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Zuck: "Facebook não diz se é verdadeiro ou falso, para isso há checadores"

Zuckerberg foi sabatinado pelo Parlamento Europeu - AFP
Zuckerberg foi sabatinado pelo Parlamento Europeu Imagem: AFP

Bruna Souza Cruz e Gabriel Francisco Ribeiro

Do UOL, em São Paulo

22/05/2018 15h09

Mark Zuckerberg, chefe do Facebook, teve que encarar nesta terça (22) pela terceira vez uma sabatina com políticos. Um mês após falar no Congresso americano, desta vez foi ao Parlamento Europeu. Em meio a desculpas pelas falhas graves recentes da plataforma (como notícias falsas e roubos de dados), o executivo-chefe também teve que explicar a postura da rede social sobre liberdade de expressão.

O fundador do site foi questionado sobre o assunto principalmente por políticos de direita —entre eles, Nigel Farage, um dos homens por trás do Brexit, e Nicolas Bay, da Frente Nacional Francesa. Nos Estados Unidos, já havia respondido ao republicano Ted Cruz sobre a rede social supostamente diminuir o alcance ou bloquear conteúdos de páginas de direita.

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Zuckerberg então respondeu:

Não queremos estar na posição do Facebook dizer que o que é verdade ou falso. Por isso trabalhamos com checadores terceiros e somos abertos a [dizer] quem eles são

"Eles apontam o que é provavelmente falso e mostram conteúdos relacionados para as pessoas poderem ter uma visão mais ampla do assunto. Sabemos que temos muito mais a fazer sobre isso", disse.

Aqui no Brasil, agências de checagem de fatos foram alvo de ataques depois que o Facebook anunciou a parceria para conter a propagação de notícias falsas. Páginas de direita criticaram a ação e passaram a atacar os jornalistas envolvidos no processo, em ação criticada por organizações de defesa da imprensa.

"Plataforma para todas as ideias"

Zuckerberg também disse que pretende garantir a liberdade de expressão na plataforma, mas avisou: discurso de ódio, bullying e semelhantes não serão admitidos no site. Recentemente, ele já havia dito que é mais fácil uma inteligência artificial detectar mamilos do que discursos de ódio.

"Eu posso me comprometer com você aqui hoje que nós não tomamos e não vamos tomar decisões sobre qual conteúdo é permitido ou como fazemos ranking com base na orientação política", apontou:

Deixe-me ser claro: discurso de ódio, bullying e outros não têm espaço na nossa plataforma. Mas para atingir isso precisamos desenvolver nossos serviços. Temos habilidade para desenvolver IA e flagrar isso antes. Se você olhar para conteúdo de terrorismo, nossos sistema de IA podem flagrar 99% dos conteúdos

"É a sua 14ª ou 15ª desculpa"

Na audiência desta terça, Zuckerberg também encarou uma audiência mais preparada do que no Congresso norte-americano. Entre eles, Guy Verhofstadt, ex-primeiro-ministro da Bélgica, que foi bastante incisivo ao cobrar respostas sobre o monopólio do Facebook.

"Eu acho que essa é sua 14ª ou 15ª desculpa. Este ano você pediu desculpas três vezes. Você é capaz de arrumar isso? O único jeito que vejo de resolver é com regulamentações públicas", afirmou.

Mais uma vez, Zuckerberg se disse a favor da regulamentação "correta" e citou que o Facebook não é um monopólio —sem lembrar que a maioria dos principais aplicativos sociais do momento é da plataforma (Facebook, Messenger, Instagram e WhatsApp).

Nova lei na Europa

A audiência ocorreu às vésperas da entrada em vigor da GDPR, nova lei rigorosa de proteção de dados que passará a valer nesta sexta (25). Zuckerberg se mostrou comprometido com a legislação e apontou que a rede social já estará adequada para ela na sexta.

"Os princípios aqui são sobre controle, transparência e responsabilidade. Muitos questionaram quando vamos estar totalmente cumprindo a GDPR e esperamos estar na sexta (25), temos um time trabalhando nisso. Estamos oferecendo as regras em fluxos já há algum tempo. Vamos passar a requerer que passem por esses fluxos no dia 25 antes que usem nossos serviços. Tivemos bom feedback sobre como implementamos isso até aqui", explicou.

Zuckerberg, novamente, deixou a audiência sem responder algumas das perguntas dos parlamentares, afirmando que eram "específicas" e que sua equipe entraria em contato com eles. Isso incomodou alguns dos políticos presentes, que pressionaram Zuckerberg mesmo após seu discurso e com o tempo da reunião já estourado.