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Em 5 anos o celular não vai ser como você conhece, diz executivo do Google

Murilo Garavello

Do UOL, em Mountain View (EUA)*

09/05/2018 18h30

Brasileiro líder da área global de produtos do Google, Mário Queiroz tem uma previsão: é provável que daqui cinco ou dez anos o celular não seja mais da mesma forma como a gente conhece hoje em dia. Segundo o vice-presidente da gigante de tecnologia, nossos smartphones deverão passar por uma nova revolução a exemplo do que ocorreu há dez anos com o primeiro iPhone.

“Celular não era assim antes. Eu acho que é inevitável que em menos de dez anos ou talvez em menos de cinco o celular não tenha mais esse formato que tem hoje. Hoje você tem tudo nele: computador, saída de dados em uma caixa só. Acho que vai ser com voz, por exemplo. Ele foi inventado antes da tecnologia de reconhecimento de voz e isso pode mudar o formato dele”, prevê.

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A tecnologia de voz citada por Queiroz é usada por diversas marcas, como Apple (Siri) e Samsung (Bixby, ainda sem português). O Google tem o Google Assistente, presente na grande maioria dos smartphones com o sistema operacional Android. A companhia chegou inclusive a demonstrar a assistente fazendo ligações e tendo conversas quase humanas a pedido do usuário.

O futuro de certa forma próximo previsto por Queiroz envolverá ainda muita tecnologia que todos nós queremos ver se tornar realidade: por exemplo, uma tradução em tempo real entre pessoas conversando em diferentes idiomas – o próprio Google tem um fone de ouvido com essa capacidade, mas a tecnologia ainda não está perfeita e universal.

“Vai haver banda para isso com o 5G por meio da nuvem. Você vai poder assistir à TV de um país e escutar em seu próprio idioma”

E o computador? Continuaremos usando ele, segundo Queiroz. Mas novas tecnologias ao nosso redor seguirão mudando nossa interação com os equipamentos.

“Acho que estamos indo para um futuro onde você poderá ter diferentes formas de entrada e de saída do computador. Acho que sempre vai ter um computador ou alguns computadores porque você precisa dele para a inteligência. É bem possível que você entre nessa sala e não existam essas telas, que você projete diretamente na parede ou na mesa, que videoconferência seja algo que as quatro pessoas naquele lado na mesa estejam no Brasil, nós aqui e parece que é uma mesa só”, diz.

Novos produtos do Google

O Google tem já há algum tempo uma divisão de hardware para criar produtos além de software, mas a venda dos produtos ainda é restrita. No Brasil, por exemplo, só temos por enquanto a comercialização oficial do Chromecast, acessório para televisão que permite ver uma vasta quantidade de conteúdo digital e do celular transformando uma TV comum em smart.

Mas, fora do Brasil, a empresa já possui uma vasta gama de equipamentos: o celular Pixel está em sua segunda geração, existem roteadores, câmera com inteligência artificial, fones de ouvido, notebooks, roteador wi-fi e uma vasta linha para a casa inteligente sob o nome Nest, empresa adquirida pelo Google.

“É quase uma necessidade para o Google desenvolver hardware porque as experiências que queremos oferecer não conseguiremos só a partir do sistema operacional. Um exemplo é fotografia. Queremos oferecer um produto que tenha a melhor combinação possível dos serviços e experiências do Google. A câmera do Pixel está integrada diretamente com o Google Fotos”, explica Queiroz.

Não há prazo, contudo, para termos o lançamento do Pixel e outros produtos do Google no Brasil. Um dos empecilhos citados pela companhia é a necessidade de parte da produção ter que ser local.

“Temos uma lista de prioridades e queremos levar para o Brasil. Um dos problemas do Brasil, que não existe em outros países, é que precisamos fazer uma porcentagem da manufatura no Brasil. Isso é uma desvantagem para quem quer levar as coisas para o Brasil”, alega.