22/02/2008 - 10h42 O bom, o ruim e o feio do download de filmes
David Pogue Há dez dias, a Netflix anunciou que ia abandonar o HD DVD, a aposta da Toshiba na guerra de formatos de DVD de alta definição. Seis dias atrás, o Wal-Mart também deixou o HD DVD. Há dois dias, a Toshiba se rendeu, marcando o fim da guerra de formato mais sem sentido desde Betamax-VHS.
Nossa, se eles fazem encontros de happy-hour às sextas-feiras na Toshiba, o desta semana vai ser realmente deprimente.
Por que tantas empresas deixaram o HD DVD tão rápido? Intrigantemente, uma razão muito citada é porque está se aproximando a era do download de filmes por Internet.
A lógica é assim: enquanto houver uma guerra de formatos, os consumidores não vão comprar DVDs de tipo algum. Ao estabelecer um único formato -não importa qual- as indústrias de filmes e eletrônicos ao menos podem começar a explorar os últimos anos de vida do DVD.
Entretanto, a era do download de filmes está mais distante do que pensam os especialistas, por razões colossais:
Primeiro: baixar filmes requer conexões de Internet de alta velocidade —e apenas cerca de um quarto dos lares americanos as têm. Esse número não vai mudar muito em anos.
Segundo: os filmes baixados não incluem os comentários dos diretores, cenas deletadas, fins alternativos, trilhas alternativas e outros petiscos do DVD. Simplesmente não é uma experiência rica.
Terceiro: os downloads de filmes não têm a qualidade de áudio e vídeo dos discos de DVD —nem mesmo dos de definição padrão. Os filmes da Internet são comprimidos para serem baixados mais rapidamente, o que afeta a qualidade da imagem, e oferecem trilhas de áudio mais velhas e comprimidas que os DVDs modernos. (Vejam a impressionante comparação de qualidade de fotos
aqui.)
Finalmente, hoje, os serviços de download de filmes têm as digitais sebentas da política dos executivos dos estúdios de cinema —e, no que concerne os filmes digitais da nova era, essas pessoas não são, hum, conhecidas por sua visão.
Por exemplo, não importa qual serviço você escolha, você se verá enfrentando os mesmos limites ridículos e confusos para assistir os filmes. Você tem que começar a ver o filme que alugou em um prazo de 30 dias, e quando começar, tem que terminá-lo em 24 horas.
E onde está a lógica? Eles pegaram seu dinheiro, então porque se preocupam se você começar a ver o filme no 30º dia ou no 31º?
Depois tem o limite de 24 horas. Suponha que, em geral, você não comece um filme antes de 19h30, depois do jantar e do dever de casa. Se não conseguir assistir tudo naquele momento, talvez queira voltar a vê-lo às 19h30 do dia seguinte; nesta altura, o download terá se auto-destruído.
O que os estúdios perderiam se oferecessem um período de aluguel de 27 horas? Ou três dias? Ou mesmo uma semana? Nada. De fato, atrairiam milhões de outros consumidores. (No mínimo, em vez de se auto-deletar, o filme deveria dizer: "Você gostaria de outro período de 24horas por mais US$ 1?")
Depois, tem o fato de que, para proteger suas vacas de ouro, a maior parte dos estúdios não liberam seus filmes na Internet até um mês depois de estarem disponíveis em DVD.
Apesar dessas limitações, muitas empresas estão se arriscando na fronteira do download digital. Algumas enviam filmes para a tela do seu computador, o que nunca vai agradar a ninguém que não seja viciado em computador; virtualmente ninguém reúne a família em torno do velho Dell para uma noite de filmes.
Varias caixas, entretanto, levam os filmes diretamente para sua televisão, em geral por US$ 3 a US$ 5 cada (entre R$ 6 e R$ 10, aproximadamente). Aqui vvai a avaliação de alguns deles:
Apple TV Graças às atualizações de software gratuitas, a pequena caixa da Apple ganhou uma nova vida. Agora, conecta-se diretamente à loja do iTunes -sem precisar de computador. Os filmes são armazenados no disco rígido interno da Apple TV.
Filmes de definição padrão começam a ser exibidos alguns segundos depois de você os ter selecionado; você vê o início enquanto o resto está baixando. Filmes de alta definição demoram vários minutos para começarem a ser exibidos.
Em alguns anos, a Apple TV talvez seja a principal do ramo. A loja de filmes é divertida de navegar, a qualidade do filme é alta, e a rede sem fio é incluída, diferentemente de suas rivais. Você pode comprar episódios de qualquer uma de 650 séries de televisão (em geral US$ 2 por episódio, sem anúncios), que seus competidores nem podem tocar. Por fim, é claro, a Apple TV oferece muitas outras coisas; pode apresentar toda a música, filmes e fotos de seu Mac ou PC e tocar podcasts e vídeos da Web.
