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Ex-executivo do Facebook diz que redes sociais ajudam a dividir a sociedade

Chamath Palihapitiya, ex-vice-presidente do Facebook - Reprodução/YouTube
Chamath Palihapitiya, ex-vice-presidente do Facebook Imagem: Reprodução/YouTube

Colaboração para o UOL

12/12/2017 10h00Atualizada em 04/07/2020 16h26

Por alguma razão, alguns ex-executivos do Facebook têm dito publicamente sobre os perigos que as redes sociais podem causar. O último a se pronunciar sobre foi Chamath Palihapitiya, que trabalhou na companhia como vice-presidente focado no aumento no número de usuários, durante palestra para estudantes em Stanford, na Califórnia (EUA). Para ele, as mídias sociais estão prejudicando a sociedade.

"Acho que nós criamos ferramentas que estão rasgando o tecido social de como a sociedade funciona", afirmou o ex-executivo, que trabalhou no Facebook entre 2007 e 2011. Ele ainda disse que se sente "tremendamente culpado" pelo crescimento da companhia.

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O argumento dele para criticar a rede e outras mídias sociais é parecido com o usado recentemente por Sean Parker, que foi o primeiro presidente do Facebook. Na ocasião, Parker disse que a plataforma explorava uma vulnerabilidade psicológica humana para ter êxito.

"Os loops de resposta rápida dirigidos para gerar dopamina em curto prazo que nós criamos estão destruindo a sociedade", disse ao citar o uso de interações como "curtir", e que isso ajuda a criar um ciclo de "recompensas" psicológicas.

Além disso, continua, este tipo de ação acaba incentivando a falta de cooperação, de conversas que visem aumentar a compreensão e de desinformação. "Isto não é um problema americano — não é sobre propagandas russas [supostamente usadas para influir nas eleições dos EUA]. É um problema global.'

Sobre este último item, o ex-executivo deu como exemplo um caso ocorrido na Índia, em que um rumor sobre sequestros espalhados por usuários do WhatsApp fez com que inocentes fossem linchados. Em 2014, no Brasil, houve um caso semelhante: uma mulher foi linchada após uma página do Facebook acusá-la de fazer magia negra com crianças.

"Este é o tipo de coisa com o qual estamos lidando. Agora imagine levar isso ao extremo, quando pessoas mal-intencionadas podem manipular as pessoas a fazerem o que elas querem", disse.

Ainda que tenha auxiliado no crescimento da rede, Palihapitiya crê que internamente as pessoas envolvidas poderiam imaginar nas consequências da rede, porém, naquele momento, nada daquilo foi feito com a intenção de provocar o mal.

Mesmo assim, o ex-executivo pontua que deve ter postado menos de dez vezes na rede, que seus filhos não estão autorizados a acessar a plataforma e aconselha as pessoas a usarem menos mídias sociais.

Atualmente, Palihapitiya é diretor-executivo da Social Capital, uma empresa que busca investir em startups que resolvam problemas reais e que "podem ser controlados", como o aquecimento global ou o combate ao diabetes.

Aparentemente, o Facebook está tentando tornar a rede um ambiente menos hostil. Mark Zuckerberg, cofundador e diretor-executivo da plataforma, chegou a pedir perdão em um post por ações da empresa que, eventualmente, chegaram a dividir as pessoas. De concreto, a empresa tem concentrado os esforços em criar comunidades para unir os usuários e "aproximar o mundo".

Para responder aos comentários do ex-executivo, o Facebook divulgou uma nota para veículos internacionais dizendo que a rede era bem diferente quando Palihapitiya estava por lá e que a companhia tem trabalhado muito para melhorar. No pronunciamento, é citado, inclusive, que a plataforma pode reduzir as margens de lucro para assegurar que os investimentos certos estão sendo feitos.

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