Uma das inspirações do grupo é o trabalho da visionária artista israelense Neri Oxman, professora do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e ativista da moda sustentável. Ela ficou conhecida por divulgar as bases da chamada ecologia de materiais, que une design computacional, biologia sintética e fabricação digital via impressão 3D. A partir dessas técnicas ela produz de objetos de vidro a roupas feitas com uma única peça de tecido.
Segundo Gazziro, as novas roupas já estão sendo pensadas para materiais poliméricos bioluminescentes e biodegradáveis. Elas devem conter ainda estruturas de metais com memória, ou seja, que podem ser deformadas milhões de vezes e, com estímulos elétricos, retornam ao seu formato original.
Assim, essas roupas representarão uma revolução não só tecnológica, mas também ambiental --numa tentativa de reduzir drasticamente o uso de poliéster e fibra sintética, materiais mais comuns da indústria têxtil atual que demoram para se decompor e que, para serem produzidos em grande escala, exigem o consumo de milhões de barris de petróleo.
A demanda já existe e deve crescer exponencialmente com a popularização do consumo sustentável e vegano. Chips também servirão para reduzir o consumo e tornar o guarda-roupa cada vez mais minimalista.
A indústria já está de olho no avanço desses estudos, mas a pesquisadora lembra que são modelos que exigirão uma mudança de hábito profunda, o que sempre gera um período de rejeição e adaptação. Essa evolução passa inclusive pela análise de questões éticas --o monitoramento dos corpos não poderão substituir diagnósticos nem prescindir da medicina, por exemplo.
"O trabalho envolve vários estágios. Em cada etapa, temos metas e entregas bem direcionadas. Mas, nosso plano é para daqui a cinco anos", explica. Hoje, o principal desafio, claro, é desenvolver uma tecnologia nacional a custo acessível, mas também transformar essas em algo usável por qualquer pessoa, de crianças a idosos ou pessoas com dificuldades motoras.