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Rivais tentam ganhar espaço da bitcoin após ataque de vírus WannaCry

18/05/2017 17h31

Por Jemima Kelly

LONDRES (Reuters) - A bitcoin tem sido o meio de pagamento preferido de hackers que desenvolveram o vírus WannaCry, ataque que atingiu mais de 300 mil computadores no mundo na semana passada, mas as moedas digitais que oferecem mais anonimato estão ameaçando superá-la.

Uma das principais razões para o domínio da bitcoin no submundo online, dizem especialistas em crimes digitais, é o valor total das bitcoins em circulação, mais que o dobro da mais próxima rival entre centenas de concorrentes.

Isso facilita para as vítimas pagarem os resgates exigidos, e o saque dos valores pelos hackers via trocas online para gastar o dinheiro no mundo físico.

Criada em 2008, a bitcoin foi a primeira moeda digital a usar a criptografia com sucesso para manter transações seguras e ocultas, dificultando ou inviabilizando a regulação financeira.

O dinheiro é enviado de uma carteira online para outra sem necessidade de um terceiro para validar ou limpar as transações.

No ataque WannaCry, os endereços de três carteiras anônimas bitcoin foram dadas às vítimas, com demanda de resgate de 300 dólares em bitcoins com a promessa de que as máquinas afetadas seriam liberadas, promessa que nenhuma evidência mostrou que foi cumprida.

Mas uma vez que a bitcoin funciona através da tecnologia blockchain, com registro compartilhado de todas as transações feitas, os pagamentos podem ser rastreados se os usuários não têm a sofisticação para tomar medidas adicionais para se protegerem usando ferramentas de anonimato.

Os endereços de bitcoin são anônimos, mas os usuários podem ser rastreados através de endereços IP ou analisando fluxos de dinheiro. Se usuários de bitcoin quiserem ficar totalmente anônimos, eles têm que passar por uma série de passos adicionais complexos para se certificarem de que não serão pegos.

Ainda não está claro qual nível de sofisticação dos hackers responsáveis pelo WannaCry uma vez que ainda nenhum valor foi movido para fora das três carteiras de bitcoin ligadas ao vírus. As carteiras receberam mais de 80 mil dólares em bitcoins até agora.

MONERO

Mais simples, talvez, seria os hackers terem usado moedas digitais de próxima geração que têm o anonimato como preocupação desde o início de seu desenvolvimento, como Monero, Dash e Z-Cash.

E, de fato, especialistas afirmaram no final da terça-feira que um vírus de computador que explora a mesma vulnerabilidade aproveitada pelo WannaCry, foi usado em infecções de mais de 200 mil computadores, que passaram a ser utilizados para mineração de Monero.

Mas com um valor total de cerca de 425 milhões de dólares, um pouco mais que 1 por cento do total de bitcoins, converter Moneros em moeda que pode ser gasta pode não ser tão simples. É por isso que o ataque que utilizou a Monero não exigiu resgate das máquinas infectadas, optando por usar os recursos computacionais delas para criar novas Moneros.

"Se a Monero for mais adotada e ser tão grande e líquida (quanto a bitcoin), isso significa que o crime vai parar de usar computadores para minerar e vai ingressar em extorsão", disse o presidente-executivo da Chainalysis, Jonathan Levin.