Entretanto, as prateleiras da loja da Apple TV parecem meio vazias. No momento, menos de 1.000 filmes estão disponíveis, e apenas 100 com alta definição. Compare com 90.000 títulos oferecidos pela Netflix em DVD e 900 em alta definição. (A Apple salienta que seu catálogo de música também começou minúsculo -200.000 músicas, comparadas com 6 milhões hoje.) Além disso, há alguns problemas tolos no software de estréia.
Preço: US$ 230, ou R$ 460
Gratificação instantânea: A
Seleção: D
Satisfação geral: B
TiVo/Amazon Unbox Esta é outra caixa cujo propósito original era algo diferente do download de filmes. Mas com sua carteira de vídeos crescente, a TiVo permite que a pessoa alugue ou compre filmes baixados do serviço Unbox, da Amazon.com.
Para isso, é preciso encomendar os filmes na Amazon.com usando um computador. Por um lado, é uma bênção, porque você pode digitar os títulos dos filmes com um teclado de verdade, em vez de brigar com os alfabetos na tela. Por outro lado, você não pode fazer toda a transação no sofá da sua sala.
A sessão não é instantânea, tampouco; em TiVos de alta definição, é preciso esperar pelo menos 10 minutos depois de encomendar o filme e, em modelos mais antigos, você tem que esperar o filme todo baixar (de uma a cinco horas). A seleção ainda é estreita: 3.200 filmes estão disponíveis para aluguel; 4.700 para compra. Nenhum tem alta definição.
Preço: US$ 100, ou R$ 200 ou mais, mais taxa mensal
Gratificação instantânea: B
Seleção: C
Satisfação geral: C
Xbox 360 Novamente, esta é uma caixa cujo serviço de filmes não é a atração principal (e sim os jogos). Neste caso, entretanto, o filme não é apenas secundário -está lá em baixo na lista.
Você tem que assistir ao filme em um prazo de 14 dias, não em 30. O controle remoto não controla o vídeo. Você paga usando um sistema confuso de "pontos" da Microsoft, que você deve comprar em quotas de US$ 5. E apesar de haver muitos programas de televisão disponíveis, há somente 300 filmes no catálogo, a metade em alta definição.
Preço: US$ 350, cerca de R$ 700, ou mais
Gratificação instantânea: A
Seleção: D
Satisfação geral: D
Vudu Esta caixa preta compacta vem cheia com os inícios de 5.000 filmes. Quando você aluga ou compra um, portanto, a sessão começa imediatamente. Cerca de 20 filmes novos chegam à caixa por semana, empurrando os mais antigos para fora do disco rígido de 250 Gigabytes.
Vudu é a única caixa dedicada a filmes. A interface é pura e limpa, a qualidade da imagem é superior, e o controle remoto tem apenas quatro botões (e ainda uma ótima roda).
Por outro lado, muitos desses 5.000 filmes são puros lixo, filmes feitos diretamente para o vídeo (alguém quer ver "San Franpsycho" hoje?) Os títulos da lista, aparecem e somem de forma confusa, de acordo com os contratos da Vudu com os estúdios. E você precisa de uma conexão bastante rápida; assinantes de DSL básico nem precisam tentar.
Preço: US$ 300, ou R$ 600
Gratificação instantânea: A
Seleção: B+
Satisfação geral: B+
Avaliação Competindo com o humilde DVD, as caixas para baixar filmes pela Internet saem-se mal no preço, seleção e flexibilidade de horário (ou seja, quanto tempo você tem para assistir). Sua única característica que arrasa os DVDs é a conveniência —você recebe o filme naquele instante.
Enquanto isso, outras fontes de gratificação instantânea estão emergindo. Por exemplo, a Comcast, maior fornecedora de televisão a cabo do país, oferece 1.000 filmes para alugar por mês, muitos deles de graça; até o final do ano, pretende aumentar esse número para 6.000 (metade em alta definição) —e você não precisa comprar uma caixa especial.
O ponto é que todo o ramo de filmes pela Internet ainda está em sua infância, confuso e hesitante; algum dia, olharemos para essa seleção limitada e serviços com prazos limitados e riremos.
Enquanto isso, parabéns para a Blu-ray, a vencedora na próxima geração de formato DVD. Claramente, os discos de prata continuarão sendo o método de distribuição de filmes por anos.
Tradução: Deborah Weinberg