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Trânsito no céu: "Uber" para viagens de helicóptero cresce 200% em SP

Do UOL, em São Paulo

17/02/2018 10h35

Desde seu lançamento em São Paulo, em abril de 2017, a empresa norte-americana de voos de helicóptero por aplicativo Voom cresceu mensalmente mais de 200% em viagens e 220% em novos usuários. São "centenas de voos por semana" na capital paulista, segundo a companhia, que não quis abrir os números.

O sucesso foi tanto que agora deixou o fundo de inovação A³, da Airbus, para integrar a Airbus Helicópteros, consolidando-se como uma nova empresa da gigante europeia de aviação. Procurada, a empresa não deu mais detalhes sobre os resultados, mas confirmou a demanda:

O transporte urbano terrestre e subterrâneo está atingindo seus limites e, naturalmente, a Airbus está buscando os céus para redefinir um terceiro eixo para soluções de transporte público

Matthieu Louvot, vice-presidente executivo de serviços aos clientes e suporte da Airbus Helicópteros.

Praticidade para ricos e apressados

O modelo, similar ao do Uber, permite solicitar um helicóptero com apenas uma hora de antecedência --basta o cliente dizer seu peso e o da sua bagagem para receber uma tarifa. Além de ser rápido para agendar, é bem mais barato que um táxi aéreo.

A praticidade de usar um aplicativo para voar por São Paulo é popular entre executivos.

Gustavo Boyde vive nos Estados Unidos e passa quatro dias em São Paulo a cada viagem de trabalho. Com pouco tempo disponível, gastar duas horas indo para o aeroporto é um luxo. "Por causa disso optei pelo helicóptero", diz, com a cidade literalmente aos seus pés. "O Voom entrou no meu orçamento de viagem, porque é fácil e econômico. (...) São duas horas que posso aproveitar para trabalhar, o que vale muito em prazos tão curtos como os meus".

"Quando meus amigos veem que vou de helicóptero brincam que eu fiquei rico, aí eu falo que é questão de 400-500 reais e eles ficam surpresos (...) Acho que quanto mais pessoas saibam o preço do serviço, ele vai crescer ainda mais", opina Lucas Amadeu, gerente de mercado que mora em São Paulo e que se tornou cliente do Voom pelo seu trabalho. Amadeu agora só vai de táxi para o aeroporto quando o mau tempo lhe impede de decolar.

A empresa quer mudar um pouco essa aura elitista e passar a competir com o táxi comum.

Nosso objetivo é que o transporte em helicóptero seja acessível para muito mais gente, que os helicópteros sejam vistos como mais uma opção

Uma Subramanian, diretora-executiva do Voom.

O Estado de São Paulo, com 44,8 milhões de habitantes (12 milhões deles na capital), tem a maior infraestrutura para helicópteros do mundo: são 528 heliportos, quase a metade dos 1.086 do país, e 700 helicópteros registrados (32,8% da frota nacional), segundo a Associação Nacional de Aviação Civil (Anac).

Na cidade de São Paulo, há 5,9 milhões de automóveis, um para cada duas pessoas. No horário de pico há entre 330 e 576 km de engarrafamentos. 

A Voom, que opera em oito helipontos e quinze rotas na região metropolitana da capital paulista, agora vai expandir a atuação no Brasil e, em breve, deve chegar à Cidade do México. (Com agências internacionais)