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Zuckerberg critica Apple e diz que consertar Facebook vai levar alguns anos

Do UOL*, em São Paulo

02/04/2018 12h04

Os problemas do Facebook levarão "alguns anos" para serem corrigidos, afirmou Mark Zuckerberg, fundador da rede social, sobre uma das piores crises já enfrentadas pela empresa. Segundo ele, as falhas que afetam a empresa no momento não podem ser solucionadas a curto prazo.

"Acho que vamos cavar esse buraco, mas vai demorar alguns anos. Eu gostaria de poder resolver todos esses problemas em três meses ou em seis meses, mas acho que a realidade é que resolver algumas dessas questões levará mais tempo", disse o CEO da empresa em entrevista ao site Vox.

A fala veio semanas depois que o escândalo envolvendo o uso indevido de dados de cerca de 50 milhões de pessoas como arma política estourou.

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Com a gravidade da crise, as ações do Facebook caíram cerca de 14% desde que as notícias surgiram, e Zuckerberg foi chamado para depor no Congresso dos EUA nas próximas semanas. Políticos do Reino Unido e da União Europeia também pediram que Zuckerberg explique como o Facebook protege a privacidade de seus 2 bilhões de usuários mensais.

Na entrevista ao site Vox, Zuckerberg defendeu o modelo de negócios do Facebook, que se baseia em publicidade, dizendo que ele não é incompatível com atender aos indivíduos. Ele argumenta que a construção de um serviço que conecte pessoas em todos os lugares deve estar disponível para todos, e nem todos poderiam pagar caso o serviço não fosse gratuito.

"Não acho que isso signifique que não nos importamos com as pessoas", disse Zuckerberg. "Eu acho que é o contrário."

Antes das revelações da Cambridge Analytica, o Facebook já estava sendo mais investigado, junto com outras empresas de rede social, por não reprimir a intromissão russa na eleição presidencial dos EUA de 2016. Zuckerberg disse que trabalhar em intervenções estrangeiras seria um "grande foco de agora em diante".

Este ano será um "grande ano para nós por causa das eleições em todo o mundo", disse ele, incluindo eleições legislativas nos EUA, na Índia, no Brasil, no México e outros lugares.

Críticas ao CEO da Apple

Zuckerberg também aproveitou a entrevista para rebater as críticas feitas por Tim Cook, CEO da Apple, que afirmou que a Apple tinha um modelo de negócios mais sólido voltado para seus usuários e não para anunciantes e, por isso, não tinha problemas com o uso indevido de dados de seus usuários.

Para Zuckerberg, a crítica do atual chefão da Apple foi "simplista" e "nem um pouco alinhada com a realidade".

"Se você quer construir um serviço que não esteja apenas servindo pessoas ricas, então você precisa ter algo que as pessoas possam pagar. E no Facebook, estamos diretamente no campo das empresas que trabalham duro para cobrar menos e fornecer um serviço gratuito que todos possam usar", afirmou.

"Acho que é importante que não tenhamos a síndrome de Estocolmo e que as empresas que trabalham arduamente para cobrar mais te convençam de que realmente se importam mais com você. Porque isso parece ridículo para mim", acrescentou.

Mesmo assumindo a gravidade dos problemas, Zuckerberg destacou durante a entrevista que o Facebook já estava investindo em mais segurança há pelo menos um ano e que a expectativa é que até o final de 2018 a rede social comece a se recuperar de alguns desses problemas.

*Com informações da Bloomberg.