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David Pogue: Como sobrevivi sem energia elétrica durante o furacão Sandy

David Pogue

07/11/2012 07h11

- Que soluções criativas e/ou aparelhos você está usando para lidar com os problemas causados pela tempestade Sandy?, perguntou Tucker Carlson pelo Twitter.

Os danos causados pelo furacão Sandy aqui na minha cidade de Connecticut foram extensos –belas árvores antigas estão caídas por toda parte, 85% dos nossos lares estão sem energia elétrica, e as autoridades estão dizendo que serão precisos pelo menos 10 dias para restauração do fornecimento– mas pelo menos nossas casas ainda estão em pé. Eu vi fotos de Nova York e Nova Jersey; de certo modo, nós tivemos sorte.

Mesmo assim, pelo Twitter, várias pessoas sugeriram que poderia ser interessante saber como um colunista de tecnologia se vira em um período de 10 dias sem eletricidade e Internet (sem contar aquecimento ou água quente).

A resposta curta é: basicamente como as outras sete milhões de pessoas que ficaram sem eletricidade por causa da tempestade. Você se vira.

Internet

Nossa cidade transformou a biblioteca pública e a prefeitura em locais para carregar aparelhos. A biblioteca também oferece Wi-Fi gratuito, apesar de eu ainda não ter me conectado lá; o local está sempre lotado e a rede fica inevitavelmente sobrecarregada.

Para Internet, portanto, eu estou usando a função de Internet do meu telefone. Meu notebook pode se conectar usando meu telefone como uma antena de Internet, um serviço pelo qual eu pago à Verizon US$ 20 a mais por mês. E pelo qual eu sou muito, muito grato no momento.

Ela é um pouco instável, eu admito. Ela frequentemente começa com supervelocidade (diz “LTE” na barra de menu); depois de cinco minutos, ela cai para “3G”; e depois de 10 minutos, ela cai para o pequeno “o”, o que significa uma velocidade excruciante de conexão discada, da era 1984. Se eu desligar o telefone e reiniciá-lo, a velocidade retorna.

Energia elétrica

O problema com o uso do telefone como Internet, é claro, é a necessidade de mantê-lo carregado.

Leitores mais antigos podem se lembrar de que, dois anos atrás, fortes vendavais me deixaram sem energia elétrica por seis dias durante um frígido mês de março. Quando comentei no blog a respeito, muitos comentaristas expressaram choque por eu, o sr. Tecnologia, não ter meu próprio gerador.

Bem, pode acreditar, depois daquela experiência eu sai e comprei um –o Homelite HG5000 (ele custou cerca de US$ 600 no Home Depot). Ele é um aparelho grande, pesado, ensurdecedor, fedorento e aparentemente perigoso. (“O uso de um gerador em recinto fechado ou em sua garagem MATARÁ VOCÊ EM MINUTOS”, diz uma placa de metal no topo.)

Você coloca gasolina, liga como se fosse um cortador de grama e pode plugar até seis aparelhos. Seu design é horrível. Apenas para ligar, você precisa desconectar tudo, ligar a válvula de combustível, puxar o cabo afogador, ligar a chave principal, acionar o motor de arranque, esperar alguns segundos, inserir de volta o cabo afogador e plugar de novo seus aparelhos. E tudo isso parece ser explicado em uma fonte tamanho 4 na página 41.922 do Livro de Alertas ao Proprietário; microscópio eletrônico vendido separadamente.

Mas eu o ligo algumas horas por dia, na esperança de salvar a comida no refrigerador e manter os notebooks e telefones carregados.

Entretanto, eu tenho dois aparelhos carregadores à mão que são bem menos fedidos. Um é o nPower PEG, “o primeiro carregador de energia cinética do mundo para aparelhos manuais”. Ele parece um pistão de plástico, com cerca de 30 centímetros de comprimento. Dentro há um peso, uma bobina de indução e uma bateria. Enquanto você caminha, seus movimentos carregam a bateria; então você pode carregar um aparelho USB como um celular ou um iPad.

  • nPower Peg é um carregador de energia cinética. Ao fazer movimentá-lo, uma bobina de indução dentro dele passa a carregar uma bateria interna, que vai armazenando a energia produzida

A empresa alerta que você precisa de bastante movimento para uma carga real. Você precisa caminhar por 26 minutos para fazer uma chamada de 1 minuto em uma rede de celular 3G. Pense em caminhadas pela natureza de três semanas, não sua caminhada diária até o trabalho.

Mesmo assim, eu tive uma ideia brilhante: eu pendurei essa coisa em uma árvore durante a violência noturna do furacão. Certamente, 12 horas balançando loucamente gerariam alguma carga.

Infelizmente, o primeiro passo quando você abre a caixa é carregar a bateria plenamente por uma conexão USB – e eu já estava sem luz àquela altura. Mesmo assim, eu pendurei a coisa na árvore, mas ela não carregou. Eu vou testá-lo de modo mais justo quando a energia voltar.

Eu tive mais sorte com o carregador solar Revolve XeMini para aparelhos USB (US$ 65). Ele tem aproximadamente o tamanho de dois maços de baralho, e é exatamente o que diz ser: uma bateria de apoio carregada pelo sol com dois conectores USB para recarregar seus aparelhos. (Você também pode plugá-lo diretamente na tomada ou no painel do carro para carregar sua bateria.) A empresa diz que uma carga dará a um smartphone aproximadamente 6,5 horas de conversa por telefone.

Tudo o que sei é que quando ficamos sem energia, nós conseguimos carregar dois telefones simultaneamente. As baterias dos telefones estavam aproximadamente 20% cheias e o XeMini os deixou com 50% de carga em duas horas. A empresa aponta que o XeMini é rotulado como “energia auxiliada por luz”, não como “carregador solar”, porque algo tão pequeno não pode oferecer uma carga plena. Mas mesmo assim fiquei contente por tê-lo.

Chuveiros

A Associação Cristã de Moços local geralmente abre suas portas ao público durante desastres naturais como este, mas desta vez, ela ficou sob 6 metros de água, de modo que permanecerá fechada por tempo indeterminado. Mas eu soube que a casa do melhor amigo do meu filho ainda tinha água quente, então consegui tomar banho.

Aquecimento

Essa é a maior inconveniência. Na noite passada estava abaixo de 5ºC e esfriaria ainda mais. Nós vestimos várias jaquetas e dormimos sob montes de cobertores. As escolas fecharam por toda a semana, é claro, então tento manter meus filhos ocupados com jogos, DVDs no notebook e passeios diários.

Nesta noite, vou levá-los para passar o fim de semana em Boston, onde um amigo querido nos ofereceu um quarto de hóspedes e eletricidade, aquecimento e água quente. Nós estamos empolgados. Às vezes, as tecnologias que o colunista e sua família mais anseiam têm mais de 100 anos de idade.