mais felizes? Não. Não acho que estamos mais felizes do que pessoas há centenas de anos”, citou Wozniak.

Em meio a esse tema, sobrou até uma crítica ao Facebook e ao Google por fazer publicidade em cima de dados das pessoas. Assim como um medo de que computadores fiquem tão espertos que deixe os humanos parados no tempo ou obsoletos.

“Tenho medo de que os computadores fiquem tão mais espertos que não façamos mais as coisas que fazemos agora. Também não gosto de assinar termos na internet e não saber o que os termos dizem. Você deveria ser dono dos seus próprios dados. Facebook e Google fazem muita propaganda e não dividem nada com os usuários”, criticou.