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Você está sendo avaliado! Facebook adota ranking de credibilidade de perfis

Gabriel Francisco Ribeiro

Do UOL, em São Paulo

21/08/2018 14h15Atualizada em 03/06/2020 23h08

O Facebook começou a elaborar um ranking de seus usuários para medir a credibilidade de cada um na rede social. Segundo o jornal norte-americano "The Washington Post", o site de Mark Zuckerberg está tentando prever a confiabilidade dos utilizadores em uma escala de 0 a 1.

A novidade, que mais parece ter saído da série Black Mirror, foi desenvolvida pelo Facebook ao longo do último ano. A estratégia da página é mais uma arma na tentativa de diminuir os problemas enfrentados pelo Facebook, que foi usado por russos e companhias de análise para influenciar eleições.

Em entrevista ao jornal, Tessa Lyons, a gerente de produto que comanda o combate do site à desinformação, afirmou que o ranking foi criado exatamente como parte do esforço contra notícias falsas.

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O Facebook, assim como outras empresas de tecnologia, historicamente confiou nas denúncias de usuários para encontrar conteúdos problemáticos. No entanto, quando mais opções foram dadas às pessoas, alguns usuários começaram a denunciar falsamente itens como inverídicos. Isso levou a rede social a uma nova mudança na guerra contra a desinformação.

"Não é incomum que uma pessoa nos diga que algo é falso simplesmente porque não concordam com a história ou porque estão intencionalmente tentando atingir um veículo em particular. Se as pessoas só reportassem o que é falso, o emprego seria muito fácil", apontou Lyons ao "The Washington Post".

Ainda segundo a funcionária do Facebook, a nota de zero a um não pretende ser um indicador absoluto da credibilidade de uma pessoa. Os usuários também não terão uma nota única assinalada a cada um - a nota será apenas uma medida entre milhares de "pistas comportamentais" que o Facebook agora leva em conta no site.

A rede social também passará a monitorar quais usuários têm uma propensão de denunciar conteúdo problemático dos outros e que veículos são considerados confiáveis pelos usuários. Não está claro, contudo, quais outros critérios a rede social levará em conta para determinar a nota de confiança dos usuários - não se sabe nem se todos têm uma nota ou como esse número será usado.

Ao mesmo tempo que visa ser uma arma contra as notícias falsas, a novidade traz preocupação por criar rankings de usuários e, possivelmente, poder punir quem considerar não ser confiável. Na teoria, contudo, se você não prega discurso de ódio ou espalha notícias falsas, não tem o que temer.

"Não saber como o Facebook está nos julgando é que nos deixa desconfortável", disse ao The Washington Post Claire Wardle, diretor da First Drafit, laboratório de pesquisa que foca no impacto da desinformação e que é um parceiro de checagem da rede social.

Mas a ironia é que eles não podem nos dizer como estão nos julgando - se o fizerem, os algoritmos que eles construídos passarão a ser manipulados

O histórico do uso de algoritmos para definir comportamento de usuários em redes sociais já é longo, mas normalmente focado em publicidade. Este novo recurso, agora, muda esses parâmetros ao tentar usar os algoritmos para saber quem pode ser confiável ou não.

Em nota oficial enviada após a publicação da reportagem do Washington Post, o Facebook diz que não tem "uma classificação geral de 'reputação' para as pessoas".

"A manchete do Washington Post é incorreta. O que estamos fazendo é: desenvolvemos um processo para proteger nossa comunidade de pessoas que denunciam de forma indiscriminada conteúdos como sendo falsos na tentativa de burlar as regras da plataforma. Fazemos isso para ter certeza de que nossa luta contra a desinformação seja mais efetiva".

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