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Robô da Amazon vai descobrir se você está doente só de ouvir sua voz

Helton Simões Gomes

Do UOL, em São Paulo

15/10/2018 15h00

A Alexa, assistente pessoal da Amazon, já ouve comandos de voz para executar tarefas como apagar a luz, tocar música, dizer se vai chover ou onde está a loja mais próxima para comprar pilhas.

Mas, se depender das novas tecnologias que estão em desenvolvimento, o robô inteligente da gigante do comércio eletrônico vai aprender coisas sobre você apenas analisando sua voz.

Na lista de detalhes a seu respeito que a Alexa será capaz de saber está:

  • Estado de saúde e se o usuário está doente ou não;
  • Estado emocional, como felicidade, alegria, tristeza, raiva, tédio ou medo;
  • Nível da voz do usuário, para averiguar se ele está dormindo ou chorando;
  • Entorno do usuário, o que levará em conta os sons em volta do usuário;
  • Sotaque do usuário ao falar outra língua, para identificar se é um chinês, indiano, americano, latino ou australiano.
  • Idade ou gênero do usuário.

A Alexa é uma assistente pessoal nos moldes da Siri, da Apple, ou do Google Assistente, do Google. Assim como seus colegas, o robô é a alma de diversos aparelhos, de alto-falantes inteligentes, telas interativas ou até displays de carros conectados.

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Todas as novas informações apuradas pela Alexa servirão para que a Amazon faça sugestões de serviços e produtos. Se o usuário tossir, por exemplo, a assistente pessoal poderá inferir que talvez ele esteja gripado e recomendar uma receita de canja de galinha ou ainda perguntar se ele quer comprar pastilhas para a garganta e já arranjar que a entrega seja feita em uma hora.

Se notar que há um ar de tédio na voz da pessoa, a Alexa poderá indicar um novo álbum de música ou ainda tentar contar uma piada. Detectar o sotaque do usuário ou quantos anos ele tem servirá para a Amazon limitar conteúdo por geolocalização ou conforme a idade.

Todas essas novas habilidades da Alexa foram descritas pela Amazon em uma nova patente, submetida na semana passada ao Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO, na sigla em inglês).

No documento, a empresa explica em termos gerais como isso funciona. Conforme interage com o usuário, a Alexa cria uma ideia de como ele se comporta em condições normais. Ao perceber que há alguma atitude fora do habitual – a tosse ou rouquidão, por exemplo –, a assistente determinará se isso significa alguma condição especial, como uma doença ou um determinado estado de espírito. Esse trabalho será feito por algoritmos específicos.

Esboço de como a Alexa, assistente pessoal da Amazon, vai entender se o usuário está doente apenas ouvindo a voz dele. - Reprodução/USPTO - Reprodução/USPTO
Imagem: Reprodução/USPTO

Para identificar sotaques de uma região, idade ou gênero, a Amazon aplicará modelos de inteligência artificial treinados caracterizar aspectos como esse.

A análise de elementos emocionais ou físicos presentes na voz será feita pela Alexa de forma combinada com o processo de entender o que o usuário está dizendo. Por isso, as sugestões da Alexa para alguém que diga “Estou com fome” podem variar, caso essa pessoa diga isso sem tropeços ou espirre no meio da frase.

“O questionamento seguinte pode ser uma resposta direta à colocação do usuário, como ‘Alexa, eu estou com forme’, ou ainda ser determinado com base nas condições físicas e emocionais dele”, descreve a Amazon, no documento.

O plano da empresa é implantar uma nova forma de vender anúncios. No meio das sugestões feitas pela Alexa, haveria propaganda paga e direcionada especificamente a pessoas em uma determinada condição ou interessadas em um dado serviço.

Como trata-se ainda de uma patente, a tecnologia pode não entrar em funcionamento. Isso, porém, parece improvável, pois a Alexa já está mudando sua forma de agir de acordo com o comportamento dos usuários. Em setembro, a Alexa passou a entender que se alguém estava sussurrando é porque gostaria de levar a conversa com um certo nível de discrição. Ao compreender isso, a resposta da assistente virtual também é feita em voz baixa.