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Chega de cabos: home theater entra na era wireless (e não tem som de telefone sem fio)

Home theater da Aperion transmite som por alto-falantes sem fio e custa US$ 2.500 - Divulgação
Home theater da Aperion transmite som por alto-falantes sem fio e custa US$ 2.500 Imagem: Divulgação

DAVID POGUE || Do New York Times

08/07/2011 07h03

A tecnologia moderna é realmente ótima, mas ela ainda apresenta certos problemas. Basta perguntar a quem já tenha tentado instalar uma rede doméstica de computadores, enviar um vídeo por e-mail ou manter uma ligação telefônica ao dirigir pela autoestrada I-95.

Os fabricantes de home theaters adorariam que nós comprássemos alto-falantes de som surround, que transformam a experiência de assistir a filmes e ouvir música. Mas, como muitas esposas poderiam nos dizer, a instalação desses alto-falantes gera um problema: os cabos de cinco a sete alto-falantes serpenteiam pelo piso. Nós contamos com telefones sem fio, controles remotos e redes wireless. Por que não poderíamos ter também alto-falantes sem fio?

É claro que podemos. Eles estão disponíveis no mercado há anos. Mas pouca gente os compra. Ira Fagan, dona de uma companhia de instalação de home theaters de Fairfield, no Estado de Connecticut, explica a situação desta forma: “A menos que os seus alto-falantes sem fio custem US$ 10 mil, eles terão o som de um telefone sem fio”.

A Aperion Audio acha que já é hora de modificar essa situação. O seu novo Intimus 4T Summit Wireless 5.1 Home Theater Speaker System custa US$ 2.500, e segundo a empresa, é tão bom quanto alto-falantes com fio de preço semelhante.

(Isso pode parecer caro, especialmente ao consideramos que existem kits de som surround sendo vendidos na Best Buy a partir de US$ 180. Por outro lado, tem gente que paga US$ 10 mil por um par de alto-falantes de ponta. Na promoção).

Sete caixas

Quando o caminhão de entrega vai embora, a varanda da frente da sua casa está arqueada sob o peso de sete caixas: uma caixa preta transmissora do tamanho de uma caixa de charutos, um grande alto-falante retangular central que fica debaixo ou sobre a televisão; dois alto-falantes frontais altos e delgados, em formato de torre; dois pequenos alto-falantes de prateleira que ficam atrás ou do lado da área em que você se sentará; e um subwoofer, um grande cubo preto que emite sons de baixa frequência. O manual, o controle remoto e o suporte técnico (que fica nos Estados Unidos) são todos excelentes.

Alto-falante wireless

  • Divulgação

    Caixa preta transmissora é do tamanho de uma caixa de charutos, descreve o colunista David Pogue

Um conjunto de alto-falantes 7.1 – com mais dois alto-falantes surround que ficam atrás do sofá – custa US$ 3.000.

Você não precisa se preocupar com a possibilidade de que o belo acabamento na cor preto-piano seja arranhado durante o transporte; cada alto-falante é embalado em plástico, e depois colocado em uma sacola individual de seda fechada com cordéis, cercado de espuma de poliuretano e inserido em uma caixa de transporte. Onde está Houdine quando você precisa dele?

E a frase “o primeiro alto-falante sem fio com um som decente e de preço razoável” não é a única alegação ambiciosa feita pela Aperion. Os alto-falantes também se calibram sozinhos, o que significa uma economia de US$ 1.000 para o consumidor, que não precisa contratar um profissional para fazer a instalação.

Você os coloca em um arranjo no qual eles possam “ver” uns aos outros; nenhum alto-falante pode ser bloqueado por mobílias, vasos de plantas ou cães São Bernardo fazendo uma sesta.

O consumidor liga cada alto-falante em uma tomada de energia elétrica. Isso, é claro, é a grande mentira a respeito dos alto-falantes sem fio; eles ainda precisam de eletricidade. Até que alguém invente tomadas de energia sem fio, esses fios são os únicos que não podem ser eliminados dos alto-falantes.

A pequena caixa transmissora também funciona como um comutador de vídeo; ela acomoda a sua caixa de TV a cabo, aparelho de DVD, videogame ou qualquer coisa mais que você conectar às suas entradas (uma entrada de cabo coaxial, entradas analógicas estéreo e três HDMI). Em outras palavras, esse pequeno componente elimina a necessidade de um amplificador tradicional pesado e caro. Cada alto-falante traz o seu próprio amplificador embutido.

O próximo passo é tão divertido que você desejará repeti-lo várias vezes. Em um alto-falante, você pressiona o botão “Associate”. Com isso, os alto-falantes podem se comunicar entre si, trocando informações sobre a sua quantidade (cinco ou sete alto-falantes), distância e posições relativas. Essa informação é transmitida por meio de ondas sonoras ultrassônicas, de forma que ninguém será incomodado, a não ser os morcegos.

E isso é tudo. Agora os seus alto-falantes estão totalmente calibrados e ajustados, e o consumidor pode imergir em um delicioso som surround.

Para o seu truque final, o sistema da Aperion oferece um recurso de reposicionamento de melhor lugar instantâneo. Com os sistemas de som surround tradicionais, você precisa sempre se sentar no mesmo local para se beneficiar ao máximo do som dos alto-falantes. Cedo ou tarde você acabará fazendo um buraco de trinta centímetros de profundidade no sofá.

