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Criador de modelo usado no caso Facebook pede "responsabilidade" com dados

Você já parou para pensar em como seus dados são usados na internet? - Getty Images
Você já parou para pensar em como seus dados são usados na internet? Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

23/03/2018 15h08

O pesquisador Michael Kosinsky, um dos criadores do modelo utilizado pela Cambridge Analytica no recente escândalo envolvendo roubo de dados de usuários do Facebook, pediu “responsabilidade” e “total controle dos usuários” sobre dados disponibilizados online. As declarações foram dadas em artigo escrito ao jornal Financial Times.

Kosinsky é um dos pesquisadores iniciais que mostraram por meio de um estudo que é possível inferir diversas informações psicológicas e demográficas dos usuários do Facebook a partir apenas das páginas aleatórias curtidas, como uma da Hello Kitty ou de batatas fritas encaracoladas.

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Mais tarde, um dos colegas de Kosinsky, chamado Aleksandr Kogan, juntou-se à empresa Cambridge Analytica. Por meio de uma autorização com fins acadêmicos, criou um app usado por 300 mil pessoas pagas e que entregaram junto os dados de 50 milhões de usuários. Tudo foi repassado à consultoria que trabalhava com Trump para direcionar marketing político altamente personalizado.

“Primeiro precisamos que usuários entendam quais dos seus dados estão por aí, como são usados e como podem ser usados. Em segundo lugar, precisamos que usuários tenham total controle sobre seus dados e decidam como possam ser usados para inferir coisas sobre você”, aponta Kosinsky.

Na opinião do pesquisador, é necessário criar políticas e ferramentas para minimizar os riscos associados ao big data. Para Kosinsky, esse excesso de informações pode ser usado de forma positiva ou negativa.

“Embora anúncios personalizados possam ser vistos como benéficos tanto para usuários quanto anunciantes, inclinar a balança de poder para o lado da indústria pode permitir manipulação de consumidores.

“Um usuário emocionalmente instável pode ser puxado a comprar um seguro desnecessário baseado em seu perfil psicológico. Prever alguns traços do usuário também pode ser perigoso para alguns indivíduos. Já é possível expor a orientação sexual de um usuário ou religião, comprometendo sua segurança”, aponta.

O especialista ainda afirma que o “Facebook é só o começo”. E conclui: com o big data, vêm grandes responsabilidades.