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A inteligência artificial vai tomar seu emprego? A realidade pode ser outra

Previsões apontam para surgimento de novas posições especializadas no mercado de trabalho e a combinação das inteligências humana e artificial. - Getty Images/iStockPhoto
Previsões apontam para surgimento de novas posições especializadas no mercado de trabalho e a combinação das inteligências humana e artificial. Imagem: Getty Images/iStockPhoto

Do UOL, em São Paulo

29/12/2017 04h00

Perder o emprego para máquinas, sejam computadores ou robôs em linhas de montagem, é uma realidade que afeta muita gente e levanta a questão: qual será o impacto das inteligências artificiais (IAs), cada vez mais avançadas, no mercado de trabalho?

Segundo a agência Gartner, firma de pesquisa e aconselhamento em tecnologia, a realidade pode ser menos sombria do que se imagina: até 2 milhões de novos postos de trabalho serão criados até 2025, por conta das IAs.

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O número de postos afetados vai variar de acordo com a indústria, diz a análise da Gartner. Até 2019, setores de saúde, governo e educação terão uma crescente demanda de empregos, enquanto a manufatura será atingida fortemente.

A partir de 2020, a criação de empregos relacionados às IAs passará por uma transformação positiva, aponta a agência, que compara o impacto ao de outros avanços tecnológicos do passado.

Período de transição

"Muitas inovações foram associadas a um período de transição de perda de emprego temporário, seguindo de recuperação", diz a vice-presidente de pesquisas da Gartner, Svetlana Sicular. "A transformação de negócios e a IA provavelmente seguirão essa rota".

A executiva diz que a inteligência artificial melhorará a produtividade de muitos empregos, eliminando milhões de posições de nível médio e baixo, mas criará milhões de novas posições de habilidades altamente qualificadas, gerenciamento e até a variedade de nível de entrada e baixa qualificação.

As previsões apontam para um cenário de integração entre inteligência artificial e operadores humanos.

Em 2022, um em cada cinco trabalhadores dependerá de uma IA para tarefas não rotineiras, afirma a agência de pesquisa, e não em tarefas altamente repetitivas. A aplicação de IA para um trabalho de menor rotina, que é mais variável, começará a render benefícios superiores. "É provável que a IA aplicada ao trabalho sirva para ajudar os seres humanos, ao invés de substituí-los".

Experiência com IA na SP Fashion Week - Divulgação - Divulgação
A Inteligência Artificial já é usada para criar novas experiências para o consumidor, como neste estande da São Paulo Fashion Week.
Imagem: Divulgação

"Usar a IA para gerar automaticamente um relatório semanal ou selecionar os cinco e-mails mais importantes do dia não tem o mesmo fator surpreendente de, digamos, curar uma doença séria", diz Craig Roth, da Gartner. "Por isso esses usos práticos e de curto prazo passam despercebidos".

Consumidores preferem humanos

Para a agência, até 2022 os varejistas tentarão substituir os associados de vendas por IAs, mas sem êxito. Funções como caixa e empregados operacionais, porém, serão interrompidas.

O varejo vai alavancar o uso de IA e robótica, usando automatização de processos inteligentes para identificar e otimizar atividades intensivas e repetitivas em lojas e centros de distribuição - atividades que hoje são realizadas por seres humanos.

Ainda assim, a pesquisa da Gartner mostra que muitos consumidores ainda preferem interagir com vendedores experientes (e humanos), principalmente me áreas especializadas como material de construção, farmácias e cosméticos.

"Os varejistas serão capazes de fazer economias trabalhistas, eliminando empregos altamente repetitivos e transacionais, mas precisarão reinvestir algumas dessas economias em treinamentos que possam melhorar a experiência do cliente", diz o diretor de pesquisa Robert Hetu.

"A IA poderá ser uma forma de aumentar as experiências dos clientes em vez de simplesmente remover humanos de todos os processos', conclui.

Em 2021, o aumento do uso de inteligência artificial pelas empresas vai gerar US$ 2,9 trilhões em valor comercial e recuperará 6,2 bilhões de horas de produtividade do trabalhador.