Facebook teria ferramenta para prever e vender comportamentos de usuários
Um documento confidencial do Facebook recebido por um repórter do portal "The Intercept", e com conteúdo divulgado na sexta-feira (13) mostra que a empresa de Mark Zuckerberg teria em mãos uma tecnologia com "superpoderes" sobre dados de usuários ainda maiores do que os que já conhecemos após o escândalo da Cambridge Analytica.
O documento descreve um novo serviço de publicidade que em vez de oferecer aos anunciantes a capacidade de segmentar pessoas com base em dados demográficos e preferências do consumidor, o Facebook oferece a capacidade de orientar os anunciantes com base no futuro: em como os usuários vão se comportar, o que vão comprar, e o que vão pensar.
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Esses recursos viriam de um motor de previsão com tecnologia de inteligência artificial auto-aperfeiçoável, revelado pela primeira vez pelo Facebook em 2016 e apelidado de "FBLearner Flow". Funcionaria da seguinte forma:
- O Facebook pega dados pessoais de seus usuários
- O Facebook alimenta a ferramenta "FBLearner Flow" com esses dados
- A "FBLearner Flow" roda simulações para prever certos resultados, como o comportamentos de consumidores
- O Facebook pega os resultados da "FBLearner Flow" e agrupa pessoas que supostamente tenham comportamentos similares
- O Facebook dá às empresas a habilidade de atingir essa pessoas com anúncios que pretendam prevenir ou reforçar o comportamento previsto pela IA
O documento não detalha quais informações estão inclusas ou excluídas do mecanismo de previsão, mas mas faz menção a localização, informações do aparelho do usuário, redes wi-fi, uso de vídeo, afinidades e detalhes de amizades (incluindo quão similar um usuário é de seus amigos).
A reportagem ouve especialistas e levanta a possibilidade de que o sistema, se for real, possa ser usado para manipular usuários, influenciar eleições ou fortalecer negócios —estragos similares ao que a Cambridge Analytica realizou, ao usar conteúdo de 87 milhões de usuários em campanhas políticas como a de Donald Trump e o plebiscito "Brexit".
O Facebook enviou ao UOL Tecnologia um comunicado sobre o assunto confirmando o uso de aprendizado de máquina na publicidade —algo que já era de conhecimento público — mas não essa ferramenta apontada pelo "Intercept": "O Facebook, assim como outras plataformas de anúncios, utiliza o machine learning [aprendizado de máquina] para mostrar os anúncios certos para as pessoas certas. Não temos intenção de saber o que as pessoas pensam ou sentem, tampouco compartilhamos informações pessoais com anunciantes", diz o texto.
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