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23/04/2010 - 11h00

Donos de iPads no Brasil falam por que compraram o tablet – e se você deveria ter um

ANA IKEDA | Do UOL Tecnologia*
  • Divulgação

*Atualizado às 14h42

O que há em comum entre um estudante do Ensino Médio, um cirurgião dentista, um baterista, um servidor público e um publicitário? Todos eles já fazem parte de um grupo pequeno no Brasil, o de donos de um iPad.

O tablet da Apple é a novidade mais comentada do mundo da tecnologia desde o dia 3 de abril, quando os primeiros dispositivos chegaram às mãos de consumidores nos Estados Unidos. Mais de 500 mil unidades foram vendidas e não demorou muito para que algumas delas desembarcassem no Brasil, antes do lançamento oficial da Apple, que deve ocorrer apenas no segundo semestre.

Depois de duas semanas “fuçando” no iPad, os brasileiros entrevistados pelo UOL Tecnologia falam das suas primeiras impressões sobre o tablet – mas a avaliação geral é unânime: se trata de um dispositivo “sem igual”. Nem mesmo a falta de Flash e de recursos multitarefa, a impossibilidade de expansão de memória e de acesso à conta iTunes brasileira, a inexistência de uma webcam ou o preço salgado fez com que esses usuários desistissem da ideia de ter seu próprio iPad. E se você está pensando em comprar um, eles explicam em que casos seria recomendável comprá-lo e o porquê.

É bom lembrar que quem traz um iPad do exterior deve ficar atento ao pagamento dos impostos devidos na chegada à alfândega brasileira. A cota máxima estabelecida pela Receita Federal é de US$ 500 em compras no exterior. Para valores acima disso, é necessário declarar o excedente, além de pagar 50% do respectivo excesso como multa. Se não declarar e for pego em flagrante, o pagamento é de 100% sobre o valor excedente aos US$ 500.

"O iPad é para quem quer se divertir"

Diversão garantida
Henrique Porto é o caçula da lista dos donos de iPad. O estudante de 16 anos, morador de Cotia (SP), conseguiu o modelo Wi-Fi de 64GB (US$ 699) por uma coincidência de datas: no fim de semana do lançamento do iPad, acontecia a final do torneio de tênis Miami Masters, nos Estados Unidos. Seu pai, fã do esporte, já estava de viagem marcada para lá. Porto fez então a pré-reserva do iPad no site da Apple, que foi retirado pelo pai na loja americana.

Apesar da pouca idade, o estudante já declara ser mais um “applemaníaco”, paixão que começou com seu iPhone e que caminhou agora para o iPad. “O tablet é bem futurístico, a velocidade do processador impressiona", destaca. O adolescente, que esperou um ano pelo lançamento do tablet, conta que tinha pesquisado suas características e declara com entusiamo: "Para mim ele é perfeito”. Entre suas atividades prediletas, estão os jogos de corrida que “ficam muito mais legais com a tela grande e o acelerômetro interno” e a navegação na internet.

Para quem está pensando em comprar um iPad, Porto dá conselhos feito gente grande applemaníaca. “Se você está interessado em um dispositivo que o acompanhe em qualquer lugar, com funções básicas e simples de usar, o iPad é para você. O tablet foi feito para quem quer se divertir e relaxar. Ele é excelente do jeito que é, mesmo sem ser multitarefa. E depois da chegada do iPhone OS 4.0 [sistema operacional que torna multitarefas iPhones, iPods e iPads], ele vai ser sensacional”, prevê.

Tablet para trabalhar

Outro grande entusiasta do iPad é o cirurgião dentista Vinícius Marchiori, 39, de São Paulo, que comprou o iPad Wi-Fi de 16 GB (US$ 499) em viagem a Miami. Fã da Apple, recebeu o aviso de pré-venda do tablet no seu email @mac.com e fez a reserva on-line. 

  • "Levo o iPad também para dentro do laboratório de pesquisa", diz Marchiori, cirurgião dentista

Desde que está com o tablet em mãos, Marchiori só tem elogios. “É fantástico. Sincronizei ainda na loja da Apple em Miami e em poucos minutos todos meus arquivos, contatos, favoritos e preferências do Safari, que mantenho no meu disco virtual no Mac.com, estavam no iPad”.

Além de cirurgião dentista, Marchiori é especialista em Biologia Molecular e, como pesquisador da Unifesp, tem usado o tablet para trabalhar. “Já passei para o iPad todo banco de dados com as fichas dos meus pacientes. Estou usando os aplicativos do tablet para montar e depois apresentar aulas, com ajuda de um mini-projetor que comprei na viagem. Levo o iPad também para dentro do laboratório de pesquisa, para usar aplicativos da Apple Science, como calculadora científica para massa e densidade”, detalha.

Mas não é apenas no trabalho que Marchiori tem usado o tablet. “Quando você me ligou para a entrevista, eu estava no supermercado. Levei o iPad comigo e criei uma planilha para anotar os itens que estava comprando. No final do mês, vou ter os gráficos das minhas despesas." O pesquisador considera que a compra de um iPad para quem já tem Mac, "compensa pela compatibilidade de sistemas e arquivos" e, para quem nunca teve, "também, pelo mesmo motivo: compatibilidade com PC, basta instalar o iTunes".