Truque espetacular

Mas com este equipamento você só precisa segurar o controle remoto Aperion próximo à sua cabeça e pressionar o botão “MyZone”. Isso transmitirá a sua localização aos alto-falantes. Em seis segundos, eles recalibram o “sweet spot” (o ponto em que é possível desfrutar da melhor qualidade de som), transferindo-o para o novo local em que a sua cabeça está situada. Este é um truque espetacular, e que de fato funciona; dá para ouvir a diferença imediatamente.

E agora, o momento pelo qual você estava esperando: e quanto à qualidade do som?

A companhia alega que esses alto-falantes substituem os alto-falantes com fio por meio de “uma ligação digital wireless não comprimida, em um padrão para audiófilos de 24-Bit/96 Khz”. Além do mais, eles oferecem “menos de 5ms de latência de ponta a ponta”. Cada alto-falante é “biamped com dois crossover ativos e DSP” e faz “decodificação de áudio DTSTM, Dolby TrueHD e HD”.

Porém, quem estiver acostumado a alto-falantes conectados à sua televisão, ou mesmo a um sistema de home-theater-in-a-box de US$ 500, achará a qualidade do som desse sistema fenomenal. Eu sem dúvida achei. Quando reproduzi a sequência da batalha de canhões de “Master and Commander”, eu acreditei que pedaços de reboco fossem começar a cair do teto.

No entanto, eu não sou um audiófilo. Eu não tenho aquelas proverbiais orelhas de ouro; as minhas são feitas basicamente de cartilagem.

Assim, para obter um júri mais sofisticado, eu procurei alguns audiófilos próximos por meio de um anúncio no Twitter. E eu os encontrei. Entre eles estavam Paul MacDougall, engenheiro de vídeo e audiófilo sério; Jason Jacoby, engenheiro de áudio e músico; e Tom Gallagher, audiófilo fanático, que tem “12 alto-falantes no carro”. Eles se juntaram a Fagan em um painel de jurados no estilo de American Idol.

Nós realmente colocamos o equipamento para funcionar. Tocamos todos os estilos de música. Assistimos a todos os tipos de DVDs e filmes, especialmente aqueles com muitos tiros, explosões e estampidos. Aumentamos o volume até que os passageiros de aviões que passavam sobre a área reclamaram.

MacDougall e Jacoby trouxeram até equipamentos profissionais (medidores do nível de pressão do som) de forma que nós pudéssemos testar a resposta de frequência dos alto-falantes. Essa resposta deveria ser horizontal. E ela foi notavelmente horizontal, pelo menos para alto-falantes de média fidelidade deste tipo.

De forma geral, o painel de especialistas ficou impressionado e intrigado. Fagan percebeu que os alto-falantes Aperion jamais distorceram os sons, mesmo em volume máximo. Mas eles não ficaram tão impressionados quanto eu com o sistema de autoconfiguração, e um deles chegou a chamar o sistema de sofisticação inútil.

Todos eles, entretanto, foram unânimes quanto a um ponto surpreendente: os alto-falantes Aperion apresentaram um som igual ou melhor do que os de sistemas de alto-falantes com fio na mesma faixa de preço – por exemplo, os da Sony, da Yamaha, da Boston Acoustics e da Bose.

Em outras palavras, o consumidor está recebendo a parte wireless de graça. E isso não leva sequer em conta o que se teria gastado com um receiver e uma pessoa para fazer a instalação.

Além do mais, a eliminação de cabos do alto-falante significa que o sinal continua sendo digital durante toda a sua trajetória até os woofers e tweeters. Ele jamais é convertido para um formato analógico para passar por fios, o que se constitui em um fator positivo a mais para a qualidade do som.

No entanto, o meu painel de especialistas afirmou que esses alto-falantes não têm a mesma qualidade de alto-falantes tradicionais de US$ 10 mil. “O quadro geral é bom, mas faltam alguns detalhes”, afirmou MacDougall.

E Jacoby observou que os audiófilos não gostam de sistemas fechados como esse, já que não é possível instalar um receiver diferente alguns anos depois, quando a tecnologia mudar, conforme é possível fazer com os componentes de um sistema tradicional (por outro lado, esse sistema já é atual: ele é capaz de reproduzir faixas de áudio dos mais recentes formatos como DTSTM e Dolby TrueHD, e a sua entrada HDMI 1.4 já é compatível com televisores 3-D).

O transmissor não possui entradas de vídeo analógicas, de forma que, para assistir a imagens de Nintendo Wii ou VCR, é necessário trocar as entradas no televisor ou no transmissor. E, certa vez, após 15 minutos de reprodução a todo volume, o subwoofer parou de funcionar, aparentemente por superaquecimento. Ele voltou a funcionar cinco minutos depois, e o problema não voltou a ocorrer.

A Aperion Intimus 4T Summit Wireless 5.1 Home Theater Speaker System pode ser o nome mais longo já visto em um equipamento de áudio, mas ele merece. Os alto-falantes são bonitos, têm um som fantástico, eliminam os fios, acabam com problemas de calibração, dispensam a utilização de um receiver e mantém o som equilibrado, mesmo quando você muda de lugar.