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A humanidade pode ser hackeada por aliens?

Uma mensagem vinda de outra planeta pode hackear a Terra - Getty Images/iStockphoto
Uma mensagem vinda de outra planeta pode hackear a Terra Imagem: Getty Images/iStockphoto

Gabriel Francisco Ribeiro

Do UOL, em São Paulo

24/06/2018 13h06

Imagine que estamos no ano de 2035 e uma mensagem alienígena é identificada por cientistas. A notícia corre mundialmente, enquanto especialistas de várias áreas e de vários países tentam decodificar a mensagem. E, quando conseguem, descobrem que um arquivo malicioso é executado em seus computadores e transmitido a outras partes do mundo, causando caos e interrupção das comunicações em todo o mundo.

Parece algo impossível? Não para os cientistas Michael Hippke e John Learned, astrofísicos do Observatório Sonneberg e da Universidade do Havaí, respectivamente.

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Em fevereiro, ambos publicaram um artigo acadêmico na plataforma ArXiv, que serve de arquivo para pré-publicações de artigos científicos que não foram publicados ainda por periódicos. Vale citar que o estudo, no estágio em que foi publicado em fevereiro, não foi revisado por outros colegas da área.

Como podemos ser hackeados

Atualmente, o grande questionamento da comunidade científica não é mais se a vida extraterrestre existe, mas sim “onde está a vida fora da Terra?”. Para isso, existem diferentes vertentes que buscam sinais de vida espaço afora, entre as bilhões de galáxias.

Duas dessas vertentes visam a inteligência extraterrestre. Uma delas envolve a tentativa de escutar sinais vindos do espaço, enquanto outra é o envio de sinais da Terra para o espaço. Há quem questione a segunda opção por envolver uma ameaça existencial: como não sabemos se os aliens que vão escutar ou responder a nossa mensagem são amigáveis, há uma chance de que estejamos convidando um predador interestelar para a nossa casa.

Mas os dois autores do estudo sugerem que simplesmente ouvir a mensagem pode ser tão perigoso quanto, como mostra reportagem do site norte-americano Motherboard sobre o estudo. O caráter da mensagem é o maior problema, na opinião dos pesquisadores.

Em um dos cenários, é apontado que a Terra pode receber uma mensagem ameaçadora com o seguinte tom: “nós vamos fazer seu Sol virar uma supernova amanhã”. Como não teremos meios de saber se o que está escrito é sério ou não, o pânico generalizado pode vir à tona.

E, é claro, podemos simplesmente ser hackeados. Os pesquisadores apontam que aliens podem mandar um código malicioso que se espalha pela internet para criar pânico, semelhante a ataques recentes feitos por humanos. Mas isso envolve uma polêmica.

Seth Shostak, astrônomo sênior do instituto SETI (que busca vida inteligente fora da Terra), argumentou para a NBC News que é improvável que um código alien seja automaticamente executado em um computador por causa da forma que os sinais são processados em observatórios. Ele ainda cita a possibilidade remota de aliens saberem que tipo de maquinário e tecnologia usamos, o sistema operacional e mais.

No início dos anos 2000, um pesquisador do SETI propôs que a decodificação de mensagens fosse feita por computadores isolados do resto da rede para evitar casos como os propostos pelo estudo. Michael Hippke e John Learned, no entanto, afirmam que isso seria insuficiente porque só seria eficaz se a mensagem fosse recebida em apenas um local – há uma boa chance de que vários observatórios e até astrônomos amadores com rádio captem a mensagem.

A curiosidade vencerá

São vários os cenários citados pelos astrônomos na pesquisa – alguns envolvem até a ajuda de inteligências artificiais para hackear humanos. Mas, mesmo com todos esse cenários apocalípticos, eles cravam que o risco é pequeno e vale a pena tentar decifrar a mensagem para tirar proveito do que podemos aprender. Ou seja: a curiosidade ganhará.

“Nosso argumento principal é que uma mensagem de uma inteligência extraterrestre não pode ser descontaminada com certeza. No geral, acreditamos que o risco é muito pequeno (mas não zero) e o benefício em potencial é muito grande, então nós fortemente encorajamos a ler a mensagem recebida”, escrevem.

Vamos só torcer para eles não estarem certos sobre o risco...