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Carne enlatada e Monty Python: de onde veio a palavra "spam"?

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De Tilt, em São Paulo

21/08/2021 15h58Atualizada em 23/08/2021 10h13

Ninguém mais aguenta "spam". As mensagens indesejadas invariavelmente encontram um caminho para a nossa caixa de entrada e, ultimamente, até o nosso WhatsApp. Esse tipo de email existe desde as origens da internet, nos anos 1970 — até mesmo na época dos telegramas acontecia algo parecido. O que muitos não devem saber é a estranha —e, logicamente, bem nerd— origem do termo para este tipo de mensagem.

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Enlatado inglês

Lançado pela Hormel Foods Corporation em 1937 no Reino Unido, SPAM é um enlatado de carne de porco condimentada.

A origem da palavra em si não é de conhecimento público, mas as principais teorias é de que ela seja um acrônimo de "spiced ham", a sigla para "Specially Processed American Meat" (Carne Americana Especialmente Processada) ou para "Specially Processed Army Meat" (Carne para Exército Especialmente Processada).

A carne pode ser servida fria ou quente e foi a salvação de muita gente durante os dias da Segunda Guerra Mundial. Logo virou ingrediente de muitos pratos em restaurantes ingleses.

E é neste ponto que entra o Monty Python, um dos maiores e mais influentes grupos de comediantes de todos os tempos.

Em uma esquete da segunda temporada do programa "Monty Python's Flying Circus", exibido originalmente em 1970, um casal visita uma lanchonete e percebe que em praticamente todos os itens do cardápio há SPAM (e muito SPAM) —para desgosto da mulher.

Na lanchonete também estão vikings que adoram SPAM a ponto de cantar uma música especial sobre SPAM, nomeada apropriadamente, "The SPAM Song".

É sempre importante lembrar que, em seus primeiros dias, a internet era povoada quase exclusivamente por geeks, que além de tecnologia curtiam revistas em quadrinhos, filmes de ficção científica e, sim, Monty Python.

Nos anos 1980, algumas pessoas mandavam em grupos de chat várias mensagens com uma versão gigante da palavra "SPAM" criada usando arte ASCII, em referência ao canto dos vikings popularizado na esquete.

Pela velocidade extremamente lenta da conexão na época, esta imagem poderia demorar muito tempo para ser carregada.

Com a popularização da rede Usenet, mensagens repetitivas em vários canais diferentes começaram a surgir, bloqueando tópicos de interesse dos usuários. Possivelmente o primeiro a definir este tipo de coisa especificamente como "spam" foi o americano Joel Furr, em clara referência à piada do Monty Python.

Embora vários termos tenham existido para definir estas mensagens - "flooding" (inundações, em tradução livre) era outro particularmente popular - "spamming" começou a se tornar sinônimo com este fenômeno, e em 1998 o dicionário Oxford trouxe uma definição extra para a palavra: "mensagens irrelevantes e inapropriadas enviadas pela internet para grupos ou usuários".

Assim, "spam" deixou de significar apenas um tipo de enlatado vendido em poucos países fora do Reino Unido, e agora está mais associado a uma das coisas mais chatas da web.

E não, a Hormel Foods Corporation não ficou nem um pouco feliz com isso... embora, curiosamente, não seja contrária à esquete em si, considerando que deixou Eric Idle chamar o musical da Broadway baseado em "Monty Python e o Cálice Sagrado" de "Spamalot".