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TSE faz oito sugestões para que mentiras sejam menos espalhadas no WhatsApp

Conselho de tribunal fez sugestões para minimizar impacto da desinformação na plataforma - Getty Images
Conselho de tribunal fez sugestões para minimizar impacto da desinformação na plataforma Imagem: Getty Images

Rodrigo Trindade

Do UOL, em São Paulo

18/10/2018 19h58

Possível vilão das eleições brasileiras, o WhatsApp recebeu sugestões relativamente simples que poderiam inibir a distribuição em massa da desinformação, também conhecida como "fake news", na plataforma. Em uma reunião que ocorreu na terça-feira (16), a empresa ouviu conselhos do Conselho Consultivo do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para a realização de oito mudanças para que o mensageiro funcione com mais transparência.

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Se ele vai acatar, é outra história. O WhatsApp enxergou as sugestões como positivas e, na Índia, já se mostrou disposto a colaborar com autoridades para dificultar a propagação do conteúdo mentiroso entre os mais de 200 milhões de usuários do aplicativo no país asiático. Das oito sugestões do TSE, três funcionam para usuários indianos do WhatsApp.

São elas:

  • redução da limitação de encaminhamento de mensagens, diminuindo de 20 (número usado no Brasil e resto do mundo) para cinco (usado apenas na Índia)
  • eliminação do botão de encaminhamento ao lado de mensagens de áudio ou vídeo
  • entrada de mecanismo de checagem de fatos no WhatsApp

O Blog Porta 23 detalhou as outras cinco sugestões do conselho do TSE, que listamos a seguir:

  • Limitar o número de grupos criados por um usuário único de 9.999 a 499
  • Limitar o número de grupos que um usuário pode participar - hoje não há limite
  • Incluir ferramentas que indiquem de antemão ao usuário que um conteúdo é considerado desinformação por mecanismos certificados
  • Trabalhar em conjunto com TSE, sociedade civil e meios de comunicação para desenvolver conscientização
  • Trabalhar com acadêmicos do país para aprender mais sobre a disseminação da desinformação.

Em contato com o UOL Tecnologia, o WhatsApp disse que a conversa com o conselho do TSE foi boa, mas não se comprometeu a realizar nenhuma alteração.

No momento, o Brasil é tratado como qualquer outro país, fora a Índia, que utiliza o serviço, com grupos com no máximo 256 membros e um limite de encaminhamento de mensagens a 20 contatos - indivíduos ou grupos. Ou seja, o número máximo de pessoas atingidas por uma mensagem encaminhada é 5.120 (encaminhamento a 20 grupos com 256 participantes). A média global é de seis membros por grupo, segundo o WhatsApp.

A empresa ainda afirmou que tem combatido a desinformação usando "tecnologias de ponta" para detectar comportamento de spam, além de analisar denúncias feitas por usuários.

    O WhatsApp tem proativamente banido centenas de milhares de contas durante o período das eleições brasileiras. Temos tecnologia de ponta para detecção de spam que identifica contas com comportamento anormal ou automatizado, para que não possam ser usadas para espalhar spam ou desinformação"

    Mudanças devem ser feitas logos

    Considerando que o segundo turno das eleições será daqui 10 dias, há urgência em uma ação da plataforma para combater a desinformação. Para Thiago Tavares, membro do Conselho Consultivo do TSE e presidente da ONG SaferNet, a conversa com o WhatsApp foi animadora.

    "A reunião foi produtiva e esclarecedora. O WhatsApp manifestou interesse e disposição em colaborar com o TSE. O documento que enviamos com as oito propostas foi bem recebido pelos participantes da reunião, então estamos na expectativa sobre quais propostas serão acatadas e quando serão implementadas", afirmou.

    Embora a percepção do presidente da SaferNet seja positiva, ele considera que providências devem ser tomadas o quanto antes, para "impedir outra avalanche de fake news no WhatsApp". Segundo a Folha de S.Paulo, empresas preparam uma operação grande de disparos em massa de mensagens contra o PT na próxima semana. Se adotadas as sugestões do TSE, os envios maciços de mensagens pelo WhatsApp se tornariam mais complicados, podendo atingir menos pessoas.

    O WhatsApp tem sido usado como uma ferramenta fundamental na campanha eleitoral de 2018, em especial por Jair Bolsonaro (PSL). O candidato, que lidera as pesquisas, já manifestou que quer que a restrição de encaminhamentos para 20 contatos seja revertida. Tal desejo é de difícil sustentação jurídica.

    Conversas criptografadas, bolhas e grupos, boatos enviados por amigos, planos de 3G: tudo isso transformou o WhatsApp no vilão da eleição

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