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Psicólogo: usuário deve analisar qual uso fará do Facebook antes de entrar

Ana Ikeda

Do UOL, em São Paulo

23/01/2014 06h00

Antes de aderir à moda de ter um perfil no Facebook, o usuário deve (ou pelo menos deveria) avaliar qual é uso ele fará da rede – se pessoal ou profissional, por exemplo – e quanta informação ele está disposto a compartilhar. A afirmação é de Cristiano Nabuco, coordenador do grupo de dependência tecnológica do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas, em São Paulo (SP).

“A pessoa deve se perguntar: qual minha necessidade? É para ter contato com amigos antigos? Uso profissional?”, explica. Com isso em mente, o usuário pode definir melhor o seu comportamento no site, evitando misturar as várias áreas da vida e, principalmente, a superexposição.

Para Nabuco, sem essa definição clara em mente, muitas pessoas acabam “perdendo a mão” na hora de compartilhar informações na rede social, levando temas antes restritos a um pequeno rol de amigos a uma audiência bem maior -- composta por vários grupos de pessoas.

"Você perde a noção do quanto aquela informação, que antes você contava para dois ou três amigos, se torna irrelevante e desnecessária para um público mais amplo.”

Além disso, a superexposição pode acabar aliada à montagem de um perfil que não reflete a vida real do usuário. “O que você acaba vendo lá são caricaturas hipervalorizadas das pessoas. Ninguém é tão feliz, tão bem casado, tão sucedido”, afirma. 

Adeus ao Facebook

A hora de sair de uma rede social, segundo Nabuco, ocorre quando o acesso contínuo começa a causar desprazer. “A pessoa entra demais no perfil e fica contando quantos amigos deram ‘like’ no post, de meia e meia hora. Ela acaba ficando mais dependente da avaliação social. E quando ninguém curte aquilo, ela chega a voltar ao perfil e apaga o conteúdo”, exemplifica. 

A pessoa entra demais no perfil e fica contando quantos amigos deram 'like' no post, de meia e meia hora. Ela acaba ficando mais dependente da avaliação social

Cristiano Nabuco, coordenador do grupo de dependência tecnológica do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas

Por fim, Nabuco lembra que muitos dos desentendimentos causados por comentários e opiniões postadas ocorrem pela própria limitação da "ferramenta digital", que não dá as mesmas dicas que a comunicação não-verbal durante encontros presenciais. Portanto, é preciso levar em consideração, diz ele, que as relações na internet são “mais intensas” por natureza.

“Quando conversamos, damos sinais físicos e audíveis aos nosso interlocutor, para que ele vá acompanhando a conversa. Isso não ocorre na internet, o que leva a um exagero inconsciente daquilo que está postado."