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John McAfee é solto de prisão na Guatemala e é deportado para os EUA

John McAfee, fundador da empresa de antivírus de mesmo nome, é escoltado por agentes da imigração até o aeroporto da Cidade da Guatemala - William Gularte/Reuters
John McAfee, fundador da empresa de antivírus de mesmo nome, é escoltado por agentes da imigração até o aeroporto da Cidade da Guatemala Imagem: William Gularte/Reuters

Do UOL, em São Paulo

12/12/2012 19h36

O Governo da Guatemala informou nesta quarta-feira (12) que vai deportar o empresário John McAfee, fundador da empresa de antivírus que leva o mesmo nome, para os Estados Unidos. A polícia local informou que ele foi solto da prisão em que estava na Cidade da Guatemala, capital do país, e que iria para Miami (Florida).

McAfee foi preso há uma semana na Guatemala, após entrar no país ilegalmente. Ir para Guatemala, segundo ele, foi uma alternativa para fugir das autoridades “corruptas” do Belize (país da América Central em que ele vivia). O empresário norte-americano é procurado da polícia do Belize, por ser suspeito em um crime de assassinato do seu vizinho, achado morto no dia 12 de novembro.

John McAfee, 67, ficou quase um mês fugindo das autoridades do Belize junto com sua namorada. Ele, inclusive, mantinha um blog chamado “Who is McAfee” (Quem é McAfee) no qual ele se defendia das acusações do governo do Belize.

O empresário alega que está sendo perseguido pelas autoridades do Belize, após ele denunciar a prática de corrupção de alguns deles. Dean Barrow, primeiro-ministro do país da América Central, disse sobre o caso: “Eu não quer parecer grosseiro com este senhor, mas eu acredito que ele é extremamente paranoico”.

Após ficar rico com as vendas do antivírus McAfee, o empresário passou a viver a vida de forma excêntrica: fundando start-ups, voando em jatos em regiões selvagens e, mais recentemente, começou a estudar formas de criar remédios baseados em plantas de florestas do Belize.

Entenda o caso

O fundador da empresa de antivírus (que foi vendida para a Intel em 2010) fugiu no dia 11 de novembro, depois que seu vizinho Gregory Faull, 52, foi encontrado morto na ilha de Ambergris Caye, em Belize -- ele mora no local desde 2008. Faull foi morto com um tiro na cabeça e, ao lado do corpo, havia uma cápsula de revólver 9 mm.

McAfee escapou quando viu a polícia chegando a sua casa: ele teria se enterrado na areia, com uma caixa sobre a cabeça para poder respirar. "Foi extremamente desconfortável. Mas eles me matarão se me encontrarem", afirmou.

Segundo a revista "Wired", os dois vizinhos haviam entrado em conflito por causa dos cachorros que McAfee tinha em sua casa. Faull se queixava dos animais e fez uma reclamação formal na semana passada. McAfee diz que os cachorros foram envenenados na sexta-feira anterior à morte de seu vizinho.

O empresário afirma não acreditar que Faull tenha matado seus animais. McAfee culpa pelo suposto envenenamento as autoridades de Belize, com quem está em confronto há alguns meses. "Não é algo que ele [Faull] faria. Ele era uma pessoa brava, mas jamais machucaria um cachorro." Dessas acusações contra o governo vêm as afirmações das autoridades, de que o norte-americano seria maluco e paranoico.

McAfee afirmou estar preocupado, acreditando que quem matou Faull estaria na verdade atrás dele. "Eles se enganaram, entraram na casa errada. Ele está morto, matarem ele. Isso me assustou." Em entrevista por e-mail à agência de notícias Associated Press, McAfee escreveu: "Suspeito ou não, acho que o governo me quer fora de seu caminho. Muitas pessoas já morreram quando estavam sob custódia [preso por autoridades para averiguações] neste país, então não ficarei sob custódia deles".

Marco Vidal, responsável pela unidade de combate ao crime organizado de Belize, afirmou à revista "Wired" que McAfee é o "principal suspeito" do crime. Em abril, essa mesma unidade fez uma busca na casa de McAfee após acusá-lo de produção de metanfetamina e posse irregular de armas. As acusações foram retiradas, mas ele disse acreditar que o governo ainda está contra ele.

A morte dos cachorros, afirmou o empresário à "Wired", foi apenas mais uma tentativa de fazê-lo deixar o país (ele não explica o motivo pelo qual as autoridades belizenhas querem isso). "Você pode dizer que sou paranoico, mas eles vão me matar. Não há dúvidas. Há meses eles tentam me matar. Querem me silenciar. Não sou querido pelo primeiro ministro, sou uma pedra no caminho de todos."

(Com BBC)