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Ar-condicionado portátil é útil, mas não faz milagres

Compacto e elegante, aparelhos da Evapolar prometem refrescar o calor em ambientes pequenos; será que realmente funcionam? - Rodrigo Lara/Gamehall
Compacto e elegante, aparelhos da Evapolar prometem refrescar o calor em ambientes pequenos; será que realmente funcionam? Imagem: Rodrigo Lara/Gamehall

Rodrigo Lara

Do Gamehall

10/01/2018 04h00Atualizada em 15/04/2021 13h00

Verão, altas temperaturas e um dilema: se a estação do ano anima quem está de férias, por outro lado ela pode ser um tormento para aqueles que têm que conviver com o calor em casa ou no trabalho. E há dias tão quentes que um simples ventilador não resolve o problema.

A solução, então, passa a ser comprar um ar-condicionado. O problema é que os aparelhos tradicionais são tudo, menos práticos: envolvem, dentre outras coisas, furar paredes e fazer uma instalação elétrica específica. Isso sai caro: algo em torno de R$ 1.500, considerando o aparelho e a instalação.

Por uma fração desse preço, porém, é possível adquirir o que é chamado de "ar-condicionado portátil". Provavelmente você já viu alguma propaganda da Evapolar em redes sociais. A empresa do Leste Europeu (o centro de pesquisa fica na Rússia e o escritório, no Chipre), que arrecadou US$ 1 milhão em 2015 em uma campanha de financiamento coletivo, lançou dois produtos: o evaSMART e o evaLIGHT. E ele até refresca um tanto, mas chamá-lo de ar-condicionado é forçar um pouco a barra.

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A ideia dos dois é basicamente a mesma: um aparelho realmente portátil - ele tem formato de cubo, sendo que o evaLIGHT é menor, com cerca de 17 cm de lado, e o evaSMART, maior, com cerca de 20 cm de lado -, que consome pouca energia e é capaz de refrigerar pequenos ambientes.

Evapolar - cores - Rodrigo Lara/Gamehall - Rodrigo Lara/Gamehall
Bonito de ver: design minimalista é um dos principais atrativos do evaLIGHT, que possui iluminação variável em cores e intensidade
Imagem: Rodrigo Lara/Gamehall

UOL Tecnologia testou a versão mais simples da dupla, o evaLIGHT, e, de cara, um dos pontos que mais chamou a atenção foi o design do aparelho.

Com o acabamento na cor branca (há opção de preto e azul), ele se destaca pelo aspecto minimalista. O controle das funções fica no topo, por meio de um disco giratório e um display digital que também funciona como botão.

Ainda em termos de design, o tanque de água do produto é transparente e iluminado por LED, sendo possível escolher tanto a cor quanto a intensidade do brilho.

Ele não possui bateria e isso significa que é necessário ter uma tomada por perto ou, ainda, uma bateria portátil - ligado a um dispositivo desses com 5 mAh de capacidade, o evaLIGHT ficou ligado por cerca de 5h antes de acabar com a bateria.

E consome pouca energia, já que tem 10 W de potência, dez vezes menos do que um ar-condicionado tradicional.

A ficha técnica —além do tamanho, a principal diferença entre os aparelhos é que o evaSMART é mais tecnológico, com interface totalmente digital, possibilidade de controle via Wi-Fi e Alexa e uma potência ligeiramente maior— aponta outra diferença considerável em relação aos aparelhos mais comuns: a capacidade de refrigeração, que é de 1.200 BTU nos produtos da Evapolar, contra algo em torno de 10 mil BTU em um ar-condicionado de parede.

Ambos utilizam uma tecnologia que envolve refrigerar a água do tanque e vaporizá-la, o que, ao menos em tese, ajuda a baixar a temperatura de uma área. O efeito, segundo a Evapolar, depende também da umidade do ar: quanto mais úmido, menos eficiente o aparelho será.

Evapolar - display - Rodrigo Lara/Gamehall - Rodrigo Lara/Gamehall
Todas as funções do evaLIGHT são controladas mesclando cliques no display digital e girando o comando rotativo preto; na imagem, ele mostra a temperatura ambiente e a temperatura do ar soprado
Imagem: Rodrigo Lara/Gamehall

E aí, funciona?

A Evapolar é extremamente clara em todos os materiais descritivos envolvendo os seus aparelhos: eles foram criados para refrescar pequenos ambientes de até 3 m².

Sendo assim, UOL Tecnologia seguiu à risca essas indicações, mas também tentou levar o gadget um pouco além do seu limite.

Com o tanque preenchido, ligamos o aparelho a uma distância de pouco mais de 30 cm do corpo e, de cara, é possível notar que ele emite uma corrente de ar de temperatura inferior à do ambiente. É o suficiente para, por exemplo, refrescar mais do que um ventilador portátil - mas, claro, fica aquém de um ar-condicionado padrão.

Na hora de testar a climatização em um ambiente, escolhemos inicialmente um quarto um pouco maior do que o recomendado, com 6 m². O aparelho ficou ligado em potência máxima por 1h30 e o resultado ficou dentro do esperado: a temperatura, inicialmente de 26,7º C, caiu somente 0,1º C após o período.

Partimos então para um teste dentro das condições recomendadas pelo fabricante: um cômodo com pouco menos de 3 m². Aqui, o procedimento foi realizado de duas maneiras distintas: inicialmente com o cômodo em questão fechado e, em seguida, com ele aberto.

Evapolar - ambiente ideal - Rodrigo Lara/Gamehall - Rodrigo Lara/Gamehall
Esse é o uso ideal do evaLIGHT: o aparelho não dá conta de refrescar um ambiente por completo, mas próximo ao corpo causa uma boa sensação
Imagem: Rodrigo Lara/Gamehall

Com o cômodo fechado, o evaLIGHT causou um efeito oposto ao seu propósito: ele fez o local ficar mais abafado, partindo de uma temperatura de 26,8º C para 28,3º C. A razão para isso é que, ao vaporizar água, o aparelho aumenta a umidade do ar e acaba criando um ambiente no qual sua eficiência é reduzida.

Para tentarmos minimizar esse efeito, testamos novamente o produto, mas dessa vez com o cômodo em questão aberto. Após 1h30, a temperatura do local foi de 22º C para 22,5º C, com o vento gerado pelo aparelho sendo soprado a 20,4º C.

Ou seja: o produto passa longe de substituir um ar-condicionado convencional e, considerando o preço de US$ 180 da versão mais simples e o frete de mais US$ 57,54 (o que, somados, equivalem a cerca de R$ 770, descontando impostos alfandegários), acaba tendo um custo-benefício duvidoso.

Há ainda de se considerar que o filtro do aparelho tem vida útil limitada entre três e seis meses, de acordo com a intensidade do uso. Comprar um novo sai por US$ 30, com frete de US$ 35,25, pouco mais de R$ 210 - novamente, descontando os impostos.

Se a sua intenção é climatizar um ambiente e não ter um ventilador descolado - já que, direcionado para o corpo, ele realmente refresca -, a melhor opção ainda é adquirir um ar-condicionado tradicional. Em situações como viagens, como idas à praia ou acampamento, o evaLIGHT pode ser mais útil. A verdade, porém, é que não há milagres na hora de fugir do calor.