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Nova viagem do foguete de Elon Musk pode ser primeiro passo para Marte

O foguete Falcon Heavy, da SpaceX - Thom Baurs/Reuters
O foguete Falcon Heavy, da SpaceX Imagem: Thom Baurs/Reuters

Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

14/02/2018 10h55Atualizada em 14/02/2018 12h10

Você acompanhou as notícias sobre o recente lançamento do Falcon Heavy, foguete revolucionário da empresa SpaceX, que jogou um carro vermelho e um boneco de astronauta no espaço? Se aquilo te pareceu incrível ou bobo, não importa. Porque aquilo foi só o começo dos planos do bilionário Elon Musk para colonizar Marte. 

E como Musk age rápido, neste sábado (17) veremos mais um passo do seu plano megalomaníaco. Sim, sua empresa SpaceX já vai lançar de novo um foguete menor que o Heavy no espaço --no caso, o Falcon 9-- com um objetivo aparentemente desinteressante: lançamentos de satélites. Acompanhe o raciocínio.

A SpaceX diz que seu foguete Falcon 9 vai enviar ao espaço dois satélites experimentais: Microsat -2a e -2b. Há ainda um terceiro: Paz, um satélite de observação de radar do governo espanhol. O lançamento será neste sábado às 6:17 da manhã (12:17 no horário de Brasília) na Base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia (EUA). Mas o que isso tem a ver com Marte?

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Os Microsat -2a e -2b são satélites experimentais da própria SpaceX. Há anos Musk fala de um projeto seu chamado Starlink, com o objetivo de lançar milhares de satélites de baixa órbita que poderão fornecer internet de alta velocidade para pessoas de todo o mundo. Esses dois satélites significam que esse projeto finalmente está saindo do papel.

A FCC, entidade do governo que é a agência reguladora de comunicações dos EUA (como a Anatel no Brasil), concedeu à SpaceX uma licença em novembro para lançar estes satélites como parte de uma missão de teste.

Se a Starlink der certo, isso vai render mais dinheiro para ele, claro. E como colonizar Marte significa gastar muito, mas muito dinheiro, a renda que virá da Starlink nos próximos anos será usada para esse ambicioso fim.

A SpaceX espera que o seu serviço global de internet esteja funcionando até meados dos anos 2020, e assim começará a gerar receita para Musk chegar a Marte. E como ele fará isso? Com foguetes maiores, claro.

Elon Musk - Reuters - Reuters
Elon Musk
Imagem: Reuters

"Um foguete do cacete"

Pouca gente deve ter se dado conta de que o lançamento na semana passada do Falcon Heavy levando o boneco-astronauta Starman no carro chique de Elon Musk, um Tesla Roadster, era um pequeno teste para o bilionário ir mais longe.

Como foi noticiado, o Falcon Heavy é o foguete espacial mais poderoso do mundo em atividade. Com 70 metros de altura e capacidade de transportar mais de 66 toneladas, é algo que nenhuma agência governamental espacial de qualquer país, incluindo a Nasa, tenha conseguido criar. Mas a grande sacada dele não são as suas "especificações".

Cada lançamento do Falcon Heavy tem orçamento estimado em US$ 90 milhões (R$ 310,5 milhões). Parece muito, mas graças à recuperação e reutilização planejada dos lançadores, o foguete é três vezes mais barato que sua concorrente mais próxima --a United Launch Alliance, uma joint venture da Boeing com a Lockheed Martin.

Ao conseguir fazer dos foguetes especiais um negócio mais lucrativo, Musk tem como planos à frente um sucessor do Falcon Heavy. Algo tão poderoso que ele o chama de "BFR", sigla para "Big Fucking Rocket", ou um "foguete grande pra cacete".

E se o "BFR" tiver o mesmo sistema de reaproveitamento de partes do Falcon Heavy, ele será usado em transporte de carga ao espaço. Mas para pôr seres humanos ao espaço, ele disse: "Precisamos ser muito maiores do que isso." E o "BFR" é seu foguete que poderá, em tese, levar astronautas à Lua e transportar colonos para Marte.

De acordo com o SpaceX, o "BFR" poderá transportar uma carga útil de 150 toneladas. Isso supera qualquer foguete agora em produção, ultrapassando até mesmo as capacidades prometidas do vindouro SLS --sigla em inglês para Sistema de Lançamento Espacial-- da Nasa.

E se o "BFR" tiver o mesmo sistema de reaproveitamento de partes do Falcon Heavy, suas viagens deverão ser caras, mas viáveis --principalmente se a internet da banda larga do projeto Starlink vingar. Em contraste, o SLS da Nasa custará um US$ 1 bilhão por lançamento, de acordo com o ex-vice-administrador da Nasa, Lori Garver.

Elon Musk fará 47 anos em 2018. Se ele conseguir viabilizar o "BFR" em 10 a 20 anos, provavelmente ainda estará vivo para se vangloriar de ter levado os terráqueos para morar em outros planetas.

E será ainda mais rico que é hoje, porque provavelmente os primeiros ousados que quiserem morar em Marte serão outros bilionários que terão que pagar um bocado de dinheiro para isso. Quem viver, verá.

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AFP