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'Academia da Apple' ensina processo para desenvolver apps; conheça

Estudante da UFPE participa de sessão de treinamento de "academia da Apple" - Divulgação
Estudante da UFPE participa de sessão de treinamento de "academia da Apple" Imagem: Divulgação

Guilherme Tagiaroli

Do UOL, em São Paulo

28/08/2017 14h13Atualizada em 28/08/2017 17h17

Criar um aplicativo é bem complicado. Não só pela parte técnica, mas por toda a complexidade que envolve a tarefa: para quem vai ser? como vou ganhar dinheiro com ele? como ele vai se diferenciar entre as mais de 2 milhões de opções? Essas são algumas das perguntas que a “academia da Apple” tenta responder junto com os participantes de seu programa de ensino para estudantes universitários.

No Brasil, a empresa de tecnologia atua junto com instituições de ensino para ministrar aulas num programa que eles chamam de Apple Developer Academy Brasil, um curso gratuito de duração de dois anos que passa do ensino de programação até detalhes para desenvolver um negócio. A ideia é tentar criar um tipo de educação empreendedora nos alunos.

Para tentar atingir tal objetivo, a companhia desenvolveu em método de ensino batizado de CBL (Challenge Based Learning — Aprendizado Baseado em Desafios, em tradução livre). “Fazemos os estudantes pensarem em problemas reais e trabalhamos em como eles podem resolvê-los usando a tecnologia”, afirma a Apple. 

Na prática

Funciona assim: são propostos problemas para os alunos, que são convidados a entendê-los de forma aprofundada. Na sequência são discutidas respostas para isso ou uma solução. Aí, após chegar a uma conclusão, são pensadas formas de viabilizar o projeto. 

“Propuseram a resolução de uma questão de saúde que importasse para as pessoas da sala”, afirmou a estudante de mídias digitais Beatriz Magalhães, 21, que participou do programa na PUC-Rio. “Como tenho diabetes tipo 1 desde pequena, quis fazer algo relacionado. Então, bolamos um app chamado Diapets, que faz as crianças aprenderem brincando sobre o tratamento da doença.”

O curso consiste em aprender programação – no caso, a linguagem Swift (para desenvolvimento de apps para plataformas da Apple) --, “competências secundárias” (como fazer o marketing do app, como montar uma equipe) e a parte de negócio, que trata de ensinar como iniciar uma startup e os desafios envolvidos na tarefa, como registro de propriedade intelectual.

“O curso depende muito do aluno. Por exemplo, tem uma aula sobre como fazer um app bonito. Com a ajuda do professor, busquei saber como fazer com que a aplicação seja bonita e gaste menos memória”, explica Juliana Salgado, 25, que é formada em sistemas de informação pela PUC-Campinas, e que participou do programa educacional no Instituto Eldorado.

“Dá para contar nos dedos as aulas em que o professor ficava lá falando sozinho, enquanto todos escutávamos. Havia muita troca e dicas de onde ou como achar as informações necessárias para as soluções dos desafios”, afirmou Juliana ao comparar as aulas com a de escolas convencionais.

Juliana Salgado e um grupo de amigos, como projeto final do curso, criaram o app Talkative. Ele tem como objetivo ajudar pessoas com afasia (capacidade limitada de comunicação, causada por algum tipo de acidente) a se comunicarem.

Como faz para se inscrever

As inscrições para o programa ocorrem anualmente nas instituições credenciadas. O curso é gratuito e voltado para estudantes universitários. Eles são submetidos a uma prova, que envolve conhecimentos de lógica e programação. Por fim, há uma entrevista. O programa não é apenas para quem tem uma carreira de T.I. (Tecnologia da Informação). A Beatriz, que desenvolveu o Diapets, cursa mídias digitais e não tinha conhecimento prévio de programação. São também aceitos candidatos de diferentes áreas, como administração, marketing e design.

A carga horária é de 20 horas semanais. Então, a Apple oferece uma ajuda de custo para os alunos se manterem durante todo o programa de treinamento, que dura dois anos.

O Apple Developer Academy Brasil está disponível na PUC-RS, PUC-PR, PUC-Rio, UCB (Universidade Católica de Brasília), UFPE (Universidade Federal do Pernambuco), Instituto Eldorado (Campinas-SP), Senac, Mackenzie, Fucapi (Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica), em Manaus (AM) e IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará).

Histórico

Desde 2013, a Apple conta com programas educacionais no Brasil. Anteriormente, o curso era chamado de Bepid (Brazilian Education Program for iOS Development — Programa Educacional Brasileiro para Desenvolvimento iOS, em tradução livre). Neste tempo, mais de 1.600 já concluíram o programa de treinamento, resultando em 1.000 apps publicados e na criação de 53 startups.

Centro de desenvolvimento de apps da Apple, em Nápoles (Itália) - Divulgação - Divulgação
Centro de desenvolvimento de apps da Apple, em Nápoles (Itália)
Imagem: Divulgação

O Brasil é um dos poucos países que contam com “academias da Apple”. Recentemente, a empresa abriu um centro educacional próprio em Nápoles, na Itália. Em Bangalore, na Índia, há um App Accelerator — uma instituição de ensino com workshops para quem já sabe desenvolver e precisa melhorar ou entender melhor o ecossistema.