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Repressão do YouTube a anúncios deixa criadores sem trabalho

PewDiePie ofendeu espectadores e anunciantes com material antissemita - Reprodução
PewDiePie ofendeu espectadores e anunciantes com material antissemita Imagem: Reprodução

Lucas Shaw

Da Bloomberg

12/12/2017 09h45

A repressão do YouTube a materiais inapropriados está inadvertidamente privando alguns criadores de até 8% de suas receitas mensais, um revés para as próprias pessoas que ajudaram a transformar o site no ambiente mais popular da internet para assistir a vídeos.

A queda repentina na receita, efeito colateral da tentativa do YouTube de remover anúncios de vídeos ofensivos, fez com que alguns usuários que antes prosperavam no site deixassem de postar ou desertassem para concorrentes como o Twitch, da Amazon.com, segundo entrevistas com uma dezena de criadores e parceiros. O YouTube afirma que está trabalhando para acalmar os usuários, reconhecendo em comunicado que "foi um ano difícil para os criadores".

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O serviço de vídeos construiu um dos maiores negócios de mídia do mundo, com bilhões de dólares em receita anual, com base na oferta gratuita de vídeos de pessoas relativamente desconhecidas. O incentivo para os usuários é construir uma audiência e compartilhar os ganhos com publicidade à medida que essa audiência cresce. Mas alguns criadores estão reconsiderando a estratégia porque estão se beneficiando menos com essa relação simbiótica.

"Tive que mudar toda a minha vida", disse Joe Taylor, que opera um canal focado em motocicletas chamado JoeGo101. Os ganhos de Taylor caíram de US$ 6.000 por mês para cerca de US$ 1.000 por mês, valor insuficiente para que o criador de 37 anos pague suas contas. "Muita gente não pode postar muito porque está procurando emprego. Eles demitiram milhares de pessoas de uma vez só."

Seleção por algoritmo

O YouTube está eliminando propagandas de centenas de milhares de vídeos -- processo que chama de desmonetização -- após reportagens do "Wall Street Journal" e de outros veículos de comunicação revelarem a exibição de anúncios ao lado de materiais inapropriados. No início do ano, um dos canais mais populares do site, o PewDiePie, ofendeu espectadores e anunciantes com material antissemita.

O algoritmo desenvolvido pelo YouTube desde então para sinalizar vídeos inapropriados é efetivo, mas imperfeito, e além disso deixou passar vídeos inapropriados com crianças, gerando mais reações adversas. Em novembro, Mars, Adidas e Deutsche Bank avisaram que deixariam de anunciar no YouTube.

A desmonetização foi pensada para garantir a esses anunciantes que podiam voltar com segurança, mas o processo também abrangeu vídeos de todos os tipos que nunca deveriam ter sido envolvidos.

"Qualquer pessoa que tem um canal sério no YouTube viu uma porcentagem maior de vídeos desmonetizados e essa tendência não parece estar diminuindo", disse Marc Hustvedt, CEO da Above Average, empresa de mídia on-line de propriedade da produtora do "Saturday Night Live", a Broadway Video. "Os criadores individuais são os mais atingidos. As oscilações são enormes."

O YouTube atualizou suas diretrizes, publicou uma série de postagens de blog e informou aos usuários que podem carregar vídeos não listados para que sejam aprovados para anúncios antes de estarem visíveis ao público. A empresa também prometeu contratar 10.000 funcionários para solucionar a questão do conteúdo impróprio.

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