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Se um dia encontrarmos alienígenas, agradeça à inteligência artificial

Radiotelescópios captam dados que são analisados por inteligência artificial  - Mujahid Safodien/AFP
Radiotelescópios captam dados que são analisados por inteligência artificial Imagem: Mujahid Safodien/AFP

Rodrigo Lara

Colaboração para o UOL Tecnologia

20/09/2018 04h00

A humanidade deverá contar com uma ajuda poderosa para resolver uma das suas principais questões: afinal, estamos sozinhos no espaço?

Ao menos é isso que um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, liderados pelo Ph.D. Gerry Zhang, aponta. A ajuda, no caso, seria a utilização de inteligência artificial para decodificar sinais de rádio captados por radiotelescópios​.

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Para tal, os pesquisadores treinaram um algoritmo para detectar as chamadas rajadas de rádio rápidas, que são pulsos fortes e curtos de energia emanados das profundezas do espaço. Elas poderiam indicar atividades de civilizações inteligentes alienígenas.

Uma vez treinado, esse algoritmo foi colocado para analisar cinco horas de atividade de rádio coletadas por radiotelescópios, que já havia sido analisada usando métodos convencionais. Para a surpresa dos pesquisadores, a inteligência artificial detectou 72 novas rajadas além daquelas que já haviam sido identificadas.

Outro ponto interessante é que essa inteligência artificial é capaz de aprender - o famoso aprendizado de máquina -, o que implica que ela tende a se tornar mais eficiente conforme for mais exposta a dados provenientes de radiotelescópios.

Agulha em palheiro

Não há consenso sobre o que essas rajadas de rádio, na prática, de fato são. Sua origem pode, sim, vir de alguma civilização alienígena, mas esses pulsos podem ser originários também de estrelas de nêutrons e buracos negros.

Essas rajadas duram apenas milissegundos e atualmente são detectadas utilizando algoritmos, uma vez que analisar manualmente dados do tipo seria um processo bastante demorado.

As ondas de rádio são captadas pelos chamados radiotelescópios, antenas gigantes apontadas para o céu que recebem esse tipo de radiação. A partir daí, há um complexo processo que visa transformar o material coletado em dados que, de fato, possam ser utilizados.

"Esse trabalho é empolgante não apenas porque ele nos ajuda a entender o comportamento dinâmico dessas rajadas rápidas de rádio em mais detalhes, mas também pela promessa que ele traz ao usar aprendizado de máquina para detectar sinais que os algoritmos tradicionais deixaram passar", afirma Andrew Siemion, diretor do Berkeley SETI Research Center (BSRC) - um centro de pesquisas e experimentos que busca transmissões ópticas e eletromagnéticas provenientes de civilizações extraterrestres inteligentes.

Já Zhang acredita que esse trabalho é apenas um primeiro passo no uso de recursos de inteligência artificial para esse fim. "Nós esperamos que o nosso sucesso possa inspirar outras pessoas a usarem o aprendizado de máquina na radioastronomia".

A pesquisa resultou em um artigo que foi aceito para publicação no The Astrophysical Journal, uma das principais publicações do gênero no mundo. Ele pode ser lido na íntegra em inglês.