Após 20 anos, os fabricantes de câmeras digitais estão finalmente dando ao mundo aquilo que este realmente deseja: fotos espetaculares, de aparência profissional – tiradas com uma câmera pequena. Só existe um problema com esta nova categoria de máquinas fotográficas: ninguém sabe que nome dar a elas.
Olympus PEN EP-3 tem qualidade, mas custa caro
Elas são meio como as câmeras SLR's (single-lens reflex), já que contam com sensores grandes e lentes intercambiáveis. Mas elas são muito menores, como as câmeras compactas.
Deveríamos chamá-las de ILC's (sigla em inglês de câmeras compactas de lentes intercambiáveis)? MILC's (câmeras sem espelho de lentes intercambiáveis)? CSCs (sistema de câmera compacta)? Câmeras EVF (visor eletrônico, já que elas não têm visor de vidro)? Câmeras EVIL (visor eletrônico com lentes intercambiáveis)?
De qualquer maneira, duas novas câmeras, uma da Sony e a outra da Olympus, estabeleceram novos recordes em termos de velocidade e qualidade de fotografia.
A grande novidade quanto à nova ILC de ponta da Olympus, a PEN EP-3 (US$ 900, com lente zoom 3X) é a sua velocidade, especialmente na focalização de imagens. De fato, os testes com a Olympus demonstram que ela focaliza imagens mais rapidamente do que SLR's de verdade como a Canon Rebel e a Nikon D3100.
Bom, quem conhece equipamento fotográfico e leu o parágrafo acima provavelmente ficou surpreso a ponto de derramar o refrigerante que estava bebendo. Isso porque nós sabemos qual é a principal diferença entre essas câmeras micro-SLR e as câmeras de verdade: as micro-SLR's utilizam o mesmo sistema de foco lento que as câmeras de bolso (aquelas que perdem tantas oportunidades que ocorrem em frações de segundo). Portanto, dizer que a EP-3 focaliza mais rapidamente do que as câmeras profissionais seria como afirmar que a mais nova picape da Ford é mais econômica do que o Toyota Prius.
O usuário pode ligar essa câmera, focalizar e tirar a foto em menos de um segundo. O intervalo entre fotos foi reduzido pela metade. E, ao registrar as imagens no seu maravilhoso vídeo de alta definição 1080p, a câmera refocaliza de maneira suave, rápida e silenciosa, enquanto o usuário usa o zoom e faz tomadas panorâmicas, exatamente como em uma filmadora. Tal recurso é extremamente raro em câmeras fotográficas.
E o que mais o usuário obtém em troca dos salgados US$ 900? A câmera conta com um flash embutido, algo que não existe em muitos dos modelos micro-mini. Há uma lâmpada para foco automático que emite luz suficiente para que a câmera seja capaz de focalizar imagens em condições de baixa luminosidade. E há também uma brilhante tela de toque OLED. Ela permite que o usuário faça certas operações como dar dois toques para aproximar a imagem com um zoom durante a exibição de uma foto, dar um toque para indicar em que ponto deseja que a câmera focalize a imagem e até mesmo dar um toque para disparar o obturador.
O corpo da câmera é de metal sólido. Medindo 3,6 x 12,2 x 6,9 centímetros, esta máquina está mais para o bolso da jaqueta do que para o bolso da calça. O apoio de dedo na face anterior da máquina é removível, já que cada grama conta. Se o usuário achar a tela de toque muito complicada, ele ficará satisfeito com o fato de os controles físicos serem excelentes – entre eles há um seletor de modo de funcionamento, um cilindro de seleção na parte posterior, um controlador com cinco posições logo abaixo e um botão específico para ativar e interromper as gravações de vídeo. É possível personalizar quase tudo .
A EP-3 é uma câmera Micro Four Thirds. Esse formato foi desenvolvido em parceria pela Panasonic e pela Olympus com o objetivo precípuo de reduzir o tamanho das volumosas e pesadas SLR's por meio de uma série de truques tecnológicos.
O fato positivo quanto a esses modelos de câmera é a disponibilidade de uma ampla gama de lentes em cada categoria. A má notícia, porém, é o fato de elas utilizarem um sensor de tamanho menor do que o das SLR's de verdade. As câmeras Micro Four Thirds apresentam um ótimo desempenho em condições de alta luminosidade mas, quando a luz é escassa, elas não se saem nada bem.
Eu levei a PEN-3 para um desfile de moda. A sala era escura, mas a passarela estava bem iluminada – e, nessa condição de luminosidade precária, a PEN-3 partiu o meu coração. Todas as fotos tiradas apresentaram borrões provocados por movimento (a câmera estava imóvel, mas o diafragma teve que ficar aberto por mais tempo para que o sensor absorvesse luz suficiente). Ou, quando eu aumentei o ISO (sensibilidade à luz), as fotos apresentaram intensa granulação. O leitor pode ver as tristes amostras que acompanham este artigo no www.nytimes.com/personaltech.Sony.