Kindle perde a batalha
Morador de Brasília, Fábio Portela, 29, aproveitou a viagem da irmã aos Estados Unidos para encomendar um iPad Wi-Fi de 64 GB. Portela, que trabalha como servidor público, decidiu comprar o tablet porque já não estava muito satisfeito com seu Kindle, leitor de livros da Amazon.

Teste mostra como o iPad se sai no Brasil

“Leio muitos livros em inglês e as dificuldades de importação são enormes: o processo é demorado e você acaba pagando um valor muito alto pelo frete. Eu já tinha o Kindle, mas no Brasil é impossível acessar por meio dele a Wikipedia ou o e-mail. Além disso, ele não tem uma interface muito boa: os botões são lentos e a organização dos livros não é muito intuitiva”, reclama.

A maior preocupação de Portela era o brilho da tela do iPad, tido por muitos críticos de tecnologia como um fator negativo à leitura de e-books. “Fiquei surpreso, achei a experiência de leitura muito boa. O brilho da tela é facilmente ajustável e o peso dele é menor do que o de alguns livros. Achei melhor que o Kindle para ler e mais intuitivo”, comenta.

Sobre o preço salgado do iPad, ele rebate as críticas. “Há quem diga que é caro, mas eu penso o seguinte: tem quem pague R$ 400 por um daqueles porta-retratos digitais, que não servem para mais nada. Um Kindle custa em torno de R$ 950, com os impostos, e não serve para mais nada além de ler. Então, para quem é conectado e pretende ter um leitor eletrônico, acredito o iPad vai valer a pena. Quem compra um tablet não quer ter um computador idêntico ao seu desktop ou notebook, mas algo de acesso rápido, que basta ligar e abrir o aplicativo. E nisso o iPad é único”, explica.

Motivos “quase religiosos”
Não comprar um iPad causaria até um certo estranhamento, quando você é do tipo de macmaníaco que compra desde 1985 produtos da Apple e chegou até mesmo a ter um Newton (PDA com tela sensível ao toque, precursor dos palms e tablets atuais). É assim que o publicitário Jean Boechat, 37, de São Paulo, define sua opção em conseguir o tablet da Apple, no modelo Wi-Fi de 32GB (US$ 599), logo que ele saiu nos EUA. Ele foi trazido por um amigo jornalista, que participou do evento de lançamento.

  • “É uma experiência muito próxima a do iPod Touch e iPhone, só que com muito mais limão”, brinca Jean Boechat, de São Paulo

“Além dos motivos quase religiosos para mim, como macmaníaco, conhecer essas novas tecnologias é muito importante. Além disso, o iPad, iPhone e companhia chegaram para – de alguma forma – mudar o mundo”, opina Boechat.

O publicitário tem usado o iPad para ver vídeos, ler livros, navegar na internet, escrever – e garante que está se divertindo muito. “É uma experiência muito próxima a do iPod Touch e iPhone, só que com muito mais limão”, brinca.

Para aqueles que desejam se aventurar na compra de um tablet, Boechat alerta. “É preciso entender que o iPad não é um netbook. Não é um computador. É outra coisa. Uma coisa nova. Tente descobrir para que você teria um ‘treco’ desses, de forma objetiva e não tão passional. Ou não!”, ironiza.

O macmaníaco, agora habitué do mundo das telas sensíveis, revela que tem passado por situações engraçadas. “Eu já me peguei mais de uma vez tentando clicar na tela de um celular que não tem touch ou na tela do monitor dos computadores que eu uso. Estou começando a ficar mal acostumado”, confessa.

Mac ficou ''carente''
“Difícil seria não comprar um iPad”, resume Daniel Gordon, 39, baterista e produtor musical do Rio de Janeiro. Applemaníaco assumido, Gordon já tem Macs, um iPhone 3GS e agora trouxe à coleção um iPad Wi-Fi 32 GB, comprado em viagem à Nova York. “Estar lá, em plena Apple Store da 5ª Avenida, no dia do lançamento do iPad e comprar um foi uma experiência bem legal. E, é algo inédito para mim, mesmo fã da Apple, comprar algo em sua primeira versão”, revela.

Se computadores tivessem sentimentos, poderíamos dizer que o Mac do produtor musical estaria agora um tanto deprimido. “Uso o iPad para navegar na internet, ler e-mails, livros, revistas, PDFs, postar no Twitter, assistir a vídeos... quase tudo que eu costumo fazer no Mac, exceto mexer em programas [pesados] como o Logic Pro, por exemplo. Ando com o iPad no colo pela casa e tenho até passado menos tempo na frente do Mac”, conta.

O conselho de Gordon para quem quer um iPad é esperar que o tablet chegue oficialmente no Brasil. “Para usuários comuns, que não sejam heavy users de computadores, o iPad é ótimo. E estes usuários são a maioria. Mas o ideal é que eles esperem o tablet chegar aqui, por conta da garantia e assistência técnica [que no Brasil poderá não cobrir os tablets comprados fora do país], apesar do preço, que certamente será o maior do mundo”, arrisca o produtor musical.

Ainda não há informações sobre como funcionará a garantia no Brasil dos iPads comprados no exterior. Segundo a assessoria de imprensa da Apple, isso só será definido após o lançamento oficial do tablet no país. Vale lembrar que a garantia global de um ano da Apple vale para iPods e Macs, mas não é aplicável a iPhones, que devem ser levados à assistência técnica disponível no país em que o celular foi comprado originalmente.

 

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