A NEX-C3 é uma história diferente (US$ 650, com zoom 3X). Esta câmera é uma versão atualizada, aperfeiçoada e ainda menor das câmeras Sony NEX existentes, que segundo a companhia são as ILC's menores, mais leves e de maior sensor existentes no mercado. O aparelho, com uma estranha aparência de nanocâmera, tem as seguintes dimensões: 3,3 x 10,9 x 6,1 centímetros. Sem as lentes ela não é maior do que uma câmera de bolso de US$ 200. As lentes são na verdade mais altas do que o corpo da máquina, o que faz com que o conjunto tenha uma aparência estranha. Mas, acredite: você não se importará com isso.
Esta é uma câmera que produz fotos e vídeos de alta definição 720p de uma qualidade inacreditavelmente boa e em todas as ocasiões: nítidos, vívidos, gloriosos. Isso se deve sem dúvida às lentes excelentes e ao grande sensor. O sensor é de tamanho APS-C, o mesmo que equipa a maioria das SLR's. Ele é bem maior dos que os sensores Micro Four Thirds, de forma que apresenta um desempenho fantástico em condições de baixa luminosidade (isso é muito bom, já que o flash da Sony é uma peça separada que precisa ser colocada no topo da câmera quando necessário. Pelo menos ele vem junto com a câmera).
Assim como as suas predecessoras, a Sony conta com alguns recursos notáveis. A tela inclina-se para cima ou para baixo, o que faz com que seja mais fácil tirar fotos sobre a cabeça ou pouco acima do solo. Ela pode tirar até 5,5 fotos por segundo. A bateria aperfeiçoada deste modelo permite que se tire até 400 fotos com uma única carga.
É possível modificar o foco e o zoom enquanto se faz um vídeo – tal recurso é uma raridade. De fato, durante uma – e única – apresentação da peça “Les Misérables” na colônia de férias do meu filho, eu fiquei muito satisfeito ao descobrir que poderia também ajustar a exposição em meio à filmagem. Essa é a maneira perfeita de reduzir o brilho das faces excessivamente brancas que são típicas dos palcos iluminados por holofotes, sem que se tenha que interromper a filmagem.
Finalmente, façamos uma pausa para homenagear o modo de funcionamento Sweep Panorama, no qual o usuário movimenta a câmera em um arco horizontal ou vertical enquanto ela tira fotos sem parar. A seguir, a máquina une todas as tomadas e exibe uma foto panorâmica acabada com um ângulo de visão de 202 graus. Isso dá um novo significado ao termo “grande angular”, e é um recurso que mostra-se muito útil com grande frequência.
Portanto, a nova NEX-C3 é de fazer cair o queixo, e deixará o consumidor feliz.
Sony NEX-C3 é compacta, mas tem poucas lentes
No entanto, ela apresenta dois problemas.
Primeiro, só existem quatro lentes para essa câmera. O usuário pode comprar a máquina ou com uma lente 3X para situações diversas, ou, por US$ 50 a menos, com uma lente sem zoom de 16 milímetros. Há também uma lente zoom mais longa de 11X e, a partir de outubro, uma pequena lente macro (para objetos muito próximos).
Segundo, o problema da família NEX sempre esteve no seu sistema de menu. Só existem seis botões nesta câmera, de forma que o usuário terá que mergulhar em um emaranhado de menus de tela para fazer quase tudo, incluindo, por incrível que pareça, algo como a simples troca do modo de funcionamento (por exemplo, de automático para programado).
Nas antecessoras da C3, era necessários pressionar seis vezes um botão para fazer tal ajuste, e 11 vezes para mudar para o foco manual. Uma tarefa exaustiva.
Na C3, a Sony fez alguns pequenos progressos – por exemplo, é possível reprogramar vários dos botões para as funções mais utilizadas (embora as opções programadas não funcionem no modo de funcionamento automático). Mas trocar o modo de funcionamento nessa máquina ainda é muito complicado – por exemplo, ativar ou sair do modo Panorama é penoso.
A solução óbvia seria colocar um simples botão giratório de modo de funcionamento no topo da máquina, ou pelo menos inserir o botão central no controlador de cinco posições para ativar a lista de modos de funcionamento. Mas, na C3, a Sony cometeu uma idiotice ao fazer com que o botão central servisse exclusivamente para modificar modos de operação de pouca importância como Toy Camera, Posterization e Retro. Foi uma grande oportunidade perdida.
Pode valer também a pena mencionar que, embora as fotos da C3 tenham 16 megapixels, contra os 14 da sua antecessora, os seus vídeos têm uma definição de “apenas” 720p em vez de 1080p.
Mas fixarmo-nos nesses pequenos problemas seria como criticar uma aluna de segundo grau que ganhou o Prêmio Pulitzer simplesmente porque ela demora muito tempo para se vestir de manhã. Essa câmera é fantástica. Ao fazê-la, a Sony deve ter violado uma ou duas leis da física.
Quem quiser pode chamá-la de IRC, CSC ou EVIL. Quanto a mim, eu a estou chamando de FEMGQTC ( Façanha Enorme, um Marco na Guerra da Qualidade e Tamanho das Câmeras).